A cesárea ou cesariana é um tipo de parto que consiste essencialmente em um corte acima do púbis da mãe, passando por várias camadas da barriga até chegar ao útero. Nesse sentido, a cesárea é um procedimento cirúrgico no qual o médico obstetra abre um espaço via abdominal para a retirada do bebê.
Em regra geral, um nenê nasce de forma espontânea (parto normal) entre a 37ª e 42ª semana de gestação. Já a cesárea pode ser programada a partir das 39 semanas, pois é a idade gestacional em que se considera que toda a maturação do feto está completa. Nesse sentido, antes desta data, o bebê é considerado prematuro.
Apesar de ser um procedimento muito seguro na atualidade, a Organização Mundial da Saúde recomenda que a decisão de efetuar a cesárea deve do médico junto à paciente. Além disso, é preciso que se leve em consideração diversos fatores relacionados à saúde da mãe e do feto. Nesse sentido, em muitos casos, a cesariana não é uma questão de escolha, e sim uma necessidade.
Cesárea ou Cesária? Qual o termo correto?
Existe muita confusão na hora de escrever a palavra correta. Afinal de contas, é cesárea ou cesária? As duas palavras existem na língua portuguesa e estão certas; entretanto, seus significados são completamente diferentes. Por esta razão, atenção para o sentido de cada palavra:
Cesárea:
A palavra cesárea é uma forma reduzida da palavra cesariana, que pode ter sua origem na palavra em francês “césarienne” ou no latim “caedere”, que significa fazer uma incisão. Nesse sentido, a palavra cesárea é sinônimo de cesariana, referindo-se à operação cirúrgica de retirada do feto por um corte no ventre e útero da paciente.
Cesária:
Já a palavra cesária tem um significado completamente diferente. Refere-se a um aparelho usado para cortar e aparar cartão e metais.
Quando os especialistas recomendam a cesárea?
É cada vez mais frequente as mulheres optarem pela cirurgia de cesárea em vez de recorrerem ao parto normal. Nesse sentido, estima-se que uma a cada cinco mulheres escolhem esta técnica, principalmente para evitar as dores das contrações e do parto. Entretanto, o ideal é que ela não ocorra indiscriminadamente, pois, apesar de ser considerada uma técnica segura, o risco de morte é cerca de cinco vezes maior quando comparado a um parto normal.
Nesse sentido, a orientação é de que o médico só indique o procedimento caso seja necessário. Dessa forma, a escolha deve acontecer com base no histórico da paciente e na evolução do trabalho de parto.
Confira abaixo quando os especialistas recomendam a cesárea:
Falha na progressão do parto:
De forma geral, muitos médicos indicam uma cesárea nos casos em que a dilatação não está ideal e há falha na progressão da contração. O correto é que o médico tente estimular as contrações; porém, se mesmo assim o parto não for possível, recomenda-se a cesárea.
Placenta prévia:
Também se recomenda a cesárea quando ocorre sangramento nas últimas semanas de gestação em razão da implantação da placenta no colo do útero.
Descolamento prematuro da placenta:
Indica-se a cirurgia quando há o deslocamento prematuro da placenta, e o risco de mortalidade do bebê e da mãe é alto. Nesse sentido, a cesárea é feita se o feto ainda está vivo. Já em caso de morte, recomenda-se o parto normal para evitar maiores complicações, como perda excessiva de sangue.
Desproporção cefalopélvica:
Recomenda-se o procedimento cirúrgico quando o bebê está com peso elevado, com índice de massa corpórea maior que 25kg/m2, entre outras características que dificultam o parto normal.
Prolapso do cordão umbilical:
Esse quadro caracteriza-se pela saída do cordão umbilical pela vagina antes do bebê. Sendo assim, indica-se a cesariana porque a pressão no momento do parto pode fazer com que o bebê não receba sangue por um período de tempo.
Frequência cardíaca fetal não tranquilizadora:
Esse quadro representa um estado de hipoxia fetal intrauterina. Sendo assim, recomenda-se que a cesárea só aconteça após uma análise de outras características, como o aspecto do líquido amniótico, dilatação, entre outros.
Cesárea após a realização de uma cesárea anterior:
Muitos médicos optam pela cesárea nestes casos, pois o parto normal poderia ocasionar a ruptura da cicatriz do útero de uma cesárea realizada anteriormente.
