Você sabia que a fertilidade masculina é afetada pela idade? Sim, assim como nas mulheres, o envelhecimento masculino pode dificultar a gravidez.
Nesse sentido, estudos revelam que após os 40 anos, a qualidade do sêmen piora e o tempo para obter a gestação aumenta em relação aos homens mais jovens. Além disso, há mais chance de comprometer o desenvolvimento e a saúde do bebê.
No texto a seguir você vai descobrir os fatores que influenciam a fertilidade masculina, qual a relação com o avanço da idade e que tratamentos da Reprodução Assistida podem ajudar homens mais velhos a terem filhos.
Quais fatores influenciam a fertilidade masculina?
É importante saber que a fertilidade masculina começa a partir do momento em que os órgãos sexuais estão maduros e capazes de produzir espermatozoides, o que acontece por volta dos 12 anos. Desta forma, se não houver nenhuma alteração no processo de produção dos gametas, o homem pode se manter fértil até o fim da vida.
No entanto, segundo alguns estudos, a partir dos 40 anos começa a diminuir a fertilidade dos homens, pois há uma redução na qualidade dos espermatozoides. Além da idade, outros fatores também podem interferir na fertilidade masculina. Veja quais são:
- Prostatites;
- Uretrites;
- Infecções urinárias;
- ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis);
- Criptorquidia;
- Varicocele;
- Tratamento de quimioterapia e radioterapia;
- Doenças neurológicas;
- Medicamentos;
- Traumas testiculares;
- Má alimentação;
- Consumo excessivo de álcool e tabaco;
- Obesidade;
- Diabetes;
- Consumo de drogas ilícitas.
Entenda a relação da idade com a fertilidade masculina
Como já vimos, embora o homem continue produzindo espermatozoides ao longo da vida, o avanço da idade tem influência na fertilidade masculina.
Isso porque, a partir dos 40 anos, os níveis de testosterona no organismo começam a diminuir em média 1% ao ano. Além disso existe uma redução no volume de ejaculação ao longo da vida.
Veja a relação da idade com a fertilidade masculina a seguir:
Fertilidade Masculina e idade
Diferente das mulheres que têm um período fértil mais curto, os homens passam vários anos com uma vida reprodutiva ativa. Porém, entre os 20 e os 40 anos eles possuem uma facilidade maior de reprodução.
De acordo com uma pesquisa da Faculdade de Medicina de Harvard e do Centro Médico Diaconisa Beth Israel, nos Estados Unidos, a idade do homem tem um impacto significativo sobre as chances de um casal ter filhos de forma natural. Nesse sentido, o estudo analisou 19 mil Fertilizações In Vitro (FIV) feitas entre 2000 e 2014. Para isso, os homens envolvidos na pesquisa foram divididos em quatro faixas etárias:
- 35 anos ou menos;
- Entre 35 e 40 anos;
- Entre 40 e 42 anos;
- 42 anos ou mais.
A pesquisa concluiu que as mulheres entre 40 e 42 têm as menores chances de engravidar com óvulos próprios. Nesse caso, devido à baixa probabilidade de conceber, a influência da idade masculina não foi levada em consideração.
Já no grupo que possui entre 35 e 40 anos, as mulheres que tentam conceber um filho com homens de idade similar, geram bebês em 54% dos casos. No entanto, quando se relacionam com homens em idade inferior a 30 anos, as chances de gravidez sobem para 70%.
Da mesma forma, as mulheres com menos de 30 anos, com parceiros com idade entre 30 e 40 têm 73% de chance de ter um bebê, sendo que essa taxa cai para 46% quando os homens estão entre 40 e 42 anos.
Por fim, a pesquisa concluiu que mulheres entre 30 e 35 anos têm 50% de chances de engravidar de parceiros com idade similar, e o número reduz para 46% com homens mais velhos.
Até que idade o homem pode ter filhos?
