A região pélvica é uma das estruturas mais importantes do corpo feminino quando o assunto é fertilidade. Localizada na parte inferior do abdômen, ela abriga órgãos vitais do sistema reprodutor, como ovários, trompas, útero e parte da vagina. É ali que ocorrem etapas fundamentais da jornada reprodutiva: desde a produção e liberação dos óvulos até a fecundação e a implantação do embrião.
Como explica a Dra. Simone Mattiello, médica especialista em reprodução assistida, muitas mulheres não sabem é que alterações anatômicas, inflamatórias ou infecciosas na região pélvica sem sintomas evidentes, podem impactar diretamente a capacidade de engravidar. Justamente por isso, manter o acompanhamento ginecológico regular e estar atenta aos sinais do corpo é importante para quem deseja preservar a fertilidade, agora ou no futuro.
Este artigo foi pensado para ajudar você a se informar, conhecer a importância da saúde pélvica e tomar decisões conscientes sobre seu futuro reprodutivo com segurança e autonomia.
Boa leitura
O que é a região pélvica e qual sua função reprodutiva
A pelve é a parte inferior do tronco, localizada entre o abdômen e as pernas. Ela é formada por um conjunto de ossos, músculos e ligamentos que sustentam diversos órgãos vitais, entre eles, os do sistema reprodutor feminino.
Dentro da cavidade pélvica encontram-se o útero, os ovários, as trompas de Falópio, a bexiga urinária e o reto. Cada um desses órgãos desempenha um papel fundamental no funcionamento do corpo da mulher e, especialmente, nos processos ligados à reprodução.
Nesse sentido, a estrutura óssea da pelve oferece suporte e proteção a esses órgãos, garantindo o posicionamento adequado para que eles funcionem de maneira integrada. Já os ligamentos e músculos pélvicos garantem estabilidade e mobilidade, permitindo que as trompas de Falópio capturem o óvulo após a ovulação e o conduzam até o útero.
Dessa forma, durante o ciclo reprodutivo, os ovários liberam o óvulo, que é captado pelas trompas. Se houver espermatozoides presentes, a fecundação pode ocorrer, e o embrião resultante seguirá até o útero, onde se implanta, dando início à gestação. Todo esse processo depende do pleno funcionamento da anatomia pélvica. Qualquer alteração estrutural ou inflamatória pode dificultar ou até impedir a fertilização e a gravidez.
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Alterações comuns na região pélvica que afetam a fertilidade
Diversas doenças ginecológicas podem comprometer a anatomia e o funcionamento adequado da região pélvica, afetando diretamente a fertilidade. De acordo com a Dra. Simone Mattiello, muitas vezes, essas alterações são silenciosas, evoluem lentamente e só são detectadas quando há investigação por dificuldade para engravidar ou durante exames de rotina. Conhecer essas doenças é essencial para a prevenção e o diagnóstico precoce da infertilidade.
Veja as principais causas:
Endometriose
A endometriose é caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio (camada interna do útero) fora da cavidade uterina, geralmente nos ovários, nas trompas ou no peritônio pélvico. Essa condição pode causar inflamação crônica, formação de aderências e alterações na anatomia reprodutiva, dificultando a liberação do óvulo, sua captação pelas trompas ou a implantação do embrião no útero.
Aderências pélvicas
As aderências pélvicas são bandas de tecido fibroso que se formam após inflamações, cirurgias ou infecções na região pélvica. Elas podem “grudar” órgãos que normalmente estariam separados, prejudicando a mobilidade das trompas e o bom funcionamento do sistema reprodutor, além de interferir no trajeto do óvulo até o útero.
Miomas uterinos
Miomas são tumores benignos do músculo uterino, comuns em mulheres em idade reprodutiva. Dependendo da localização e do tamanho, eles podem distorcer a cavidade uterina, dificultar a implantação do embrião ou causar alterações no fluxo sanguíneo uterino, impactando a fertilidade.
Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
A DIP é uma infecção ascendente que geralmente se inicia no colo do útero e atinge o útero, as trompas e os ovários. Quando não tratada de forma adequada, pode levar à formação de abscessos, cicatrizes e aderências, prejudicando a permeabilidade das trompas e aumentando o risco de infertilidade ou gestação ectópica.
Cistos ovarianos
Embora nem todo cisto comprometa a fertilidade, alguns tipos como os endometriomas (relacionados à endometriose) podem afetar a qualidade dos óvulos e o funcionamento dos ovários. Cistos grandes também podem alterar a anatomia pélvica ou exigir intervenções cirúrgicas que impactam a reserva ovariana.
Cisto hemorrágico
O cisto hemorrágico é um tipo de cisto funcional que surge após a ovulação, quando ocorre o acúmulo de sangue dentro do corpo lúteo (estrutura temporária que se forma no ovário). Na maioria dos casos, ele regride espontaneamente e não afeta a fertilidade. No entanto, cistos hemorrágicos de grandes dimensões ou que causam dor intensa podem sinalizar desequilíbrios hormonais ou exigir acompanhamento médico mais próximo. Em casos raros, podem romper-se e causar complicações que afetam a saúde pélvica.
