As trompas de Falópio ou tubas uterinas são dois canais finos responsáveis pelo transporte do óvulo, desde o ovário até a cavidade uterina. É neste importante órgão do aparelho reprodutor feminino que ocorre o encontro do óvulo com o espermatozoide. Nesse sentido é possível dizer que é dentro das trompas que acontece a fecundação natural. A partir daí, o embrião recém formado é impulsionado através dos cílios das trompas até o útero, local onde o bebê será gestado.
Desta forma, no processo reprodutivo, as trompas de falópio desempenham quatro funções importantes para a fecundação:
- Capturam o óvulo liberado pelo ovário durante a ovulação;
- Transportam os espermatozoides até o óvulo;
- Contribuem para o encontro e a fusão do óvulo com o espermatozoide (fertilização);
- Transportam o embrião formado até o útero, onde ele se fixará (nidação ou implantação).
Trompas de Falópio: problemas e anomalias na pelve
Como sabemos muito da reprodução feminina depende do adequado funcionamento das trompas de falópio. Deste modo, lesões e obstruções nas trompas podem impedir a passagem tanto do óvulo quanto do espermatozóide, impossibilitando assim o encontro dos dois gametas.
Atualmente, problemas e anomalias na pelve representam 30% das causas de infertilidade feminina. Nesse sentido, as dificuldades são variadas como por exemplo: diminuição da velocidade de transporte do óvulo, trompas fixas e distantes dos ovários e até mesmo obstrução nos canais. Dessa maneira, as alterações podem ser leves e responsáveis por uma demora maior para engravidar, como severas impedindo a ocorrência de uma gestação natural.
Vale lembrar que mesmo com o diagnóstico de trompas obstruídas é possível engravidar. Nestes casos é necessária a avaliação médica para definir a origem do problema e então determinar o melhor procedimento a ser tomado.
Nesse sentido, as possibilidades vão desde o uso de antibióticos, cirurgias para desobstrução das trompas até tratamentos de reprodução assistida, através da Fertilização in vitro (FIV).
Os problemas nas trompas podem ter diferentes causas:
- Origem infecciosa: As doenças sexualmente transmissíveis (DST) podem causar danos permanentes nas trompas de forma silenciosa, pois muitas vezes não produzem sintomas. As mais frequentes são a Clamídia e a Gonorreia;
- Origem inflamatória ou cirúrgica: cirurgias pélvicas ou enfermidades inflamatórias como a endometriose também podem afetar as trompas.
Problemas nas trompas: quais são os sintomas?
Os sintomas de inflamação nas trompas de falópio são geralmente causados por infecções bacterianas ou doenças sexualmente transmissíveis, e tendem a surgir após a menstruação em mulheres com vida sexual ativa. Além disso, também podem aparecer antes da menstruação, após o parto, em casos de aborto, depois da colocação do DIU ou como complicação de uma cirurgia ginecológica, por exemplo.
Inflamação nas trompas tem cura?
A inflamação nas trompas, muitas vezes, tem cura e o seu tratamento deve ser feito com o uso de antibióticos de acordo com a orientação do ginecologista. Nesse sentido, a mulher com sintomas de inflamação nas trompas deve consultar imediatamente o médico para evitar complicações como infertilidade, hidrossalpingite, infecção generalizada, gravidez ectópica ou abscessos nos ovários e trompas.
Dessa forma, apenas nos casos mais graves, pode ser necessário fazer cirurgia para retirar a trompa ou órgãos que possam ser afetados pela infecção como ovários e útero.
Posso engravidar com apenas uma trompa?
É possível engravidar com apenas uma trompa, mas é necessário conhecer melhor as particularidades dessa condição para que se verifique quais são as chances reais de uma concepção.
Como o ciclo fértil da mulher faz com que a cada mês seja liberado o óvulo de um dos ovários, nos meses em que o óvulo corresponder ao lado da trompa retirada, não haverá chances de concepção. Entretanto, no ciclo seguinte, a mulher tem chances normais de engravidar.