Como já vimos, o homem pode ter filhos enquanto produz espermatozoides, ou seja, até o fim da vida. Desta forma, com 70 ou 80 anos ele ainda pode gerar uma criança.
No entanto, com o passar da idade, a qualidade do espermatozoide vai diminuindo e aumenta o risco de malformações congênitas, abortos e doenças genéticas. Além disso, existem algumas enfermidades, tratamentos ou medicações que podem fazer os homens pararem de produzir os gametas e assim se tornarem inférteis.
Contudo, se forem saudáveis, conseguem gerar uma criança mesmo sendo idosos.
Pais mais velhos podem gerar filhos com problemas?
A resposta é sim! Como já vimos, com o avanço da idade há uma redução na qualidade dos gametas masculinos, diminuindo a capacidade reprodutiva dos homens.
Sendo assim, à medida que os homens envelhecem, há mais risco de ocorrer alterações cromossômicas no espermatozoide, o que pode causar alterações genéticas nos embriões. Além disso, mesmo após uma concepção bem-sucedida, a idade paterna avançada pode estar associada a outros problemas de gravidez como abortos, partos prematuros e mortes fetais.
Da mesma forma, é importante levar em consideração estudos indicando que as chances dos filhos nascerem ou desenvolverem certas doenças aumentam nos casos em que o pai tem mais de 42 anos. Por esta razão, os bancos de sêmen no Brasil não aceitam doadores com idade superior a 40 anos. Alguns exemplos são:
- Esquizofrenia;
- Autismo;
- Transtorno bipolar;
- Distúrbios de Deficit de Atenção (TDA).
Com quantos anos o homem começa a ficar impotente?
Não existe uma idade esperada para a impotência sexual. Isto porque a disfunção erétil pode acontecer por múltiplas causas e uma das principais é a questão psicogênica de origem emocional. Desta forma, o problema tem chance de ocorrer desde a primeira relação sexual na adolescência, na vida adulta ou na velhice, entretanto sempre é necessário excluir causas orgânicas (diabetes, alterações de colesterol, problemas hormonais, hipertensão arterial e tabagismo, por exemplo).
Nesse sentido, é importante esclarecer que homens mais velhos podem ter uma diminuição da produção da testosterona e isso acarretar, em algumas situações, uma disfunção sexual. Sendo assim, o Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM), geralmente acontece a partir dos 60 anos e pode resultar em impotência.
Exames de avaliação da fertilidade masculina
Atualmente, existem vários métodos capazes de diagnosticar as características e capacidade de produção de espermatozoides. Para isso, o médico poderá solicitar os seguintes exames:
Espermograma
O espermograma é o exame inicial e o principal parâmetro para avaliar a fertilidade masculina. Nesse sentido, é realizado em clínica especializada e o homem precisa estar entre 2 e 5 dias de abstinência sexual. Nele são avaliadas as características do sêmen, como:
- Viscosidade;
- pH;
- Quantidade de espermatozoides por ml de sêmen;
- Forma;
- Motilidade;
- Concentração de espermatozoides vivos.
Dosagem de testosterona
A testosterona é responsável por estimular a produção de espermatozoides, estando, portanto, diretamente relacionada com a capacidade reprodutiva do homem.
Ultrassonografia de testículos
Para um diagnóstico mais preciso, o urologista poderá solicitar a ultrassonografia testicular, para confirmar alterações nos órgãos genitais que possam interferir na fertilidade masculina, por exemplo, varicocele e nódulos testiculares.
4 procedimentos de Reprodução Assistida que ajudam homens mais velhos a terem filhos
Existem alguns procedimentos que a Medicina Reprodutiva oferece para ajudar os pais mais velhos a conseguirem engravidar. Desta forma, é possível avaliar as alterações nos espermatozoides e possibilitar uma gravidez saudável para o casal e para o bebê. Confira quais são:
Análise da Taxa de Fragmentação do DNA Espermático
O teste de fragmentação do DNA espermático é um exame específico que avalia a taxa de gametas masculinos fragmentados. Dessa forma, é uma avaliação mais profunda da qualidade do sêmen, que analisa a estrutura genética dos gametas. Nesse sentido, o teste complementa a avaliação convencional de um espermograma comum e já é indicado para todos os homens acima de 40 anos.
