Procriar com apoio médico: perguntas e respostas

Sumário

Procriar com apoio médico ou procriação medicamente assistida, termo amplamente utilizado em países de língua portuguesa, é sinônimo de reprodução assistida. Ambos se referem às técnicas e procedimentos médicos que ajudam na concepção, especialmente quando há dificuldades em engravidar de forma natural. 

Nos últimos anos, a demanda por esses tratamentos cresceu devido ao adiamento da maternidade, às novas configurações familiares e ao aumento dos problemas de fertilidade. No entanto, o sucesso dos procedimentos depende do diagnóstico preciso de um especialista, que personaliza o tratamento para garantir maior eficácia e segurança. 

No texto abaixo vamos explicar tudo sobre o assunto. Confira!

Perguntas e Respostas

A procriação medicamente assistida tem ajudado milhares de pessoas a engravidar quando a gestação não ocorre de forma natural. Desta forma, tratamentos como a Fertilização in Vitro e a Inseminação Artificial, entre outros, são utilizados para superar problemas de infertilidade de origem masculina, feminina ou sem causa aparente. A seguir vamos responder as perguntas mais frequentes sobre o tema.

Quais são as principais técnicas de procriação medicamente assistida?

Uma das principais técnicas de procriação assistida é a Fertilização in Vitro (FIV), na qual o óvulo é fertilizado em laboratório e o embrião formado é implantado no útero materno. Outro procedimento muito conhecido é a Inseminação Artificial, que envolve a introdução direta de espermatozoides no útero para facilitar a fecundação. Essas técnicas são amplamente utilizadas para tratar diferentes causas de infertilidade, oferecendo alternativas para quem enfrenta dificuldades em engravidar naturalmente. Veja detalhes de cada uma:

Fertilização In Vitro (FIV)

A Fertilização In Vitro (FIV) é uma técnica avançada de reprodução assistida que tem permitido a muitas pessoas superar problemas de infertilidade. Nesse processo, o encontro entre o óvulo e o espermatozoide ocorre em laboratório, fora do corpo da mulher, facilitando a fecundação. Os embriões formados são cultivados em um meio especial e, após serem selecionados, são transferidos ao útero para que a gestação se inicie.  

A FIV, com taxas de sucesso que variam de 20% a 50%, tem se aprimorado continuamente, permitindo que milhares de pessoas alcancem o sonho de ter um filho. No entanto, o sucesso do tratamento está relacionado a diversos fatores, como a idade da mulher e a reserva ovariana. Além disso, devem ser avaliadas a receptividade do endométrio, a qualidade dos óvulos e espermatozoides.

Etapas da FIV:

Estimulação ovariana

A mulher recebe medicamentos hormonais para estimular o crescimento de vários folículos nos ovários, aumentando o número de óvulos disponíveis para fertilização. Durante essa fase, ultrassonografias regulares monitoram o desenvolvimento dos folículos até que estejam prontos para coleta.

Punção folicular

Assim que os folículos alcançam o tamanho adequado, os óvulos são coletados por meio de uma punção folicular. O procedimento utiliza uma agulha fina, guiada por ultrassom transvaginal, realizado sob sedação. Trata-se de um processo rápido e minimamente invasivo.

Coleta de sêmen

Nos homens, o sêmen é obtido por masturbação ou, em casos específicos, por punção testicular, quando não há espermatozoides no ejaculado. Em seguida, os gametas de melhor qualidade são selecionados para facilitar a fecundação.

Fecundação

A fecundação acontece em laboratório, onde o óvulo e o espermatozoide se encontram com a ajuda do embriologista, formando o embrião fora do corpo da mulher.

Cultivo e transferência embrionária

Os embriões são cultivados em uma incubadora por alguns dias. A transferência para o útero geralmente ocorre no quinto dia de desenvolvimento (D5), quando o embrião atinge o estágio de blastocisto. Em casos especiais, essa transferência pode ocorrer no terceiro dia (D3).

Conheça o conteúdo completo sobre o assunto – https://nilofrantz.com.br/conheca-o-passo-a-passo-da-fertilizacao-in-vitro/

Inseminação Artificial

A inseminação artificial (IA) é uma técnica simples e eficaz de reprodução assistida utilizada para tratar vários tipos de infertilidade.O processo consiste em coletar e preparar espermatozoides do parceiro ou doador, inserindo-os no útero da mulher no período fértil para facilitar a fecundação.

 A IA é indicada em casos de infertilidade leve, como baixa contagem de espermatozoides,distúrbios ovulatórios ou infertilidade sem causa aparente. Também é uma opção bastante utilizada por mulheres que fazem produção independente e por casais homoafetivos.

Para que o tratamento seja viável, a mulher deve ter pelo menos uma trompa funcional, e o homem apresentar uma concentração mínima de espermatozoides móveis.