Nesse sentido, alguns exames podem ser realizados visando verificar a situação da trompa existente. No entanto, se o casal sentir maior dificuldade de concepção, o indicado é procurar um especialista em reprodução humana.
Exame das trompas
Existem duas formas de analisar a permeabilidade das Trompas de Falópio.
A primeira é a Histerossalpingografia (HSG), uma radiografia que avalia o estado do colo do útero e das Trompas. A outra opção é a laparoscopia, considerada um método complementar à HSG.
Veja aqui os detalhes de cada exame:
Histerossalpingografia: Este exame é indicado em caso de aderência, dilatações ou obstruções nas trompas e através dele analisa-se o canal cervical, a cavidade e a permeabilidade do útero.
A HSG é um exame radiológico realizado em hospitais e clínicas de diagnóstico por imagem. No procedimento é introduzido um líquido de contraste radiopaco que permite a visualização e a documentação da passagem, simulando o trajeto percorrido pelo sêmen. Nesse sentido, o resultado também consegue avaliar, embora com menor sensibilidade, a presença de malformações uterinas, de miomas ou pólipos intracavitários.
Videolaparoscopia: Caso seja detectada a alteração tubária, um dos tratamentos indicados é a videolaparoscopia para tentar desobstruir o canal das trompas. Neste sentido, este exame é realizado em ambiente hospitalar e com anestesia geral.
A laparoscopia é mais precisa para avaliar a integridade das trompas e diagnosticar uma série de anormalidades, como é o caso da endometriose. O resultado costuma ser bem sucedido quando as aderências que fixaram a trompa são sequelas provenientes de cirurgias pélvicas anteriores como cesariana ou miomectomia.
Entretanto, se o diagnóstico for alterações tubárias ocasionadas por sequelas de endometriose, hidrossalpinges seguida de cirurgia para a retirada da trompa ou seqüelas de doenças infecciosas como clamídia, a indicação é a Fertilização In Vitro.
Gravidez nas trompas: causas e sintomas
Além de reduzir as chances de gravidez, a obstrução tubária também pode causar gestação ectópica (fora do útero), o que representa risco para a mulher. Se o bebê for gerado nas trompas e esta situação não for tratada, há chances de hemorragias que podem levar ao rompimento das tubas e risco de morte para a mãe.
Sendo assim, uma gravidez ectópica ou tubária não pode prosseguir normalmente. O embrião não sobrevive e seu crescimento pode destruir várias estruturas maternas. Nesse sentido o tratamento precoce de uma gravidez nas trompas pode ajudar a preservar a fertilidade.
Causas e fatores de risco
Danos nas trompas de Falópio é uma causa comum de gravidez ectópica. Um óvulo fertilizado pode ficar estacionado em uma área danificada e crescer naquela localização. As causas mais comuns que podem levar a uma gravidez nas trompas são:
- Tabagismo;
- Doença inflamatória pélvica, que pode surgir a partir de infecção por clamídia ou gonorréia;
- Inflamações e cicatrizes das trompas de falópio, decorrentes de uma condição médica ou cirurgia anterior;
- Gravidez ectópica anterior em uma trompa de Falópio;
- Fatores hormonais;
- Anormalidades genéticas;
- Defeitos congênitos;
- Condições médicas que afetam a forma e condição das trompas de falópio e órgãos reprodutivos;
- Problemas de fertilidade;
- Idade materna avançada de 35 anos ou mais;
- Aborto de repetição;
- História de endometriose;
- Uso inadequado do DIU. Se utilizado corretamente, o DIU deve impedir a gravidez. No entanto, se por algum motivo ela ocorrer, provavelmente será ectópica;
- Gravidez após cirurgia de laqueadura. Embora a gravidez após a ligadura tubária seja rara, se isso acontecer, é mais provável que seja ectópica.
