A gravidez ectópica, ou gravidez extrauterina, é aquela que acontece fora do útero, ou seja, ocorre quando o embrião (óvulo fecundado) é implantado de forma equivocada fora da cavidade uterina.
Para entender melhor a gravidez ectópica, é importante lembrar que a fecundação do óvulo pelo espermatozoide acontece normalmente nas Trompas de Falópio, a partir de uma relação sexual. Desta forma, o encontro dos gametas feminino e masculino dá origem ao embrião que se desloca até o útero, onde ocorre a implantação. Esse processo, chamado de nidação, marca o início de uma gravidez normal (gravidez tópica).
No entanto, se ocorrer estreitamento ou bloqueio da trompa, o embrião pode não conseguir chegar até o útero e, portanto, sua implantação ocorre em outros lugares. Nesse sentido, a gravidez ectópica geralmente ocorre em uma das Trompas de Falópio (na forma de gravidez tubária), mas pode se dar também em outros locais, como ovário, colo do útero e abdômen.
Dessa forma, o embrião que se fixa fora da cavidade uterina não encontra o ambiente necessário para seu desenvolvimento, e assim não sobrevive. Além, disso, a gravidez ectópica pode colocar a saúde da mãe em risco. Portanto, em quase todos os casos, ela ocorrer a sua interrupção.
Tipos de gravidez ectópica
A gravidez ectópica ou gestações fora do útero corresponde a cerca de 1% de todas as gravidezes, e o diagnóstico costuma acontecer ao redor da 8ª semana de gravidez.
Na grande maioria dos casos, esse tipo de gestação ocorre em uma das trompas, mas também pode acontecer no ovário, cervix (colo do útero) e cavidade abdominal.
Tubária
Ocorre quando o embrião implanta-se nas Trompas de Falópio. Responsável por cerca de 95% dos casos de gravidez ectópica, a gravidez tubária pode causar rompimento da tuba (gravidez ectópica rota) e hemorragia, colocando a vida da mãe em risco.
Gravidez ovariana
Acontece quando a implantação do embrião ocorre no ovário e pode se confundir com um cisto.
Gravidez cervical (colo do útero)
É quando o embrião se implanta no colo do útero, podendo gerar hemorragia intensa.
Gravidez ectópica abdominal
Se caracteriza pela implantação do embrião dentro da cavidade peritoneal, entre os órgãos. Nesse sentido, o crescimento do bebê comprime órgãos, o que pode ocasionar o rompimento dos vasos sanguíneos, pondo a mãe em risco. No entanto, há relatos de mulheres que conseguiram que o bebê chegasse às 38 semanas de gestação, sendo realizada uma cesariana para o nascimento.
Gravidez heterotópica
É quando em uma gestação gemelar, um embrião se desenvolve no útero e outro trompa, mas geralmente só ocorre o diagnóstico depois do rompimento da tuba.
Gravidez ectópica: quais os principais sintomas?
A gravidez ectópica pode apresentar sintomas semelhantes à uma gravidez tópica, ou seja, à gravidez intrauterina. Nesse sentido, algumas mulheres sentem enjoos, notam o aumento dos seios e têm atraso da menstruação.
Além disso, a gestação que ocorre fora do útero frequentemente apresenta resultado positivo nos testes na gravidez. Dessa forma, a gravidez ectópica pode passar despercebida já que os sintomas iniciais confundem-se com os de uma gravidez normal.
Porém, ao redor da 6ª a 8ª semanas de gestação, os sinais da gravidez ectópica ficam mais evidentes, principalmente a dor. Desta forma, as mulheres devem procurar um médico, com urgência, para que ele possa avaliar cada caso e determinar os riscos.
Nesse sentido, uma possível complicação é a gravidez ectópica rota, quando o embrião que está se desenvolvendo nas trompas já é grande o suficiente para romper a trompa da gestante. Nestes casos, o sangramento pode ser volumoso, e a paciente corre risco de entrar em choque circulatório.
E atenção: a melhor forma de confirmar se o embrião está se desenvolvendo fora do útero é através da ultrassonografia, que o médico deve solicitar.
Causas da gravidez ectópica
Como já vimos, gravidez ectópica pode ocorrer com qualquer mulher. Porém, alguns fatores influenciam o desenvolvimento de uma gravidez fora da cavidade uterina.
Nesse sentido, infecções ou cicatrizes nas trompas de falópio podem causar obstrução, que impede a passagem do embrião até o útero. Além disso, malformação das trompas também acaba prejudicando o deslocamento do óvulo fecundado ao local onde deveria ocorrer sua implantação.
Qual é o tratamento para gravidez ectópica?
O tratamento para gravidez ectópica pode ser feito de duas formas: através do uso de medicamentos, que induzem o aborto, ou por meio de cirurgia para retirada do embrião e reconstrução da trompa. Nesse sentido, o médico avalia o tempo de gestação, bem como o local onde o embrião está implantado para decidir qual o melhor tratamento.
Quando indica-se remédios?
Quando a descoberta da gravidez ectópica é antes das 8 semanas de gestação e o embrião é muito pequeno, é possível que o médico indique o uso do Metotrexato 50 mg, remédio para interromper a gestação. Para isso, é necessário que não haja rompimento da trompa, que o saco gestacional tenha menos de 5 cm, e que exame Beta HCG seja inferior a 2.000 mUI/ml.
Quando indica-se cirurgia?
A indicação para a cirurgia para retirar o embrião ocorre quando ele tem mais de 4 cm de diâmetro, o exame Beta HCG tem mais de superior a 5000 mUI/ml ou quando há evidências de ruptura da trompa.
Veja os tipos de cirurgia abaixo:
- Cirurgia minimamente invasiva, como uma laparoscopia, para remoção do tecido remanescente da gravidez ectópica e reparação ou remoção da trompa de falópio afetada.
- Cirurgia para remoção total ou parcial da trompa de falópio se a trompa estiver alargada ou tiver ocorrido o rompimento.
Durante o tratamento da gravidez ectópica, recomenda-se:
- Não fazer o exame de toque vaginal porque pode causar ruptura dos tecidos;
- Não ter contato íntimo;
- Evitar a exposição ao sol porque o remédio pode manchar a pele;
- Não tomar anti-inflamatórios devido o risco de anemia e problemas gastrointestinais relacionados ao remédio.
É possível engravidar novamente após uma gravidez ectópica?
Sim, é possível engravidar novamente após uma gravidez ectópica. Cerca de 65% das mulheres que tiveram gestação tubária e realizaram a cirurgia conseguem engravidar de novo depois de 12 a 18 meses. Nesse sentido, vale ressaltar que o sucesso de uma nova gestação vai depender dos danos que a gravidez tubária anterior provocou no aparelho reprodutor feminino.
Dessa forma, se as trompas de falópio não sofreram dano, a mulher tem chances de voltar a engravidar, mas se uma das trompas rompeu ou ficou lesionada, a probabilidade de engravidar de novo é menor. Além disso, se as duas trompas comprometeram-se, a solução para uma nova gravidez será recorrer à fertilização in vitro.
Nesse sentido, é importante esclarecer que a mulher que passou por uma gestação ectópica continuará a ovular, ou seja, vai produzir óvulos capazes de gerar uma nova gravidez natural ou com ajuda da medicina reprodutiva.
Como vimos, a gravidez ectópica pode causar dificuldades para a mulher engravidar novamente de forma natural. Porém, uma nova gestação pode ser viável com a ajuda da reprodução assistida. Acesse o link abaixo veja como realizar o sonho de ter um filho.