Fases da Inseminação Artificial:

Estimulação ovariana

Embora a inseminação ocorra durante o período ovulatório, a indução de ovulação com medicamentos é usada para aumentar o número de folículos em desenvolvimento. Através de ultrassonografias e exames de sangue, o crescimento folicular e os níveis hormonais são monitorados para confirmar a ovulação.

Maturação dos óvulos e indução da ovulação

Quando os folículos atingem o tamanho ideal, uma injeção de hCG é administrada para promover a maturação e liberação dos óvulos. A inseminação é realizada de 24 a 36 horas após a injeção, momento em que a mulher está ovulando, maximizando as chances de fertilização.

Preparação do sêmen

Duas horas antes da inseminação, os espermatozoides são coletados por masturbação e passam por um processo de seleção em laboratório. Para garantir uma boa qualidade espermática, recomenda-se um período de 2 a 5 dias de abstinência sexual, além de evitar estresse, consumo excessivo de álcool e tabagismo.

Inseminação

Na fase final, os espermatozoides selecionados são introduzidos diretamente no útero da mulher. O procedimento é rápido e indolor, dispensando o uso de anestesia. É utilizado um cateter fino, onde os gametas são inseridos, semelhante ao procedimento de um exame de papanicolau. Após a inseminação, inicia-se a fase chamada “beta espera”, que é o período aguardado até a confirmação da gravidez.

Saiba mais sobre o tema https://nilofrantz.com.br/o-que-e-e-como-funciona-a-inseminacao-artificial/

Quem pode se beneficiar da procriação medicamente assistida?

A procriação medicamente assistida (PMA) é uma ótima solução para diversas situações em que a gestação natural não é possível. Vários perfis de pessoas se beneficiam desses tratamentos refletindo a diversidade das famílias contemporâneas. Assim, a PMA não apenas enfrenta a infertilidade, mas também contribui para a inclusão e igualdade no acesso à parentalidade. Confira:

Casais heterossexuais com dificuldades de gestação

Casais heterossexuais frequentemente enfrentam dificuldade para engravidar devido à idade, problemas de saúde, baixa contagem de espermatozoides, distúrbios ovulatórios ou infertilidade sem causa. Nesse sentido, a procriação assistida oferece técnicas que podem aumentar as chances de gravidez.

Casais homoafetivos

Para casais homoafetivos que desejam ter filhos, a procriação medicamente assistida é fundamental. Mulheres podem escolher pela inseminação artificial ou a fertilização in vitro com esperma de um doador. Já os homens têm à disposição a FIV, ovodoação e útero de substituição. Essas alternativas possibilitam que os casais formem suas famílias conforme suas particularidades e desejos.

Pessoas solteiras que desejam ter filhos

A procriação medicamente assistida também atende a pessoas solteiras que desejam ser pais ou mães. Com o aumento da escolha de ter um filho de forma independente, muitos recorrem à inseminação artificial, à FIV, à ovodoação e à doação de esperma para terem uma família. 

Quais são as diferenças entre as técnicas de procriação assistida e quando utilizá-las?

As técnicas de procriação assistida variam em complexidade e aplicação, cada uma indicada para situações específicas de infertilidade. Aqui estão as principais diferenças e quando utilizá-las:

Inseminação Artificial (IA)

A IA envolve a introdução de espermatozoides no útero da mulher durante o período fértil e pode ser realizada com gametas do parceiro ou de um doador.  Desta forma, é indicada para casais com problemas como, baixa contagem de espermatozoides, disfunção ovulatória ou para casais homoafetivos feminino e mulheres solteiras. A IA é geralmente a primeira linha de tratamento devido à sua baixa complexidade e menor custo.

 Fertilização in Vitro (FIV)

Na FIV, os óvulos são coletados e fertilizados com espermatozoides em laboratório e na sequência os embriões resultantes são transferidos para o útero. Essa técnica é indicada para casos de infertilidade mais complexos, como obstrução das trompas, problemas graves de ovulação, endometriose, fator masculino grave ou quando a IA não obteve sucesso. Também é utilizada em situações de infertilidade masculina significativa, pois pode incluir a técnica ICSI. Além disso, é usada para casais homoafetivos de homens e mulheres.

Fertilização in Vitro com ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides)

A ICSI é uma variação da FIV em que um único espermatozoide é injetado diretamente dentro de um óvulo, garantindo a fertilização. É recomendada em casos de infertilidade masculina severa, como baixa contagem de espermatozoides, problemas de motilidade ou anormalidades morfológicas. Também é utilizada quando a FIV convencional não apresenta sucesso.

Por que é importante um diagnóstico preciso antes de iniciar o tratamento?

