A Adenomiose é uma doença ginecológica caracterizada pela presença de tecido endometrial (camada interna do útero) misturada ao miométrio (camada muscular do próprio útero). A mescla destas camadas uterinas levam à inflamação do local provocando dor, sangramento e cólicas fortes, especialmente durante o período menstrual.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada dez mulheres no mundo pode sofrer com a doença, que muitas vezes não manifesta sintomas. Entretanto, quando os sinais aparecem, podem causar um grande desconforto, diminuindo assim a qualidade de vida das pacientes.
Entenda as camadas do útero
Para entender melhor a adenomiose, é importante saber quais são as camadas do útero e suas funções:
Endométrio:
É a parede interna do útero que possui uma grande quantidade de vasos sanguíneos e glândulas. É lá que o embrião se implanta e se desenvolve durante a gestação.
Nesse sentido, durante cada ciclo menstrual, o corpo prepara o endométrio para uma possível gravidez. Cerca de sete dias antes da ovulação ocorrer, o endométrio se transforma. Ele fica mais espesso, mais vascularizado e mais rico em glândulas para receber o embrião.
Entretanto, se o óvulo liberado não for fecundado, os estímulos hormonais para a proliferação do endométrio cessam. Sendo assim, toda aquela parede espessa desaba, provocando a menstruação.
Miométrio:
É a camada intermediária do útero onde só há músculo. Por isso é o responsável pela contração uterina durante o trabalho de parto, fazendo com que o feto seja expulso da cavidade uterina. Sendo assim, na menstruação, o miométrio também se contrai, ajudando a eliminar os restos de endométrio que descamou. Dessa forma, intensas contrações do miométrio são a causa das cólicas menstruais.
Serosa:
Camada externa, que separa o útero de outros órgãos.
Adenomiose: quais são os seus principais sintomas?
É uma doença mais prevalente em mulheres em idade reprodutiva. Estima-se que um terço delas sejam assintomáticas. Porém, quando a doença se manifesta, pode causar muitos sintomas, incluindo dificuldade para engravidar. Para as mulheres que desenvolvem a doença, os principais sintomas são:
É importante ressaltar que, apesar da dor intensa e de sangramentos anormais, essa doença é benigna. Além disso, sua classificação pode ser superficial, intermediária e profunda, dependendo de quantas camadas de músculos são afetadas e dos tamanhos dos fragmentos endometriais.
Nesse sentido, a freqüência e a gravidade do quadro clínico estão relacionadas com a sua extensão. Dessa maneira, a adenomiose é classificada em dois tipos:
Focal ou Localizada:
Caracterizada pela presença das glândulas e tecido endometrial em determinada região do útero. Nesse sentido, quando se localiza a adenomiose, o tecido endometrial pode formar nódulos, tornando-se similar com um mioma.
Difusa:
Caracterizada pela presença das glândulas e tecido por toda a extensão interna do útero. Dessa forma, o útero pode aumentar de tamanho, chegando a ter o volume semelhante ao de uma gravidez de 11 ou 12 semanas.
Adenomiose: conheça suas causas
As causas da adenomiose ainda não estão muito bem desvendadas. Algumas teorias sugerem que a doença tenha origem congênita, como se fosse uma má-formação do útero na fase embrionária.
Porém, a teoria mais recorrente é que a adenomiose seja uma doença adquirida durante a vida. Ou seja, como resultado de traumas no útero que tenham rompido a barreira entre o endométrio e o miométrio.
As principais situações que podem gerar a adenomiose são:
- Gravidez;
- Cirurgia de cesariana;
- Curetagem;
- Ligadura de trompas.
Sabe-se também que a adenomiose tem influência dos hormônios femininos. Nesse sentido, os sintomas da doença costumam piorar com o passar dos anos, mas depois melhoram na menopausa.
Dessa forma, a adenomiose é mais frequente em mulheres entre os 35 a 50 anos de idade e que já engravidaram. Porém, algumas pacientes mais jovens e sem filhos também podem ter a disfunção, sendo mais comum naquelas submetidas a cirurgias no útero, como a curetagem.
Além das situações citadas acima, outros fatores parecem colaborar com o aparecimento da adenomiose, tais como a primeira menstruação (menarca) precoce e ciclos menstruais curtos.
Adenomiose e endometriose são a mesma coisa?
Apesar da adenomiose e a endometriose tratarem de doenças relacionadas ao tecido endometrial, elas são doenças diferentes.
