O ato de doar óvulos é um assunto ainda pouco falado, mas que tem despertado cada vez mais a curiosidade de muitas pessoas. Mas afinal, o que é a doação de óvulos? Para que serve? Quem pode realizar? Quem pode utilizar óvulos doados?
No texto a seguir vamos esclarecer 12 dúvidas bem frequentes sobre este tema, e entender como a doação de óvulos tem mudado a vida de muitas famílias.
1. O que é doação de óvulos?
A doação de óvulos é quando uma mulher cede seus óvulos para que outras pessoas consigam engravidar com eles. Também chamado de ovodoação, é uma importante alternativa da Medicina Reprodutiva para ajudar pessoas com problemas de infertilidade a realizarem o sonho de ter um filho.
Desta forma, a doação de gameta feminino possibilita que mulheres com dificuldades de engravidar com seus próprios óvulos, casais homoafetivos masculinos e pais solteiros formem suas famílias.
Isto é possível graças às técnicas de Fertilização In Vitro (FIV), que promovem a fecundação do óvulo da doadora em laboratório, usando o espermatozoide de banco de sêmen ou do parceiro da receptora. Dessa maneira, forma-se o embrião que será gestado no útero da receptora.
Neste sentido, é importante ressaltar que em cada país tem uma legislação própria que regulamenta tanto a doação como a recepção dos óvulos. No Brasil, segue-se a RDC 23/2011 e as normativas do Conselho Federal de Medicina, atualizou as normas para utilização das técnicas de reprodução assistida (RA) no Brasil.
2. Quero doar meus óvulos. Como saber se posso?
De acordo com a legislação vigente no Brasil, podem ser candidatas à doação de óvulos mulheres entre 18 e 35 anos, que não possuam doenças transmissíveis e que apresentem histórico genético saudável. Nesse sentido, quem deseja doar óvulos precisa passar por uma avaliação ginecológica completa, que inclui testes de fertilidade, e realizar outros exames para verificar a saúde geral e reprodutiva da mulher.
Além disso, é recomendado uma análise psicológica para se assegurar que a pessoa realmente está tranquila e segura em relação a doação.
Confira os requisitos para ser doadora de óvulos:
- Ter entre 18 e 35 anos;
- Ser saudável e não ter nenhuma doença de transmissão sexual ou genética;
- Se casada, deve contar com o consentimento do parceiro.
Conheça alguns exames feitos para saber se você pode doar óvulos:
- Exames ginecológicos para descartar a presença de cistos, miomas, pólipos e outras alterações no aparelho reprodutor;
- Exames de sangue para confirmar ausência de doenças transmissíveis como HIV 1 e 2, hepatite B e C, sífilis, HTLV, Zika vírus, Clamídia e Blenorragia e, agora, da Covid-19;
- Exames de tipagem sanguínea e infecções.
3. Quais são os tipos de doação de óvulos?
A doação de óvulos no Brasil é voluntária e não pode ter caráter comercial ou lucrativo, ou seja, a doadora não pode “vender” seus óvulos. Desta forma, a ovodoação no país é uma atitude solidária e altruísta que tem como objetivo ajudar outras pessoas a formarem suas famílias.
Nesse sentido, a doação do gameta feminino pode ocorrer de duas formas:
Voluntária
A ovodoação voluntária, ou ovodoação altruísta, se dá quando a doação dos óvulos é feita por uma mulher de até 35 anos, sem problemas de fertilidade, com único objetivo de ajudar pessoas com dificuldades para ter filhos.
Dessa forma, a doadora se submete a um processo de estimulação ovariana e coleta dos óvulos. Os gametas coletados podem ter uso para gerar uma gravidez, ou mantidos por tempo indeterminado através de criopreservação ou congelamento de óvulos.
Compartilhada
A ovodoação compartilhada ocorre quando uma mulher, que está em tratamento de Reprodução Assistida, divide seus óvulos coletados com outra paciente que também passa pelo processo de FIV. Ou seja, a doadora utiliza parte dos seus óvulos e doa outra parte para a mulher receptora.