Um diagnóstico minucioso é essencial para indicar o tratamento da infertilidade de maneira eficiente. Além de apontar a técnica mais apropriada, uma investigação precisa também contribui para um melhor entendimento da saúde reprodutiva do casal. Assim, com a abordagem correta, as chances de sucesso nos tratamentos podem ser mais assertivas, oferecendo esperança para quem deseja formar uma família.

Nesse sentido, é fundamental que o médico especialista peça exames hormonais, espermograma, e exames de imagem. Esses exames podem identificar distúrbios que afetam a saúde reprodutiva do casal. 

Quais são as evoluções e perspectivas futuras na procriação medicamente assistida?


A procriação medicamente assistida evoluiu significativamente, com avanços tecnológicos que melhoram as taxas de sucesso e oferecem novas oportunidades para quem enfrenta dificuldades de concepção. Desde os primeiros experimentos de Fertilização in Vitro nos anos 1970, surgiram inovações que resultaram em tratamentos personalizados, aumentando significativamente as chances de gravidez.

Nesse sentido, além da Inseminação Artificial, Fertilização in Vitro e Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI), a PMA trouxe outras técnicas que melhoram as taxas de sucesso.

 Sendo assim, os pacientes já podem contar com o Teste Genético Pré- Implantacional (PGT). O exame realiza uma análise genética dos embriões antes da transferência ao útero materno. Com isso, é selecionado apenas os embriões saudáveis e com maior chance de implantação, melhorando taxas de sucesso e reduzindo doenças genéticas.

Outro avanço da medicina reprodutiva é a criopreservação de Óvulos e de Embriões. Nesse sentido, a vitrificação (congelamento rápido), aumentou significativamente as chances de sucesso em ciclos de FIV. A qualidade dos óvulos e embriões congelados é preservada a -196 graus, permitindo que os pacientes usem gametas ou embriões no futuro.

Da mesma forma, sabemos que a medicina reprodutiva não para de evoluir e novas perspectivas já começam a surgir com a biotecnologia e a Inteligência Artificial. A IA já está sendo integrada ao processo de seleção embrionária, utilizando algoritmos para analisar imagens de embriões e prever quais têm maior chance de sucesso. Isso oferece uma forma mais precisa e menos subjetiva de escolher embriões viáveis.

Além disso, os cientistas estão desenvolvendo novas formas de congelar tecidos reprodutivos, como ovários e testículos. Isso pode beneficiar pacientes que passam por tratamentos oncológicos, preservando a fertilidade para o futuro.

Assim, com estas inovações, os tratamentos estão cada vez mais eficazes e personalizados, trazendo esperança para quem deseja formar uma família.

Quais são os mitos e verdades sobre a procriação medicamente assistida?

Como já vimos, a procriação medicamente assistida é uma alternativa cada vez mais utilizada por quem enfrenta dificuldades para engravidar, embora ainda seja cercada por desinformação. A seguir, desmistificamos mitos comuns sobre o tema, abordando aspectos como saúde, taxas de sucesso e questões éticas. Esses esclarecimentos ajudarão a entender melhor as possibilidades dos tratamentos, corrigindo equívocos populares. 

As crianças concebidas por procriação assistida têm mais problemas de saúde.

Mito! A verdade é que as crianças nascidas por meio de PMA são tão saudável quanto aquelas concebidas naturalmente. Estudos científicos não apontam um aumento significativo em anomalias congênitas ou problemas de desenvolvimento associados a esses procedimentos.

A procriação assistida sempre resulta em múltiplos (gêmeos ou trigêmeos).

Mito! Embora o risco de gravidez gemelar possa ser maior em alguns tratamentos, as técnicas modernas, como a transferência de um único embrião, reduzem significativamente esse risco, priorizando a segurança da mãe e do bebê.

Apenas casais com problemas graves de fertilidade recorrem à procriação assistida.

Mito! A PMA é uma opção para uma diversidade de perfis, incluindo pessoas com problemas leves de fertilidade, mulheres solteiras, casais homoafetivos e aqueles que buscam evitar a transmissão de doenças genéticas.

Os tratamentos de procriação assistida são sempre bem-sucedidos na primeira tentativa.

Mito! As taxas de sucesso variam de acordo com fatores como idade da mulher, qualidade dos gametas e causa da infertilidade. Muitas vezes, são necessárias várias tentativas para alcançar uma gravidez bem-sucedida.

A procriação medicamente assistida é antiética ou “contra a natureza”.

Mito! A procriação medicamente assistida é amplamente regulamentada e aceita por órgãos médicos de todo o mundo. Ela oferece uma oportunidade para quem, de outra forma, não poderia ter filhos. Portanto, seus procedimentos seguem princípios éticos rigorosos, respeitando o bem-estar de todos os envolvidos.


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