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Exames para infertilidade: quais são e como interpretá-los

A infertilidade é um desafio que afeta muitos casais que desejam ter filhos. Desta forma, quando a gravidez não acontece após meses ou anos de tentativas, é fundamental buscar orientação médica para identificar as possíveis causas. 

Felizmente, existem exames para dificuldade de engravidar que ajudam a diagnosticar os fatores  que podem estar prejudicando a concepção, tanto no homem quanto na mulher. Nesse sentido, uma investigação detalhada é muito importante para detectar questões hormonais, genéticas, anatômicas, entre outras, que possam estar comprometendo a fertilidade.

Assim, com um diagnóstico preciso, é possível adotar o tratamento mais adequado, aumentando significativamente as chances de uma gestação.

No texto a seguir, você vai saber quais os principais exames para avaliar a fertilidade, quando realizá-los e o que seus resultados podem revelar.

Boa leitura!

Quando procurar um especialista para investigar a infertilidade? 

A infertilidade é definida como a dificuldade de engravidar após 12 meses de tentativas regulares sem o uso de métodos contraceptivos. No entanto, para mulheres acima dos 35 anos, esse prazo reduz para 6 meses, pois a reserva ovariana e a qualidade dos óvulos tendem a diminuir com a idade.

Além do tempo de tentativas sem sucesso, alguns sinais de alerta podem indicar a necessidade de buscar um especialista antes mesmo desse período.  Nesse sentido, uma avaliação médica pode fazer toda a diferença no sucesso da concepção.

Veja quando procurar ajuda:

Outros fatores, como doenças autoimunes, histórico de abortos recorrentes, cirurgias ginecológicas anteriores e o uso prolongado de alguns medicamentos, também podem interferir na capacidade de engravidar.

Exames de infertilidade: o que são e para que servem? 

Os exames para infertilidade masculina e feminina são fundamentais para identificar possíveis fatores hormonais, estruturais e genéticos que podem estar dificultando a gravidez. Eles ajudam a compreender a causa do problema e orientam o especialista sobre o tratamento mais adequado para cada caso. 

Nesse sentido, a escolha dos exames para infertilidade feminina e masculina a serem realizados depende do histórico clínico do casal e das suspeitas levantadas pelo especialista. Um diagnóstico preciso é essencial para definir o melhor caminho para a concepção.

Entre os principais exames de infertilidade masculina e feminina, destacam-se:

  • Exames hormonais para fertilidade: avaliam os níveis de hormônios que regulam a ovulação, a qualidade dos óvulos e a função testicular.
  • Exames estruturais e de imagem: incluem ultrassonografia e histerossalpingografia, utilizadas para verificar a integridade do útero, trompas de Falópio e ovários.
  • Exames do sêmen:  o principal é o espermograma, que analisa a contagem, motilidade e morfologia dos espermatozoides, fatores determinantes para a fertilidade masculina. 
  • Testes genéticos: recomendados quando há suspeita de alterações cromossômicas que possam comprometer a fertilidade ou estar associadas a abortos recorrentes.

Exames hormonais para avaliar a fertilidade feminina 

Os exames hormonais são muito importantes para avaliação da fertilidade feminina, pois ajudam a entender o funcionamento do ciclo menstrual e a capacidade ovulatória da mulher. 

Nesse sentido, os hormônios regulam cada etapa do ciclo reprodutivo, desde o desenvolvimento dos folículos ovarianos até a ovulação e a fase lútea.  Desta forma, distúrbios hormonais podem indicar dificuldades para engravidar, tornando-os fundamentais para diagnóstico e tratamento da infertilidade.

Confira os principais exames hormonais para fertilidade e suas funções:

  • FSH (hormônio folículo estimulante): mede a reserva ovariana, indicando a quantidade de óvulos disponíveis e a capacidade reprodutiva da mulher. Níveis elevados podem sugerir baixa reserva ovariana;
  • LH (hormônio luteinizante): relacionado à ovulação, seu pico indica o momento mais fértil do ciclo menstrual. Desequilíbrios podem afetar a liberação do óvulo.
  • Estradiol: hormônio produzido pelos ovários que reflete a função ovariana e a qualidade dos folículos. Está envolvido no crescimento do endométrio para a implantação do embrião.
  • Progesterona: fundamental para avaliar a ovulação e a fase lútea, garantindo que o útero esteja preparado para uma possível gravidez. Baixos níveis podem indicar falha ovulatória ou dificuldades na manutenção da gestação.
  • Hormônio antimülleriano (AMH): indicador da reserva ovariana, ajudando a prever a resposta da mulher a tratamentos de reprodução assistida. Níveis baixos podem indicar menor quantidade de óvulos disponíveis.
  • Prolactina: quando em níveis elevados, pode inibir a ovulação e interferir na fertilidade. É importante avaliar suas concentrações em mulheres com irregularidades menstruais.
  • TSH (hormônio tireoestimulante): a função da tireoide influencia diretamente a fertilidade. Alterações nos níveis de TSH podem prejudicar a ovulação e o equilíbrio hormonal necessário para a concepção.

