Muitas pessoas têm dúvidas, mas a vasectomia é reversível. Também chamada de deferentectomia, é um procedimento cirúrgico de baixa complexidade que interrompe o fluxo de espermatozoides do saco escrotal até as vesículas seminais. Nesse sentido, é um método contraceptivo com cerca de 99% de eficácia, escolhido por muitos homens e casais que querem evitar uma gravidez indesejada. Sendo assim, de acordo com dados do SUS (Sistema Único de Saúde), o número de vasectomias realizadas no Brasil cresceu mais de 300% entre 2001 e 2017.
Para entender a vasectomia, é importante explicar que os gametas masculinos são produzidos nos testículos e armazenados no epidídimo, onde amadurecem e ganham mais mobilidade. Portanto, quando há estímulo sexual, eles passam pelo ducto deferente até a uretra, onde se juntam ao sêmen formado por secreções das vesículas seminais e da próstata.
No caso da vasectomia, os ductos deferentes, que ficam logo abaixo da pele, são cortados através uma pequena incisão de cada lado da bolsa escrotal, e bloqueados com sutura. Dessa forma, os espermatozoides não serão mais ejaculados no líquido seminal.
Ou seja, a fabricação dos gametas continua após a vasectomia, porém ficam retidos no epidídimo, sendo absorvidos pelo organismo em cerca de 90 dias. Dessa maneira, o homem continua ejaculando, mas sem espermatozoides, o que inviabiliza a gravidez.
Vasectomia é reversível?
A vasectomia é reversível a partir do procedimento cirúrgico que visa recuperar a capacidade reprodutiva do homem vasectomizado que deseja gerar filhos. Por isso, como já vimos, na vasectomia são seccionados os canais deferentes, ductos fundamentais para a fertilidade masculina e que conduzem os espermatozoides dos testículos até as vesículas seminais.
Dessa forma, na reversão da vasectomia, esses ductos são religados, permitindo novamente a passagem dos espermatozoides para que se misturem ao líquido seminal e sejam ejaculados. No entanto, vale ressaltar que este não é um procedimento com sucesso garantido. As chances de restabelecer uma boa contagem de espermatozoides no sêmen e efetivamente conseguir nova gravidez é inversamente proporcional ao tempo da cirurgia realizada.
Como é feita a reversão da vasectomia?
A reversão da vasectomia é feita a partir de uma cirurgia minuciosa e delicada. Sendo assim, o procedimento consiste na religação (anastomose) dos canais deferentes, que tem diâmetros muito pequenos, com décimos de milímetros. Dessa forma, é preciso o uso de microscópio cirúrgico, fios e instrumentais de microcirurgia.
Nesse sentido, o médico inicia a reversão fazendo duas incisões verticais no escroto, uma de cada lado. Com a exposição do testículo e do cordão espermático, se faz uma secção no ducto deferente que possibilita analisar a secreção vinda do epidídimo. A partir dessa análise o especialista define qual a técnica cirúrgica para a reversão de vasectomia: a vaso-vasostomia ou a epidídimo-vasostomia.
Vaso-vasostomia
Geralmente utiliza-se a técnica de vaso-vasostomia quando a análise da secreção do epidídimo é clara, fluida, abundante e indica presença de espermatozoides. Dessa forma, os indicativos sugerem que não há uma obstrução a nível do epidídimo e, portanto, a religação dos ductos nesta região tem chances de sucesso.
Epidídimo-vasostomia
Indaca-se a técnica de reversão epidídimo-vasostomia quando a análise da secreção se mostra cremosa ou pastosa e não sugere presença de espermatozoides. Dessa forma, há indicativos de uma possível obstrução mais para trás no epidídimo, ou que inviabiliza o uso da técnica vaso-vasostomia.
Reversão de vasectomia: como é a recuperação da cirurgia?
Independente da técnica escolhida para tornar a vasectomia reversível, o paciente precisa passar por um período de recuperação. Dessa forma, na fase pós operatória o homem deve seguir algumas orientações:
Quatro semanas após as primeiras ejaculações, realiza-se o primeiro espermograma para análise da amostra de sêmen. Sendo assim, é muito comum que nesta primeira avaliação os espermatozoides ainda não estejam aparentes, o que pode ocorrer passados alguns meses do procedimento.