Sintomas:
No início, a gravidez ectópica é sentida como uma gravidez normal, mas outros sinais vão surgindo ao decorrer da evolução da gestação. Veja os sintomas:
- Atraso na menstruação;
- Seios sensíveis e inchados;
- Cansaço;
- Enjôo;
- Aumento da micção;
- Hemorragia vaginal, que pode ser leve;
- Dor abdominal ou dor pélvica, geralmente seis a oito semanas após a ausência de menstruação;
- Sangramento vaginal moderado ou intenso;
- Dor no coito ou durante um exame pélvico;
- Tonturas, vertigens ou desmaio causado por hemorragia interna;
- Sinais de choque hipovolêmico.
*A maioria das gestações ectópicas pode ser detectada através de um exame pélvico de ultrassonografia e exames de sangue.
O que é laqueadura nas trompas?
A Laqueadura nas trompas consiste no bloqueio das tubas uterinas como método de anticoncepção definitivo. Nesse sentido, a obstrução voluntária impossibilita o encontro do óvulo com os espermatozoides, evitando assim a gravidez. Desta forma, a esterilização feminina é realizada em pacientes que não querem mais engravidar ou, por algum motivo de saúde, não podem mais gestar.
De acordo com os dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a eficácia da laqueadura é de cerca de 99%. Nesse sentido, no caso de mulheres casadas, é necessário também o consentimento do marido. Aliás, o mesmo vale para a vasectomia, que é a cirurgia de esterilização masculina.
Sendo assim, antes de decidir passar por uma cirurgia de laqueaduras de trompas, é necessário debater o assunto com um médico, para ter a certeza sobre o procedimento, já que a sua reversão pode ser complexa.
Tipos de Laquedura:
Existem diversas técnicas de laqueadura tubária, podendo ser realizadas através de incisão abdominal, vaginal ou histeroscopia. Confira cada uma:
Minilaparotomia
Esse método consiste na realização de pequenas incisões no abdômen. Após isso, as trompas são trazidas para cima, e o cirurgião remove uma pequena parte ou toda a extensão de cada uma delas.
Outra alternativa, é a utilização de clipes para bloquear as tubas uterinas, mas essa técnica não é usada tão frequentemente.
Laparoscopia
A laparoscopia consiste no uso de um laparoscópio, um catéter com uma câmera acoplada, para que o médico possa visualizar os órgãos abdominais e, então, bloquear as trompas.
A introdução do aparelho, dessa forma, é feita através do umbigo ou por meio de um ou dois cortes em determinados pontos do abdômen. Quando o médico consegue visualizar as trompas, elas são removidas com técnicas eletrocirúrgicas, ou por meio de clipes.
Histeroscopia
A histeroscopia é realizada sem qualquer incisão na pele e pode ser feita em consultório médico com anestesia local. Nesse tipo de cirurgia, por sua vez, é colocado um pequeno implante através da vagina, até a abertura das trompas, bloqueando a passagem de espermatozoides e óvulos. Atualmente, é a técnica de Laqueadura mais usada e onde é colocado um um “stent tubário”, parecido com uma mola.
Quem fez laqueadura pode engravidar novamente?
A reversão da laqueadura só pode ser realizada quando a porção final da tuba uterina não foi retirada ou nos casos em que não se encontre muito deformada. Nesse sentido, a reversão não tem uma taxa de sucesso alta.
Por esse motivo, a recomendação é que a reversão da laqueadura tubária seja considerada como uma opção adequada para mulheres mais jovens, com idade inferior a 35 anos, sem que apresente qualquer outro fator de infertilidade.
Sendo assim, as pacientes que não conseguem reverter a laqueadura ou têm problemas nas trompas de falópio e querem ainda engravidar, não desanimem. Graças ao avanço da medicina reprodutiva, existem tratamentos que podem realizar o sonho da maternidade. Clique aqui e confira: