Ser pai é um sonho de muitos homens que desejam construir ou ampliar a família. Para homens cis, aqueles cuja identidade de gênero corresponde ao sexo designado no nascimento, o caminho para a paternidade pode variar de acordo com suas realidades.
Para aqueles que enfrentam infertilidade, estão em relações homoafetivas ou fazem parte de configurações familiares alternativas, esse sonho muitas vezes encontra desafios únicos. No entanto, a medicina reprodutiva tem aberto portas, transformando barreiras em oportunidades e permitindo que o desejo de ser pai se torne realidade de maneira inclusiva e inovadora.
Nesta jornada, a reprodução assistida tem sido uma importante aliada, oferecendo técnicas como Fertilização in Vitro (FIV) , doação de gametas e útero de substituição. Esses avanços possibilitam que os homens cis vivenciem a experiência da paternidade, gerando filhos biológicos em formatos familiares diversos.
No texto a seguir vamos mostrar os diferentes caminhos do homem cis gênero em busca da paternidade. Boa leitura!
O que significa ser homem cis?
Ser homem cis significa que a identidade de gênero da pessoa está alinhada ao sexo designado no nascimento. Ou seja, um homem cis é alguém que foi identificado como do sexo masculino ao nascer e que, ao longo da vida, se reconhece como homem.
Para entender melhor esta definição, basta analisar a origem da palavra: “cis” vem do latim, significando “no mesmo lado” descrevendo a congruência entre sexo designado e identidade de gênero. Por outro lado, a palavra “trans” significa “do outro lado” e se refere ao homem trans, cuja identidade de gênero não está alinhada ao sexo atribuido no nascimento.
Entender esses termos é essencial no contexto da diversidade, pois contribui para criar uma sociedade mais inclusiva, respeitosa e consciente das múltiplas experiências de gênero.
Paternidade e homem cis: um olhar contemporâneo
A paternidade, ao longo do tempo, tem evoluído para refletir as mudanças sociais, culturais e tecnológicas da nossa sociedade. Antes associada principalmente a papeis de provedor, hoje a paternidade também é vista como uma experiência afetiva e ativa na vida dos filhos.
Para homens cis, essa transformação tem revelado novas possibilidades e desafios, especialmente para aqueles que enfrentam infertilidade ou estão em configurações familiares alternativas, como relações homoafetivas.
Nesse sentido, muitos homens cis têm buscado caminhos diferentes para vivenciar a paternidade, rompendo barreiras culturais e enfrentando preconceitos.
Nesse contexto, a infertilidade masculina, um tema ainda cercado de estigmas, afeta diretamente muitos homens cis que desejam ser pais. Problemas como baixa contagem de espermatozoides, alterações genéticas ou questões hormonais podem dificultar a concepção de forma natural. Para esses homens cis, os avanços da medicina reprodutiva têm oferecido soluções inovadoras e acessíveis, possibilitando a realização do sonho da paternidade.
Da mesma forma, homens cis homoafetivos, ou pertencentes ao grupo LGBTQIAPN+ também encontram na medicina reprodutiva caminhos para chegar a paternidade. Nesse sentido, técnicas como fertilização in vitro, doação de gametas e útero de substituição têm desempenhado um papel crucial para que homens cis tenham filhos biológicos.
Além disso, esses tratamentos também reforçam a diversidade nos conceitos de família, provando que a paternidade homoafetiva é um direito que transcende padrões comuns.
Métodos de reprodução assistida para homens cis
A reprodução assistida (RA) é um conjunto de técnicas e procedimentos médicos que tem como objetivo viabilizar uma gestação quando esta não acontece de forma natural. Nesse sentido, a RA disponibiliza tratamentos que combatem a infertilidade, além de possibilitar que casais homoafetivos e pessoas que optam por produção independente consigam ter filhos.
Neste contexto, existem diferentes tratamentos que ajudam o homem cis a ultrapassar barreiras que estejam prejudicando ou impedindo a paternidade. De acordo com cada caso, o especialista em reprodução assistida vai indicar as técnicas necessarias para que o homem cis realize o sonho de ter um filho.
Barriga solidária: como funciona para homens cis?
A barriga solidária no Brasil, também chamada de útero de substituição, refere-se à geração de um bebê com material genético (óvulo) de uma mulher, mas gestado no útero de outra pessoa.
Assim, é um tratamento da medicina reprodutiva que possibilita a mulheres sem útero, com defeitos congênitos ou doenças com risco de morte na gestação terem filhos biológicos.
Além disso, essa técnica também viabiliza a paternidade de casais homoafetivos e homens cis solteiros que buscam formar sua familias. Mas afinal, barriga solidária como funciona na prática?
No Brasil, a barriga solidária é permitida e segue normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), na resolução nº2.320 de 20 de Setembro de 2022.
Nesse sentido, pode ser realizada desde que haja um problema médico que impeça ou contraindique a gestação na doadora genética, em união homossexual ou pessoa solteira.
Veja o que diz o CFM sobre barriga solidária:
- A cedente temporária do útero deve pertencer à família de um dos parceiros em parentesco consanguíneo até o quarto grau. Ou seja, pode ser barriga solidária mãe, filha, avó, irmã, tia, sobrinha ou prima.
- Em casos de parentes mais distantes ou quando não há relação consanguínea é preciso da autorização do Conselho Regional de Medicina (CRM) para continuar o processo.
- A cessão temporária do útero não pode ter caráter lucrativo ou comercial.