Toda vasectomia é reversível?
Sim. Na grande maiorias dos casos a reversão da vasectomia é possível. Inclusive, cerca de 5% dos pacientes vasectomizados mudam de ideia e procuram pela reversão. Nesse sentido, vale ressaltar que embora a cirurgia de vasectomia seja um procedimento reversível, a restauração da fertilidade depende de vários fatores:
- Tempo decorrido entre a vasectomia e a sua reversão: quanto menor for esse intervalo de tempo, maiores as chances de recuperação da fertilidade;
- Técnica empregada na vasectomia: As técnicas que preservam melhor os canais deferentes, evitando lesões e ressecções extensas dos mesmos, apresentam melhores taxas de sucesso de suas reversões;
- Qualidade da cicatrização do paciente;
- Produção testicular de espermatozoides, habitualmente mantida após a vasectomia;
- Presença de espermatozoides no líquido do canal deferente no intraoperatório da reversão, e de seu aspecto macroscópico;
- Experiência e habilidade do urologista.
A vasectomia é reversível, mas pode dar errado?
Como vimos, a vasectomia é reversível, porém, como qualquer procedimento cirúrgico, pode ocorrer complicações ou até mesmo dar errado. Desta maneira, é preciso estar atento a possíveis falhas:
Falhas precoces
É a ausência de espermatozoides nos espermogramas realizados no pós-operatório. Isto pode ocorrer devido a problemas técnicos cirúrgicos, seja na técnica em si, ou por haver uma obstrução no epidídimo não identificada durante a cirurgia.
Falhas tardias
A falha tardia na reversão da vasectomia é configurada pelo aparecimento inicial de espermatozoides nos exames, porém ocorre a diminuição da contagem ou da qualidade dos espermatozoides em resultados posteriores. Este problema pode ter causa por re-obstrução, por falha técnica ou devido à inflamação ou cicatrização exagerada.
Gravidez após a reversão de vasectomia
Normalmente, a principal motivação do homem que procura a reversão da vasectomia é recuperar sua capacidade reprodutiva, e desta forma, conseguir engravidar sua parceira por meio da relação sexual. Nesse sentido, quando o procedimento dá certo, o homem volta a ter espermatozoides no líquido seminal e passa a ter chances gerar uma gravidez (fecundação) através de relação sexual.
Porém, caso o resultado da reversão da vasectomia não tenha sido o esperado, o casal não precisa desistir do sonho de ter um filho. Existem outras alternativas, através de técnicas de Reprodução Assistida, que possibilitam ao homem ter um filho biológico. Nesse sentido, a opção é fazer a coleta de espermatozoides diretamente do testículo ou do epidídimo. Dois protocolos distintos ajudam nesse processo, sendo eles:
• TESA (testicular sperm aspiration)
A aspiração de espermatozoides no testículo é um método simples que consiste na obtenção de espermatozoides através de aspiração percutânea (punção) do testículo. Indica-se para pacientes com azoospermia obstrutiva e não obstrutiva, ou anejaculação;
• PESA (percutaneous epididymal sperm aspiration)
A punção percutânea do epidídimo é um método simples de obtenção de espermatozoides através de aspiração percutânea do epidídimo. Recomenda-se para homens vasectomizados e com azoospermia obstrutiva.
Dessa forma, os gametas masculinos coletados são avaliados e podem ser usados para gerar uma gravidez através de técnicas de reprodução assistida como a Fertilização in Vitro (FIV). Para isso, a mulher também terá os óvulos coletados, após tratamento de indução através de hormônios, e a fecundação dos gametas, que ocorre em laboratório de embriologia. Quando o embrião estiver pronto, ocorre sua transferência ao útero e a gravidez deve ocorrer normalmente.
Como vimos, a reversão da vasectomia é uma forma de restaurar a fertilidade do homem. Além disso, outro fator que pode afetar a fertilidade masculina é a diabetes. Saiba mais sobre o assunto baixando o nosso e-book gratuitamente!