Estima-se que 10% das mulheres na população em geral e que mais de 50% das mulheres com problemas para engravidar tenham endometriose. Desconforto na pelve, dor e cólicas menstruais que progridem de intensidade são os sintomas mais frequentes. Dor nas relações sexuais ou ao evacuar também poder estar presentes. Entretanto, a dificuldade para engravidar muitas vezes é a primeira e única manifestação desta doença que, apesar de benigna, pode causar grande transtorno para a qualidade de vida.
Mas afinal, o que é endometriose? Endometriose é definida como a presença de células endometriais – responsáveis pela ocorrência da menstruação – fora do útero. Como consequência, verifica-se o desenvolvimento de inflamação que acomete órgãos como os intestinos e a bexiga. É comum que os ovários e as trompas uterinas sejam afetados e, por conseguinte, também a fertilidade.
Embora a sua origem ainda não esteja bem esclarecida, tem-se como explicação mais provável o refluxo do sangue menstrual para o interior do abdome. Mas, acredita-se que fatores genéticos e imunológicos também possam estar envolvidos. Isto se deve ao fato de que determinadas famílias têm uma maior propensão em manifestar a doença. Chama a atenção que mais de 90% das mulheres apresentam, em determinado momento da sua vida, episódios de menstruação retrógrada, mas somente algumas desenvolvem o problema, o que leva a crer na existência de uma alteração do sistema imune de certas pessoas.
Atualmente a suspeita e o diagnóstico se baseiam na história clínica, no exame físico, na dosagem de um exame de sangue chamado Ca125 e em exames de imagem como a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética da pelve. A confirmação se dá através de cirurgia ou, mas comum nos dias de hoje, através do procedimento de videolaparoscopia com biópsia das lesões suspeitas.
O tratamento adequado será proposto pelo médico de acordo com os sintomas e com os planos reprodutivos da paciente. Mulheres que não desejam engravidar, por exemplo, podem se beneficiar de medicamentos de uso oral, como as pílulas anticoncepcionais ou o dienogeste. Pacientes que almejam ter filhos, entretanto, podem necessitar de técnicas de reprodução assistida, sendo a fertilização in vitro (FIV) a que usualmente propicia os melhores resultados.
Texto: Dr. Marcos Höher
Ref.: Information for women with endometriosis (ESHRE Guideline on management of women with endometriosis – 2014)