Nesse caso, além dos gametas, elas compartilham também os custos do tratamento. Tudo ocorre de forma anônima e por intermédio da clínica de reprodução humana.
4. Como funciona a doação compartilhada?
A doação compartilhada segue as normas de sigilo e anonimato determinadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Desta forma, a seleção da doadora e da receptora acontece pela clínica onde irão ocorrer os tratamentos de fertilização in vitro, e procura sempre unir perfis compatíveis e com características mais semelhantes.
A primeira etapa do processo de doação de óvulos inicia com a indução da ovulação que visa potencializar a produção de óvulos. A fase seguinte do tratamento segue com a coleta dos óvulos que serão utilizados em parte pela doadora e parte pela receptora.
Nesse sentido, na doação compartilhada, o óvulo da doadora é fecundado em laboratório com esperma do parceiro da receptora, ou com esperma de banco de sêmen. Com isso, cultiva-se o embrião resultante da Fertilização In Vitro (FIV) por alguns dias em estufa, e quando atingir a fase blastocisto transfere-se ao útero da receptora para ser gestado.
Vejas as fases do processo de doação de óvulos:
Indução da ovulação
A estimulação ovariana tem como objetivo fazer o corpo aproveite o maior parte dos óvulos recrutadas para aquele ciclo. Nesse sentido, ela acontece a partir do início do ciclo menstrual através do uso de medicamentos hormonais injetáveis por cerca de 10 a 12 dias.
Durante esse período, acompanha-se o crescimento dos folículos por ultrassonografias e dosagens hormonais, até atingirem entre 18 mm e 20mm. Nesse momento, a doadora recebe uma dose do hormônio hCG, responsável pelo amadurecimento dos óvulos, que acontecerá 36 horas após a sua administração.
Coleta dos óvulos
Após a etapa de estimulação ovariana acontece então a coleta dos óvulos da doadora. Nesse sentido, insere-se uma agulha acoplada a um transdutor de ultrassom transvaginal na vagina da mulher, possibilitando a aspiração do conteúdo dos folículos ovarianos. Espera-se que entre o conteúdo aspirado contenha um óvulo. Cada folículo possui no máximo 1 óvulos, porém nem todos os folículos aspirados terão óvulos.
Esse processo acontece sob sedação, e costuma durar entre 20 e 30 minutos. Sendo assim, com a coleta dos óvulos, encerra-se a parte da doação do gameta feminino.
Fertilização e Transferência
Quando já existe uma receptora selecionada, no momento em que se coleta os óvulos da doadora, coleta-se também os espermatozoides do marido da receptora. Assim, já é possível começar a Fertilização in Vitro, unindo os dois gametas em laboratório para formar embriões. Após alguns dias em cultivo, ocorre a transferência dos embriões para o útero da futura mãe. O mesmo pode acontecer utilizando espermatozoides doados.
5. Onde posso doar meus óvulos?
Em clínicas especializadas em Reprodução Humana que realizam ciclos de Fertilização In Vitro com óvulos doados. Desta forma, para doar óvulos deve-se procurar centros e hospitais que atuam com técnicas de reprodução humana.
6. Quantas vezes se pode doar óvulos?
A legislação vigente no Brasil sobre doação de óvulos não limita o número de vezes que uma mulher pode doar. Ou seja, o número específico de doações não está legalmente determinado. Nesse sentido, o que define a possibilidade de doação, além da vontade e escolha da mulher, a sua idade e a sua saúde reprodutiva e geral.
7. Doar óvulos dói?
Para doar óvulos, a mulher passa pela fase de indução da ovulação, com objetivo de potencializar o número de óvulos a coletar. Nesse sentido, o tratamento acontece com medicamentos à base de hormônios, muitas vezes injetáveis, o que para algumas pessoas pode trazer algum desconforto. Além disso, à medida que o tamanho dos ovários vai aumentando em decorrência da estimulação ovariana, algum incômodo pode ser sentido.
