Nos últimos anos a rede Globo de televisão vem abordando no roteiro de suas novelas temas relacionados às diferentes técnicas de reprodução humana assistida. Desta vez é “Sete vidas”, no ar no horário das 18hs, que apresenta na sua trama dois protagonistas que têm em comum o fato de terem sido concebidos mediante doação de sêmen de um mesmo doador.
As gestações com sêmen doado somente são viáveis mediante tratamentos realizados em hospitais e clínicas de reprodução humana assistida. Quem recorre a este tipo de terapêutica são mulheres solteiras que buscam a formação de uma família monoparental, popularmente conhecida como produção independente, casais homoafetivos e casais heterosexuais. Embora a responsabilidade por não engravidar frequentemente seja atribuída à mulher, 50% dos casais que buscam tratamento o fazem porque é o homem que apresenta espermatozóides em qualidade ou em quantidade insuficiente para conceber naturalmente. A descoberta da infertilidade masculina se dá via-de-regra mediante a realização do exame espermograma. Após um período de alguns dias de abstinência o sêmen é colhido por masturbação e então analisado em laboratório. Características como o volume, a concentração de espermatozóides em cada mililitro, bem como a forma e motilidade são avaliados. Trabalhos científicos recentes mostram que apenas 1 em cada 4 homens apresenta normalidade em todos os parâmetros analisados. Acredita-se que nas últimas décadas venha ocorrendo uma piora na qualidade seminal e, assim, uma maior necessidade de se recorrer a sêmen de doadores. Isto se deve ao aumento da poluição ambiental, a alimentação inadequada, ao fumo e ao uso de drogas. No entanto, verifica-se também que homens com hábitos extremamente saudáveis têm apresentado comprometimento do seu sêmen. A postergação da paternidade aliada ao uso de cuecas justas e a permanência sentado por várias horas ao dia têm sido apontados como os principais responsáveis.
Publicada em maio de 2013 no Diário Oficial da União, a resolução nº 2.013 do Conselho Federal de Medicina (CFM) contém as diretrizes éticas para a doação de sêmen. Dentre as principais normas se destacam:
– a doação nunca terá caráter lucrativo ou comercial.
– a idade limite é de 50 anos para os homens.
– doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa, ou seja, é obrigado manter sigilo sobre a identidade dos doadores, bem como dos receptores.
– deve ser feito um registro dos nascimentos a fim de evitar que um doador gere mais de 2 gestações de crianças de sexos diferentes dentro de uma área de 1 milhão de habitantes.
Embora não seja permitida no Brasil a comercialização de espermatozóides, óvulos e embriões, os receptores acabam por arcar com alguns custos, como o de materiais, de armazenamento e dos exames médicos necessários para a aprovação do doador.
Fonte: Dr. Marcos Höher