Paciente com HIV ou outras doenças transmissíveis:
Aconselha-se a cesárea em casos em que a mãe pode transmitir uma infecção ou doença para o bebê durante o parto normal. Nas pacientes portadoras de HIV, por exemplo, é realizada a cesariana, pois esse tipo de parto reduz os riscos de transmissão do vírus.
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Gestação múltipla:
Em casos de gêmeos, deve-se analisar cada caso, avaliando o estado da mãe e dos bebês. Em geral, na gestação múltipla, é mais comum o médico recorrer à cesárea para evitar mortes por complicações durante um parto normal.
Cirurgia da cesárea: entenda como é feita
Apesar de o parto normal ser a melhor opção para o bebê nascer, há mulheres que, pelo bem da sua saúde e a do filho, precisam fazer uma cesárea. Portanto, veja o passo a passo de como é feito este procedimento cirúrgico.
Jejum
É recomendável que a gestante faça um jejum de 8 horas de alimentos sólidos e leite, e de 4 horas para água no período que antecede à cirurgia. Se a cesárea for de emergência, a gestante não terá grandes problemas por não ter jejuado, apenas a possibilidade de sentir um pouco de náusea durante a cirurgia.
Anestesia
Dentro do centro cirúrgico, ocorre a aplicação da anestesia, na região lombar da paciente, entre duas vértebras da coluna. A dor da picada não é intensa, mas é perceptível.
Nesse sentido, existem três tipos de anestesia que prezam pela possibilidade da mãe permanecer acordada durante o parto, mas sem sentir dor do peito para baixo: a raquidiana (ou raquianestesia), a peridural e o duplo bloqueio.
A escolha de qual anestesia aplicar será do médico e dependerá do quadro clínico da paciente, da situação do trabalho de parto, entre outros fatores. Vale lembrar que, em alguns casos mais graves, o obstetra pode ainda aplicar a anestesia geral para o procedimento cirúrgico.
O corte e a retirada do bebê
Depois da mãe ser anestesiada, o médico começa o procedimento cirúrgico propriamente dito. Nesse sentido, a cesárea acontece através de uma abertura na parede abdominal da paciente, normalmente através de uma pequena incisão na pele de 2 a 3 cm acima do osso púbico (região conhecida como “linha do biquíni”), com cerca de 10 cm de comprimento.
Depois, realizam-se mais oito aberturas nos tecidos por baixo da pele até chegar ao útero onde o feto é puxado. Fora da barriga, um médico avalia o bebê, que verificará sua oxigenação, cortará o cordão umbilical e o entregará para o neonatologista, para uma avaliação mais completa.
Dessa forma, se tudo correr bem, a mãe vê o nenê e, após, este é entregue ao acompanhante, enquanto a placenta é retirada e os pontos são dados em cada uma das camadas de tecido cortadas.
Alguns hospitais, após a finalização dos pontos e a recuperação da anestesia, permitem que a mãe segure e tente amamentar o bebê ainda na sala de cirurgia. Em outras instituições, todavia, levam a mãe para uma sala para se recuperar dos medicamentos. Após cerca de uma hora e meia, o efeito passa e a mãe pode segurar seu filho.
Duração da cesárea
O tempo de uma cesárea varia entre 30 a 60 minutos. Nesse sentido, a duração do procedimento cirúrgico vai depender se é a primeira cesariana ou se há anteriores, se é uma cesárea programada ou se vem em sequência de um trabalho de parto.
O que pode ocorrer durante e logo após a cirurgia de cesárea?
Por ser um procedimento cirúrgico, este tipo de parto tem algumas particularidades que podem assustar a paciente. Nesse sentido, esclarecemos aqui tudo o que ocorre durante a cesárea e que são completamente normais à cirurgia. Confira:
- Uso de sonda: Logo depois da anestesia, a equipe médica coloca uma sonda na mãe para esvaziar a bexiga. Realiza-se o procedimento, pois a paciente vai passar algum tempo deitada durante e após a cirurgia.
- Puxa-empurra durante o parto: A anestesia vai fazer com que a paciente não sinta dor, mas é possível sentir algumas sensações. Um dos exemplos é quando o bebê vai nascer. Neste momento, o médico faz força para posicioná-lo e ajudá-lo a sair e a paciente pode sentir algumas mexidas.
- Enjôo: Como a paciente fica deitada, a barriga pode comprimir a veia cava e causar enjôos e queda de pressão. Se isso acontecer, é só avisar o anestesista que ele vai aplicar os medicamentos necessários para corrigir qualquer alteração no seu metabolismo.