Já a etapa da coleta dos óvulos ocorre sob o efeito de anestesia, portanto, indolor para a doadora. No entanto, algumas mulheres relatam leves dores na região abdominal depois do procedimento. Assim, é recomendável repouso após a coleta, sem movimentos intensos ou exercícios por alguns dias.
8. Doar óvulos é perigoso?
Quando falamos em doação de óvulos, sempre surgem algumas dúvidas, entre elas, os possíveis riscos. Nesse sentido, como há estimulação dos ovários com uso de hormônios, pode ocorrer a Síndrome da Hiperestimulação do Ovário (SHO).
Porém, nos tratamentos atuais esta questão já é minimizada através de alguns medicamentos. Além disso, outros riscos como infecção, sangramentos abdominais ou a torção dos ovários até podem ocorrer, mas em raríssimos casos.
Vale também ressaltar que, diferente do que algumas pessoas podem pensar, a doação de óvulos não apresenta efeitos secundários. Dessa forma, o tratamento não causa aumento de peso nem provoca aparecimento de acne ou pelos. Ele também não acelera a menopausa ou aumenta a incidência de câncer e nem reduz as chances de uma futura gestação.
De qualquer forma, todo o processo de doação de óvulos é realizado por especialistas. Sendo assim, a doadora tem acompanhamento personalizado, prevenindo e evitando qualquer desconforto ou eventual problema.
9. Quanto tempo demora para doar óvulos?
O processo para doar óvulos compreende o período desde a indução ovariana até a coleta dos óvulos. Considerando que a fase para estimular a ovulação costuma levar de 10 a 12 dias, e que após amadurecimento dos folículos a doadora ainda recebe uma dose do hormônio HCG antes da coleta, podemos dizer que o processo todo dura cerca de 15 dias.
10. Quando o óvulo é doado, o DNA é de quem?
Na doação de óvulos, a carga genética, ou seja, o DNA feminino vem da mulher doadora, e não da receptora. Desta forma, a impossibilidade de transmitir ao filho suas características genéticas é uma preocupação de algumas mulheres que recorrem a óvulos doados para o tratamento de Fertilização In Vitro.
Porém, é muito importante ressaltar que o DNA não é o único responsável pelas características do bebê. As particularidades físicas e comportamentais do ser humano são resultados de um conjunto de fatores genéticos e epigenéticos. Nesse sentido, diversos estudos têm demonstrado que a epigenética, o meio intra-uterino e o ambiente de criação têm papéis fundamentais na herança, nos comportamentos e nos vínculos que se estabelecem no contexto das novas configurações familiares.
11. Quem doa óvulos pode engravidar depois?
Claro que sim! A ovodoação não prejudica a fertilidade da mulher, ou seja, a pessoa que já doou óvulos têm as mesmas chances de engravidar se não tivesse passado pelo processo de doação.
Para esclarecer bem essa dúvida é importante lembrar que toda mulher nasce com uma quantidade determinada de óvulos, que varia entre um a dois milhões, chegando na idade da menarca com cerca de 400.000 óvulos. Desta forma, já durante a fase reprodutiva, a cada ciclo normal, vários óvulos iniciam seu crescimento. Todavia, apenas um alcança o desenvolvimento para ovular, enquanto o restante é descartado pelo corpo.
Assim, com o tratamento de estimulação ovariana, vários destes óvulos alcançam o tamanho adequado para amadurecer, sem que isso interfira no total de óvulos que serão liberados para as próximas ovulações.
12. Quanto se ganha para doar óvulos?
Como já vimos, a legislação brasileira não permite o caráter comercial ou lucrativo da doação de óvulos. Em outras palavras, os gametas femininos, assim como os masculinos, não podem ser vendidos. Desta forma, a escolha por ceder óvulos é uma decisão altruísta, com objetivo de ajudar outras pessoas e casais a formarem suas famílias.
Porém, quando se trata da doação compartilhada de óvulos, existe o benefício do compartilhamento dos custos do tratamento de Reprodução Humana. Ou seja, a receptora utiliza os óvulos doados e divide o valor do tratamento da doadora.
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