Vale lembrar que o espermatozoide só consegue chegar até o óvulo para fecundá-lo se o seu material genético estiver íntegro. Se houver danos no DNA, mesmo que pequenos, é possível que a capacidade reprodutiva do gameta esteja comprometida.
Punção testicular
Para o tratamento de FIV é necessário se obter gametas masculinos para a fertilização do óvulo em laboratório. Nesse sentido, quando se tem uma alta taxa de espermatozoides ejaculados com Fragmentação do DNA, é possível fazer uma coleta diretamente do testículo.
Nesse sentido, com a punção testicular capta-se espermatozoides de maior qualidade, que recém tenham sido produzidos no órgão. Além disso, a punção testicular também é realizada em casos de homens com azoospermia, ou seja, quando não apresentam espermatozoides no líquido ejaculado.
Da mesma forma, o procedimento também é indicado para quem tem obstrução dos ductos deferentes por infecção e para homens que fizeram vasectomia e que não pode ser revertida. A técnica também ajuda nos tratamentos de homens que não conseguem ejacular por comprometimento do sistema nervoso, como neuropatia diabética, paraplegia e tetraplegia.
Congelamento de Sêmen
O congelamento de sêmen é um procedimento que tem como objetivo preservar a fertilidade masculina. Nesse sentido, o sêmen (obtido por meio de masturbação ou por punção do epidídimo ou testicular) é criopreservado a uma temperatura de -196ºC para ser utilizado em uma futura fecundação.
O procedimento é complementar às técnicas de Reprodução Assistida, que é indicada em situações de infertilidade ou preservação da fertilidade. Desta forma, o material congelado pode ser descongelado e utilizado posteriormente em tratamentos de Fertilização In Vitro (FIV) ou Inseminação Artificial (IA).
Nesse sentido, geralmente é indicado para ser feito antes de situações que podem prejudicar a capacidade reprodutiva do homem como:
- Homens que têm a indicação de tratamento contra o câncer como quimioterapia ou radioterapia;
- Homens que desejam fazer vasectomia, mas querem manter a possibilidade da paternidade futura;
- Homens que irão fazer alguma cirurgia que possa interferir na capacidade reprodutiva, como na próstata e no testículo;
- Homens que estão muito expostos a agentes químicos, radioativos ou tóxicos;
- Homens com doenças degenerativas.
Além disso, o congelamento de sêmen ainda é recomendado para o parceiro que não pode estar presente na data da Fertilização In Vitro. Da mesma forma, o procedimento também é realizado em homens que se voluntariam para realizar a doação de sêmen, através dos bancos de sêmen.
Fertilização In Vitro com ICSI
A técnica de Fertilização In Vitro com ICSI pode ser usada em diversos casos, mas possui indicação especial quando o problema de infertilidade é por fator masculino. Dessa forma, nas situações onde há baixa quantidade de espermatozoides, problemas de motilidade (astenozoospermia) ou morfologia (teratozoospermia), por exemplo, a ICSI potencializa as chances de fecundação do óvulo.
Nesse sentido, a ICSI, ou Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides, é uma das técnicas de alta complexidade de tratamento dentro da Reprodução Humana Assistida. Atualmente, essa é a técnica é utilizada na grande maioria dos procedimentos de FIV, por conta das suas taxas de sucesso.
Esse procedimento se diferencia de uma FIV tradicional, pois os espermatozoides são selecionados e injetados, um a um, dentro de cada óvulo para que ocorra a fecundação. Nestes casos, a fertilização não ocorre espontaneamente, e há total interferência do embriologista.
Veja alguns casos quando a ICSI pode ajudar:
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