Histerossalpingografia: exame essencial para avaliar as trompas 

A histerossalpingografia é um exame de imagem fundamental na investigação da fertilidade feminina. Ele permite avaliar a permeabilidade das trompas de Falópio, estruturas essenciais para a captação e transporte do óvulo em direção ao útero. 

Este exame é especialmente indicado para mulheres que enfrentam dificuldades para engravidar, pois uma possível obstrução tubária pode impedir a fecundação.

Caso sejam detectadas alterações, um especialista poderá indicar opções como cirurgia para desobstrução tubária ou tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV).

Como é feito o exame?

  1. Um líquido de contraste é injetado no útero através do colo uterino.
  2. São feitas imagens em raio-X para acompanhar o trajeto do contraste pelo útero e trompas.
  3. Se o contraste passar livremente pelas trompas e atingir a cavidade abdominal, significa que estão desobstruídas. Caso contrário, pode haver obstruções ou outras alterações.

O que a histerossalpingografia pode indicar?

  • Trompas obstruídas: impedem a passagem do óvulo e dos espermatozoides, dificultando a fecundação.
  • Malformações uterinas: anomalias na estrutura do útero que podem afetar a implantação do embrião e a manutenção da gestação.
  • Aderências ou cicatrizes: podem ser resultado de infecções, endometriose ou cirurgias anteriores, comprometendo a fertilidade.

Ultrassonografia transvaginal e outros exames estruturais 

A ultrassonografia transvaginal é um dos principais exames utilizados para avaliar a estrutura dos ovários e do útero. Ele permite uma visualização detalhada dos órgãos reprodutivos femininos e auxilia no diagnóstico de diversas condições que podem afetar a fertilidade.

Como funciona a ultrassonografia transvaginal?

Esse exame é realizado com um transdutor inserido na vagina, que emite ondas sonoras para gerar imagens em tempo real do útero, endométrio, ovários e trompas de Falópio. Ele é essencial para:

Outros exames estruturais

Em casos mais complexos, quando a ultrassonografia não fornece informações suficientes, podem ser indicados exames de imagem mais detalhados, como:

  • Ressonância magnética pélvica: oferece imagens de alta definição do útero, ovários e estruturas adjacentes, sendo útil para avaliar malformações uterinas, endometriose profunda e tumores.
  • Histerossonografia: também chamada de ultrassonografia com infusão de soro, esse exame avalia alterações na cavidade uterina, como pólipos endometriais e aderências.
  • Histerossalpingografia: um exame radiológico com contraste que analisa a permeabilidade das trompas de Falópio.

Espermograma: avaliação da fertilidade masculina 

O espermograma é o principal exame para avaliar a fertilidade masculina. Ele analisa a qualidade do sêmen e a saúde dos espermatozoides para identificar possíveis causas de infertilidade no homem. Esse exame é recomendado quando há dificuldade para engravidar, permitindo um diagnóstico detalhado das condições reprodutivas masculinas.

O que o espermograma avalia?

  1. Concentração de espermatozoides
    • Mede a quantidade de espermatozoides por mililitro de sêmen;
    • Valores abaixo do normal podem indicar oligospermia, enquanto a ausência de espermatozoides no sêmen caracteriza a azoospermia.
  1. Motilidade espermática
    • Avalia a capacidade de locomoção dos espermatozoides, fator essencial para que eles consigam alcançar e fecundar o óvulo;
    • A baixa motilidade, chamada astenospermia, pode reduzir as chances de fertilização natural.
  1. Morfologia espermática
    • Analisa o formato dos espermatozoides, verificando se há alterações estruturais que possam comprometer a fecundação;
    • Um alto índice de espermatozoides com anormalidades pode indicar teratospermia, afetando a fertilidade.

Além desses fatores, o espermograma também avalia o volume do sêmen, seu pH, viscosidade e a presença de infecções ou outras anormalidades. Quando o exame aponta alterações, exames complementares podem ser solicitados para um diagnóstico mais preciso e a definição do melhor tratamento para o casal.

