Filhos de ovodoação são diferentes dos pais?

A imagem mostra uma família composta por três pessoas: dois adultos e um bebê. Os adultos parecem ser um homem e uma mulher. O homem, que está ajoelhado ou agachado, veste uma camisa jeans azul e tem barba. A mulher está sentada, usando um vestido laranja, e segura o bebê, que está vestindo um body branco. Ambos os adultos estão sorrindo e olhando para o bebê, demonstrando carinho e felicidade.

Sumário

Quando se fala em ovodoação, uma das preocupações mais comuns é se os filhos gerados por esse método serão diferentes dos pais. Essa questão surge porque o tratamento envolve doação de óvulos, o que significa que o bebê não terá o material genético da mãe receptora. 

Assim, o embrião que é formado por Fertilização in Vitro (FIV) vai carregar a genética da doadora do óvulo e do pai biológico ou, em alguns casos, do doador de sêmen. 

Neste texto, discutiremos as diferenças genéticas, as implicações emocionais entre pais e filhos gerados através de ovodoação, e a influência epigenética da mãe gestante.

Boa Leitura!

O que é ovodoação e como ela funciona? 

A ovodoação é um tratamento de reprodução assistida que beneficia principalmente mulheres que enfrentam dificuldades para engravidar com seus próprios óvulos.  Assim, essa técnica permite que mulheres com falência ovariana, menopausa precoce, que passaram por tratamento oncológicos, entre outros, realizem o sonho de ter filhos.

Além disso, a ovodoação é uma alternativa valiosa para casais com alterações genéticas, produções independentes e casais homoafetivos masculinos que desejam formar suas famílias. Nestes dois últimos casos, além da doação de gametas femininos, será necessário ainda contar com a ajuda de um útero solidário.

Mas como funciona a ovodoação? Nesse processo, uma mulher (doadora) cede seus óvulos para que outra (receptora) os utilize na tentativa de engravidar. Isso é possível através da Fertilização In Vitro , onde a fecundação do óvulo da doadora ocorre em laboratório, utilizando o espermatozoide do parceiro da receptora. O  embrião resultante é então transferido para o útero da receptora, onde será gestado.

Quais são os tipos de ovodoação?

A doação de óvulos é uma decisão solidária e altruísta que tem como objetivo ajudar outras pessoas a terem seus filhos. Nesse sentido, existem dois tipos de ovodoação:

Ovodoação altruísta

A ovodoação voluntária se dá quando a doação dos óvulos é feita por uma mulher fértil de até 34 anos com único objetivo de ajudar pessoas com dificuldades para ter filhos. Dessa forma, a doadora se submete a um processo de estimulação ovariana e coleta dos óvulos. 

Ovodoação intrafamiliar

A ovodoação intrafamiliar é um processo em que uma mulher doa seus óvulos para um familiar de até 4° grau parental que deseja engravidar e não pode usar seus próprios óvulos. Esse tipo de ovodoação proporciona a oportunidade de gerar um filho com óvulos geneticamente relacionados.

Ovodoação Compartilhada

A ovodoação compartilhada ocorre quando uma mulher, que está em tratamento de reprodução assistida, divide seus óvulos coletados com outra paciente que também passa pelo processo de FIV. Ou seja, a doadora utiliza parte dos seus óvulos e doa outra parte para a mulher receptora.

Nesse caso, além dos gametas, elas compartilham também os custos do tratamento. Vale ressaltar que tudo ocorre de forma anônima e por intermédio da clínica.

Semelhanças genéticas e epigenéticas entre pais e filhos de ovodoação 

Como sabemos,  o ser humano é formado por 46 cromossomos, sendo que 23 são herdados da mãe e 23 do pai.  Cada par de cromossomos é composto por vários genes que determinam as características do indivíduo como cor do olho, do cabelo, altura, entre outros. 

Assim, na fecundação do óvulo pelo espermatozóide, gametas que carregam os genes, as informações genéticas dos pais se unem para formar o novo ser.  

Já na ovodoação, os filhos recebem a carga genética da doadora do óvulo e do pai biológico ou,  dependendo do caso, do doador de esperma. Desta forma, as características físicas e predisposições genéticas da criança serão herdadas desses indivíduos, e a mãe receptora não contribui diretamente com seu DNA.

Entretanto, mesmo sem participação genética direta, a mãe receptora da ovodoação desempenha um papel crucial na formação do bebê através da epigenética.  Isto porque a epigenética envolve mudanças na expressão dos genes sem alterar a sequência do DNA, influenciadas por fatores ambientais e comportamentais durante a gestação

Nesse sentido, nem todos os genes herdados do pai e da mãe são ativados previamente, mas a epigenética mostra que  interações com o corpo da gestante  podem afetar a forma como os genes do embrião são expressos. Ou seja, fatores epigenéticos são capazes de influenciar a criança, resultando em semelhanças que vão além da genética pura.

Aspectos emocionais e sociais da ovodoação 

São muitos aspectos envolvidos em uma gravidez fruto de ovodoação. Nesse sentido,  além das questões genéticas e epigenéticas já abordadas, há  fatores emocionais e familiares igualmente importantes tanto para os pais quanto para os filhos.

