Com o desenvolvimento dos tratamentos para engravidar foi verificado nas décadas de 80 e 90 um significativo crescimento nos índices de gestações de gêmeos. Este aumento foi, à época, considerado por muitos como uma verdadeira explosão ou epidemia. Atualmente um em cada quatro casais que engravidam após uma fertilização in vitro (FIV) têm gêmeos.
O que em um primeiro momento parecia ser o resultado bem sucedido dos tratamentos de reprodução humana mostrou ser, em verdade, o surgimento de um outro problema em termos de saúde pública. Sabe-se que gestações múltiplas estão relacionadas a um maior número de complicações para a gestante e para os seus respectivos bebês. Verifica-se uma maior incidência de diabete, hipertensão e, sobretudo, a mais frequente das consequências: alto índice de prematuridade. Embora bem recebida por muitos casais, principalmente pelos que tanto desejam engravidar, a gravidez de gêmeos está sendo encarada pelos especialistas em reprodução assistida como um desfecho a ser, se possível, evitado, conclusão esta verificada primeiramente por obstetras e pediatras, os responsáveis por “abraçar” e por conduzir gestações muitas vezes de maior risco.
Com a melhora nas taxas de implantação, isto é, de gestação por cada embrião colocado no útero, está sendo possível diminuir o número de embriões transferidos após os ciclos de fertilização in vitro sem diminuir as chances de engravidar. Hoje no Brasil é recomendado transferir no máximo dois embriões em mulheres até 35 anos, no máximo três embriões em mulheres com idade entre 36 e 39 anos e no máximo quatro embriões em mulheres de 40 ou mais anos. A medicina reprodutiva trabalha para se chegar aos 100% de SET (single embryo transfer), sigla inglesa para a transferência de apenas um embrião por tentativa, mantendo-se uma boa probabilidade de engravidar e uma taxa mínima de gestações gemelares.
Texto: Dr. Marcos Höher