Exames hormonais masculinos

Os exames hormonais masculinos são fundamentais para avaliar a produção de espermatozoides e a função endócrina do organismo. Nesse sentido, os hormônios regulam a espermatogênese (formação dos espermatozoides) e influenciam diretamente a fertilidade masculina. Quando há alterações nos níveis hormonais, pode ocorrer a redução da produção espermática, impactando a capacidade reprodutiva.

Principais exames hormonais masculinos:

  1. Testosterona total e livre
    • A testosterona é o principal hormônio masculino e está diretamente ligada à produção de espermatozoides, libido e saúde sexual.
    • A dosagem da testosterona total mede a quantidade total do hormônio no sangue, enquanto a testosterona livre avalia a fração disponível para uso pelo organismo.
    • Níveis baixos podem estar associados a hipogonadismo, queda na produção espermática e disfunção erétil.
  1. FSH (hormônio folículo estimulante)
    • Regula a produção de espermatozoides nos testículos.
    • Níveis elevados podem indicar falência testicular, enquanto níveis baixos podem estar relacionados a problemas na hipófise ou hipotálamo.
  1. LH (hormônio luteinizante)
    • Estimula a produção de testosterona pelas células de Leydig nos testículos.
    • Alterações nos níveis de LH podem comprometer a produção hormonal e a espermatogênese.
  1. Prolactina
    • Níveis elevados desse hormônio podem prejudicar a produção de testosterona e espermatozoides.
    • O aumento da prolactina (hiperprolactinemia) pode estar relacionado a tumores na hipófise, uso de certos medicamentos ou disfunções hormonais.

Testes genéticos e biópsia testicular: quando são necessários? 

Alguns casos de infertilidade masculina exigem uma investigação mais aprofundada por meio de testes genéticos e da biópsia testicular. Esses exames são indicados quando há suspeita de causas genéticas para a baixa produção de espermatozoides ou azoospermia (ausência de espermatozoides no sêmen).

Testes genéticos na infertilidade masculina

  1. Cariótipo
    • Analisa a estrutura e o número de cromossomos do homem.
    • Identifica síndromes genéticas que podem afetar a fertilidade, como a Síndrome de Klinefelter (XXY), caracterizada pela presença de um cromossomo X extra, resultando na produção reduzida ou ausente de espermatozoides.
  1. Pesquisa de microdeleções do cromossomo Y
    • Avalia a presença de pequenas deleções (ausência de segmentos) no cromossomo Y, que podem comprometer a espermatogênese.
    • Algumas microdeleções podem indicar que a produção de espermatozoides é inviável, enquanto outras permitem a tentativa de obtenção de espermatozoides por biópsia testicular.

Biópsia testicular: quando é necessária?

A biópsia testicular é indicada principalmente para homens com azoospermia, quando não há espermatozoides detectáveis no sêmen. O procedimento consiste na retirada de pequenas amostras de tecido dos testículos para investigar se há produção de espermatozoides no local.

  • Identifica a presença de espermatozoides viáveis para utilização em técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV) com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides).
  • Diagnostica se a azoospermia é obstrutiva (bloqueio dos ductos que transportam os espermatozoides) ou não obstrutiva (falha na produção de espermatozoides).

A decisão sobre a realização desses exames deve ser feita por um especialista, com base no histórico clínico e nos resultados de exames prévios. A análise genética e a biópsia testicular são ferramentas importantes para direcionar o tratamento mais adequado para a infertilidade masculina.

Conclusão

A investigação da infertilidade é um passo fundamental para casais que enfrentam dificuldades para engravidar. Após meses de tentativa sem sucesso, muitos se perguntam: Como saber se sou in fértil? A resposta para essa pergunta inicia a partir de uma avaliação detalhada da saúde reprodutiva masculina e feminina. Isto permite identificar possíveis causas do problema e direcionar o melhor tratamento para cada caso.

Nesse sentido, os exames variam de acordo com o histórico e as condições individuais de cada paciente. Desde avaliações hormonais e exames estruturais até testes genéticos e biópsia testicular, cada procedimento tem um papel importante no diagnóstico da fertilidade.

Por isso, buscar a orientação de um especialista em reprodução humana é essencial para um diagnóstico preciso e um tratamento personalizado. Com o acompanhamento adequado, é possível aumentar as chances de alcançar a gestação desejada e realizar o sonho de formar uma família.

Dra. Paula Ternus - Ginecologia e Obstetricia | CRM 35985

Revisado por
Dra. Paula Ternus - CRM 35.985

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