Vale ressaltar que o vínculo afetivo entre a mãe receptora e seu bebê acontece como em qualquer gravidez, seja natural ou com ajuda da reprodução assistida. Assim,  a mãe receptora tem as  mesmas vivências emocionais e físicas da gravidez e o amor se fortalece independente se há ou não vínculo genético.  

Entretanto, para algumas pessoas a ovodoação pode representar desafios emocionais a serem trabalhados. Para isso, é importante contar com o apoio adequado que ajude a garantir o bem estar da família. 

Implicações emocionais para os pais

Para muitos pais, especialmente para a mãe receptora, o principal desafio emocional é aceitar a falta de conexão genética com o bebê. Entretanto, o vínculo e o apego afetivo são construídos desde a interação intrauterina, e seguem a partir do parto,  através dos cuidados diários.

Outro sentimento comum é a ansiedade sobre a saúde do bebê. Esta preocupação pode surgir devido a dúvidas sobre possíveis  influências genéticas da mulher que doou o óvulo.

Além disso, outra questão importante que envolve os pais de um filho gerado por ovodoação é se devem ou não contar à criança sobre como foi concebida

Na verdade, não existe um consenso sobre este tema.  Se por um lado alguns pais acham que é direito do filho saber sua origem genética, para outros não há necessidade de falar sobre o assunto.

De qualquer forma, se a decisão for revelar a forma como o filho foi gerado, é importante escolher a idade apropriada para que a criança possa entender bem o assunto.  É aconselhável também contar com suporte psicológico que ajuda os pais a planejar este momento adequadamente, e o filho a processar a nova informação.

Implicações emocionais para os filhos

Os filhos gerados por ovodoação podem ser impactados especialmente pela aceitação dos pais e da família. Assim como qualquer criança, é fundamental que ela se sinta amada, cuidada e pertencente àquele núcleo familiar.   

Além disso, outra questão que pode surgir ao longo do tempo, especialmente se a criança tiver uma aparência diferente dos pais, é a curiosidade sobre sua origem. Nestes casos, é escolha dos pais contar ou não sobre a ovodoação, procurando um caminho sensível para abordar o assunto.

Saber que foram gerados a partir de óvulos de doadora pode levar algumas crianças a necessitarem de apoio emocional para lidar com questões de identidade e pertencimento. Além disso, irmãos biológicos e concebidos por ovodoação também podem precisar de auxílio para compreender e aceitar suas diferenças genéticas.

Implicações sociais

Ainda que a ovodoação já seja um assunto bem conhecido, falado e inclusive abordado pela mídia, ainda pode haver certo preconceito ou estigma. Nesse sentido, é importante que a família esteja convicta, unida e preparada para lidar com possíveis questionamentos. 

Além disso, participar de grupos e comunidades que passaram pelo mesmo processo pode fortalecer  e ajudar as famílias a lidar melhor com este desafio social.

Vínculos familiares e desenvolvimento da criança em famílias de ovodoação 

Os vínculos familiares são muito importantes para o desenvolvimento de todas as  crianças, inclusive aquelas formadas a partir de ovodoação. Na verdade, a origem genética não deve interferir no vínculo afetivo, nos cuidados, no amor e nas interações da criança com os membros da sua família.

No caso dos pais decidirem contar sobre a ovodoação, o apoio incondicional de todos ajuda a criança a entender a sua história, se sentir aceita e autoconfiante. 

É importante também não fazer da ovodoação o assunto principal da convivência, afinal, é apenas o caminho que tornou possível o nascimento do filho. Desta forma, o foco deve ser criar um ambiente acolhedor e afetivo como todas as crianças necessitam para construir uma identidade positiva e saudável. 

Considerações legais e sociais para famílias de ovodoação 

Os procedimentos de Reprodução Assistida, incluindo a ovodoação, são protegidos por portarias e normativas como a Resolução – RDC N° 771/2022 da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

Além disso, as regras para o procedimento também estão bem definidas através da Resolução nº 2.294/21, do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada em 2021.

Conheça as regras para ovodoação no Brasil:

  1. A doação não poderá ter caráter lucrativo ou comercial;
  2. Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa, a não ser nos casos de doações de parentes até 4° grau de parentesco, contanto que não ocorra consanguinidade; 
  3. A idade limite para a doação de gametas é de 37 anos para a mulher e de 45 anos para o homem;
  4. No caso das doações anônimas, mantém-se, obrigatoriamente, sigilo sobre a identidade dos doadores de gametas e embriões, bem como dos receptores. Em situações especiais como motivação médica, informações sobre os doadores podem ser fornecidas exclusivamente para médicos, resguardando-se a identidade civil do(a) doador(a); 
  5. A escolha das doadoras de oócitos é de responsabilidade do médico assistente. Dentro do possível, deverá garantir que a doadora tenha a maior semelhança fenotípica com a receptora;
  6. Permite-se a doação voluntária de gametas, bem como a doação compartilhada de oócitos em RA, quando a doadora e receptora participam de tratamento de medicina reprodutiva. Desta forma, compartilham tanto do material biológico quanto dos custos financeiros que envolvem os tratamentos, sendo que a doadora tem preferência sobre o material biológico;
  7. Doação entre parentes.

Quer saber mais sobre como a ovodoação pode afetar sua família? Entre em contato com nossos especialistas para mais informações e suporte.

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