Desta maneira, essas alterações podem impedir o bom funcionamento das trompas de Falópio, dificultar a fecundação ou atrapalhar a implantação do embrião no útero. O fato de muitas dessas condições se desenvolverem sem sintomas aparentes reforça a importância da avaliação ginecológica regular, especialmente para quem deseja engravidar.
Como infecções ginecológicas e ISTs prejudicam a saúde pélvica
A saúde pélvica feminina pode ser severamente comprometida por infecções ginecológicas e doenças sexualmente transmissíveis (ISTs) não tratadas. Muitas dessas doenças são silenciosas e só são diagnosticadas tardiamente, quando já causaram danos aos órgãos reprodutivos.
A clamídia e a gonorreia são duas principais ISTs relacionadas à infertilidade. Se não tratadas adequadamente, essas infecções podem atingir o colo do útero, o útero, as trompas e os ovários, causando doença inflamatória pélvica (DIP). A DIP pode resultar em cicatrizes, aderências e obstruções nas trompas de Falópio, o que dificulta ou impede a concepção natural e eleva o risco de gravidez ectópica e infertilidade permanente.
Segundo a Dra. Simone Mattiello, muitas mulheres portadoras dessas ISTs não apresentam sintomas como corrimento, dor ou sangramentos irregulares, o que faz com que o diagnóstico seja frequentemente tardio. Nesse contexto, os exames ginecológicos de rotina, incluindo o rastreio para ISTs, são indispensáveis mesmo na ausência de sinais clínicos.
Além das ISTs, outras infecções ginecológicas de origem bacteriana ou fúngica, quando recorrentes ou mal tratadas, também podem gerar inflamações crônicas que afetam a mucosa uterina ou causam desequilíbrios na flora vaginal, impactando a fertilidade.
Cuidar da saúde reprodutiva envolve prevenção, diagnóstico precoce e tratamentos oportunos. Consultas regulares com o ginecologista, uso de preservativos, vacinação contra o HPV e testagens periódicas são estratégias fundamentais para proteger não só a fertilidade, mas a saúde como um todo.
Quando investigar a região pélvica antes de tentar engravidar
Nem toda mulher que deseja engravidar precisa, necessariamente, passar por exames complexos ou invasivos. No entanto, existem situações e sinais clínicos que indicam a necessidade de uma investigação mais detalhada da região pélvica, especialmente quando a preservação da fertilidade é uma prioridade.
Alguns sinais de alerta que justificam essa avaliação mais aprofundada incluem:
- Dor na pelve crônica ou recorrente desconforto na região inferior do abdômen;
- Ciclos menstruais irregulares, muito longos, curtos ou ausentes;
- Tentativas de engravidar por mais de 12 meses sem sucesso (ou 6 meses, se a mulher tiver mais de 35 anos);
- Histórico de infecções ginecológicas recorrentes, como clamídia ou gonorreia;
- Presença de miomas, cistos ovarianos ou endometriose previamente diagnosticados.
Nesses casos, o ginecologista pode solicitar exames de imagem que ajudam a identificar alterações anatômicas e funcionais na pelve. Entre os mais comuns estão:
- Ultrassonografia transvaginal: avalia útero, ovários e endométrio com alta precisão;
- Histerossalpingografia: exame contrastado que verifica se as trompas estão abertas e se a cavidade uterina apresenta anormalidades;
- Ressonância magnética da pelve: indicada em casos mais complexos, como investigação de endometriose profunda.
Os exames para avaliar a fertilidade feminina ajudam a mapear a saúde reprodutiva da mulher e a identificar possíveis obstáculos antes mesmo de se iniciar uma gestação. Isso permite uma abordagem preventiva e personalizada, aumentando as chances de sucesso e reduzindo o tempo de espera para engravidar.
Danos irreversíveis e quando considerar a reprodução assistida
Alguns danos à saúde pélvica podem ser permanentes e impedir a concepção natural. É o caso da obstrução das trompas de Falópio, cicatrizes extensas, causadas por infecções ou cirurgias e ausência de ovulação. Entretanto, a boa notícia é que a medicina reprodutiva avançou significativamente e oferece alternativas viáveis para quem enfrenta obstáculos relacionados à saúde pélvica.
Nessas situações, tratamentos de reprodução assistida, como a Fertilização in Vitro (FIV), se apresentam como uma das principais alternativas para contornar as limitações físicas impostas pelas alterações pélvicas. Por meio da FIV, o óvulo é fecundado em laboratório, e o embrião é transferido diretamente para o útero, contornando problemas como a obstrução tubária ou disfunções ovarianas.
Desta forma, quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores são as chances de sucesso com os tratamentos disponíveis. Além disso, o acompanhamento adequado permite planejar ações como o congelamento de óvulos, preservando a fertilidade futura.
Conclusão
A saúde pélvica tem um papel central na fertilidade feminina, mesmo quando não há sinais evidentes de alterações. Muitas condições que afetam essa região agem de forma silenciosa e só são descobertas quando a mulher decide investigar sua fertilidade ou iniciar uma gestação.
Por isso, conhecer melhor o funcionamento do próprio corpo e manter um acompanhamento ginecológico regular são atitudes fundamentais, não apenas para quem está tentando engravidar, mas também para quem deseja preservar suas possibilidades futuras de maternidade.
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