Como funcina a barriga solidária para homens cis
A barriga solidária é possível graças à Fertilização In Vitro (FIV), tratamento de alta complexidade que promove a fecundação do óvulo com o espermatozoide em ambiente laboratorial, fora do corpo da mulher. Os embriões resultantes da fertilização são cultivados em meio à cultura, e após, são selecionados e transferidos ao útero.
No caso de barriga solidária, o embrião é transferido ao útero da mulher que vai gestar o bebê para os pais biológicos.
Veja as etapas:
O processo começa com a coleta dos gametas feminino e masculino. Para isso, as mulheres passam por estímulo da ovulação, através de medicamentos hormonais e, posteriormente, ocorre a coleta dos óvulos.
Já nos homens, obtém-se a amostra de espermatozoides através de masturbação ou, se necessário, a partir de uma punção testicular. Além disso, é possível usar também gametas masculinos de banco de esperma.
Na sequência, unem-se óvulo e espermatozoides em laboratório, ocorrendo a fertilização, e assim, a formação do embrião. Após alguns dias de cultivo em uma incubadora, o embrião chega à fase de blastocisto, e é transferido ao útero solidário.
É importante ressaltar que para casais homoafetivos masculinos ou produções independentes, é necessário recorrer a ovodoação.
Fertilização in vitro e suas possibilidades
A Fertilização in Vitro (FIV) é amplamente utilizada para tratar problemas de fertilidade em diferentes contextos. Além disso, desempenha um papel fundamental para pessoas e casais LGBTQIAPN+ que desejam construir uma família, oferecendo caminhos inclusivos e personalizados para a parentalidade.
Como foi falado, no caso de casais homoafetivos masculinos, a FIV é realizada em conjunto com a doação de óvulos e o útero de substituição. Assim, o espermatozoide de um dos parceiros é utilizado para fertilizar o óvulo de uma doadora, e o embrião resultante é transferido para o útero de uma pessoa que irá gestar. O mesmo processo acontece com pais solos.
Essa abordagem permite que os pais tenham uma conexão biológica com o filho e que o processo respeite as particularidades de suas configurações familiares.
Já para casais homoafetivos femininos, a FIV inclui o uso de espermatozoides de um doador, e ambas as parceiras podem participar do processo: uma fornece os óvulos e a outra carrega a gestação, fortalecendo os laços emocionais e familiares. Além disso, a técnica também beneficia homens trans e mulheres trans que desejam preservar ou utilizar gametas para gerar filhos.
Paternidade, direitos e desafios para homens cis no Brasil
No Brasil, os direitos reprodutivos têm avançado bastante, mas ainda há barreiras culturais, legais e estruturais, especialmente quando relacionados a homens cis em contextos não tradicionais.
Nesse sentido, para homens que desejam ser pais, via reprodução assistida ou adoção, o caminho pode ser marcado por burocracia, altos custos e pouco suporte, dificultando a democratização da parentalidade.
No caso da reprodução assistida, homens cis que enfrentam infertilidade ou estão em relações homoafetivas frequentemente precisam recorrer a técnicas como a fertilização in vitro, a doação de gametas e ao útero de substituição.
Já no processo de adoção, os desafios vão além da burocracia, incluindo estigmas enfrentados por casais homoafetivos ou homens solteiros que desejam adotar. Embora o Brasil reconheça legalmente o direito de adoção para todos, independentemente de orientação sexual, a realidade inclui preconceitos que podem dificultar ou atrasar o processo.
Esses obstáculos se conectam à luta por igualdade no contexto LGBTQIAPN+, onde o reconhecimento pleno dos direitos de formar e expandir famílias continua sendo um tema central.
FAQ: perguntas frequentes sobre homem cis e paternidade
Um homem cis pode usar barriga solidária no Brasil?
Sim, no Brasil, a barriga solidária é permitida, e segue regras estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). De acordo com essas diretrizes, a pessoa que gestará o bebê deve ter relação de parentesco de até quarto grau com o futuro pai ou mãe, salvo em casos excepcionais, mediante autorização judicial. Homens cis, especialmente aqueles em relações homoafetivas ou solteiros, podem recorrer a essa prática para ter filhos biológicos, mas o processo ainda carece de regulamentação específica, o que pode gerar desafios legais.
Quais são os custos da reprodução assistida para homens cis?
Os custos da reprodução assistida variam amplamente, dependendo da técnica utilizada. No caso de homens cis, os principais gastos incluem a fertilização in vitro, a doação de óvulos e os honorários relacionados à barriga solidária, que no Brasil não pode envolver compensação financeira além das despesas médicas. Esses valores podem variar entre R$ 20.000 e R$ 100.000 ou mais, dependendo da complexidade do processo e da clínica escolhida.
Qual a diferença entre barriga solidária e adoção para homens cis?
A principal diferença está no vínculo biológico e nos procedimentos envolvidos. Na barriga solidária, o homem cis pode ter um filho biológico ao utilizar seu material genético combinado com óvulos doados. Já na adoção, o vínculo é estabelecido exclusivamente pelo afeto e por vias legais, sem relação biológica. Entretanto, ambas as opções permitem a construção de uma família, e a escolha depende de fatores emocionais, legais e financeiros.
Homens cis solteiros podem optar pela reprodução assistida?
Sim, homens cis solteiros podem optar pela reprodução assistida no Brasil. Embora seja legalmente permitido, o processo pode envolver desafios adicionais, como encontrar uma doadora de óvulos e uma pessoa disposta a atuar como barriga solidária. Essa opção é um avanço significativo na inclusão e no reconhecimento de diferentes formas de parentalidade.
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