Como já vimos anteriormente, o endométrio é a parede interna do útero muito vascularizada e cheia de glândulas. Nesse sentido, quando não há fecundação, esta parede descama e gera o sangramento da menstruação.
As duas doenças são causadas pelo deslocamento anômalo de alguns fragmentos do endométrio que e se depositam em diferentes regiões. Confira:
Endometriose:
Por motivos ainda desconhecidos, pequenos pedaços de endométrio podem surgir fora da cavidade uterina. Exemplos destes aparecimentos estão nas trompas, ovários, vagina, peritônio, intestino, bexiga e região atrás do colo do útero.
Quando isso ocorre, toda vez que a mulher fica menstruada, esse pequeno fragmento de endométrio também sangra, provocando grande irritação ao seu redor. Dessa forma, a presença atípica de tecido endometrial fora do útero recebe o nome de endometriose.
Adenomiose:
A adenomiose é uma doença semelhante à endometriose. Porém, neste caso, a presença do endométrio não ocorre em outros órgãos, mas sim dentro do miométrio, que é a camada muscular do próprio útero.
Sendo assim, toda vez que a mulher fica menstruada, também há um sangramento dentro da musculatura do útero, o que provoca grande irritação do mesmo. Nesse sentido, podemos dizer que a adenomiose é uma endometriose que ocorre no próprio útero.
Como diagnosticar a adenomiose?
O diagnóstico da adenomiose é feito pelo ginecologista, geralmente através da observação de sintomas, como dor, sangramentos intensos e queixa de dificuldade para engravidar. A partir daí, são realizados exames físicos e de imagens, como ressonância magnética ou ultrassonografia transvaginal.
Dentre os métodos, a ressonância magnética é o de maior sensibilidade para o diagnóstico da doença.
Entenda como é feito o tratamento da adenomiose
O tratamento da adenomiose será definido pelo médico de acordo com a gravidade e a extensão da disfunção. Nesse sentido, as intervenções podem ser feitas com remédios ou através de cirurgia, dependendo de cada situação. Os tratamentos mais utilizados são:
A adenomiose pode afetar a gravidez?
A adenomiose pode afetar a fertilidade gerando complicações como gravidez ectópica, abortos de repetição, dificuldade de fixação do embrião no útero, entre outros problemas. Algumas destas complicações podem surgir, pois a doença altera o funcionamento do organismo, como:
- O aumento da produção de outros hormônios, que podem elevar a contratilidade do útero, que acaba expulsando o embrião da cavidade do endométrio;
- O organismo entra em um constante processo de cicatrização, diminuindo a produção de progesterona, hormônio essencial para a fertilização e implantação do embrião;
- A resposta inflamatória do organismo aumenta a produção de radicais livres, podendo comprometer a qualidade de óvulos, espermatozoides e embriões.
Nesse sentido, é recomendado o acompanhamento regular de um médico especialista para que sejam administradas e/ou evitadas essas situações. Entretanto, vale lembrar que os sintomas de adenomiose surgem geralmente após a gravidez, devido ao estiramento do útero. Por isso, a maioria das mulheres consegue engravidar e ter filhos antes do aparecimento da doença.
Tenho adenomiose e quero engravidar. E agora?
Para aquelas mulheres que possuem adenomiose e ainda querem engravidar, deve-se pensar em opções cirúrgicas e medicamentosas para conseguir alcançar o sonho da maternidade.
O tratamento de cirurgia, geralmente, é feito por videolaparoscopia, mas só é possível para lesões focais tipo adenomiomas. Neste sentido, alguns estudos mostram melhora da fertilidade e das taxas de gravidez após Fertilização in Vitro (FIV). Isso em pacientes que retiraram parte ou toda lesão de adenomiose.
Já para as lesões difusas, que são a maioria, o tratamento clínico com anticoncepcionais por períodos de 3 a 6 meses é o mais indicado. O propósito desse tratamento é induzir uma remissão temporária da doença, para aumentar, na sequência, as chances de gestação. Dessa forma, há em muitos casos, uma melhora das condições para implantação do embrião após tratamento de reprodução assistida.
Sendo assim, a Fertilização in vitro (FIV) é a técnica mais indicada para estas situações. Por esta razão, se você tem adenomiose e não está conseguindo engravidar, baixe o nosso ebook com todas as informações sobre a FIV e veja como você pode aumentar as chances de gravidez nestes casos.