- Cheiro de queimado: Se você sentir um cheiro de queimado, não se assuste: é o bisturi elétrico. Ele é usado em quase todas as cirurgias e o odor é por conta da cauterização dos tecidos.
- Leve tremedeira: Pode ser de nervoso, frio ou até efeito da anestesia (que causa perda de calor), mas o fato é que a mãe pode tremer quando sair da sala de cirurgia. Os médicos sabem disso e, por esta razão, sempre colocam uma coberta antes da paciente ir para sala de recuperação.
- Coceira no nariz: A morfina usada na anestesia pode provocar uma coceira no corpo e no rosto, mas isso é normal e passa em 24h. Se for muito intensa, o médico pode receitar medicações adequadas para cessar o desconforto.
- Inchaço nos pés e nas mãos: Com o acúmulo de líquidos que acontece no seu organismo durante a gestação, é normal que a paciente fique inchada nos primeiros dias pós-parto, principalmente nos pés e nas mãos. Este inchaço ocorre principalmente nas mulheres que fazem cesárea, porque a grávida fica mais imobilizada depois da cirurgia. Nesse sentido, a mãe começa a desinchar uma semana após a cesárea. Vale lembrar que drenagem linfática também pode ajudar.
- A pressão pode cair ao se levantar: O jejum, as horas deitadas e os efeitos dos medicamentos podem fazer a mãe ficar tonta na primeira vez que se levantar depois do parto. Por isso, o ideal é ficar sentada na cama de 10 a 15 minutos antes e ter a ajuda de uma enfermeira nesse momento.
Depois da cesárea, um caminho de recuperação
Quando a mulher passa por uma cirurgia de cesárea, ela deve estar consciente de que, após o parto, vai enfrentar uma etapa inevitável: o pós-operatório.
Nesse sentido, o tempo total de recuperação da cesárea varia de mulher para mulher. Enquanto algumas conseguem ficar de pé horas após a cirurgia, outras precisam de mais tempo para se recuperar, principalmente se houver algum tipo de complicação durante o parto.
No entanto, independentemente de cada caso e dos procedimentos do hospital, a recomendação é de que a paciente fique nas primeiras 6 a 12 horas mais quieta, sem fazer esforço. É necessário também permanecer, no mínimo, 48 horas internada antes de receber alta, mas esse período pode se estender por cinco dias ou mais.
Para controlar a dor e melhorar a recuperação, a paciente vai continuar tomando alguns medicamentos em casa, como analgésicos e antiinflamatórios, por até sete dias. Mesmo assim, durante um mês, é normal sentir fisgadas ou dores no local da cirurgia.
Sendo assim, a recuperação pós-cesárea é mais demorada, pois é uma cirurgia de médio porte e o corpo precisará em média de seis meses para se recompor totalmente. Por esta razão, é preciso ter cuidados especiais e paciência.
Saiba quais são as recomendações dos especialistas para o período:
Cesárea e parto normal: quais são as diferenças?
Durante a gestação, uma das dúvidas das futuras mamães é de que maneira seu filho virá ao mundo: de parto normal ou cesárea? Quais são as diferenças? O que é mais indicado e o mais escolhido?
Nesse sentido, médicos, especialistas e pacientes têm diferentes pontos de vista sobre a melhor maneira de conduzir um parto, no que diz respeito aos benefícios e malefícios que uma intervenção cirúrgica pode causar à mãe e ao bebê
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é recomendado manter a taxa de cesarianas abaixo dos 15%. Porém, é necessário lembrar que este número não leva em consideração o aumento da idade materna, as técnicas de reprodução assistida e o aumento das gravidezes múltiplas (gêmeos) na sociedade atual. Portanto, seria mais lógico considerar um valor maior, que gira em torno dos 20 a 25%.
Entretanto, sabe-se que em todo o mundo tem havido um aumento no número de cesáreas, e que nem sempre este número é justificado por razões médicas. De acordo com dados do Ministério da Saúde, dos 3 milhões de partos realizados em 2015 no Brasil, 55,5% foram de cirurgias de cesariana. Um número muito distante da taxa “ideal” definida pela OMS.
O que explica a preferência pela cesárea?
O aumento nos casos pode ser explicado por alguns motivos, como comodidade, segurança e medo. Dessa forma, é levado em conta o tempo de procedimento que é muito menor. Em aproximadamente 45 minutos a cirurgia termina, enquanto o parto normal pode durar mais de 8 horas. Portanto, ela é amplamente indicada pelos médicos.
Em relação às pacientes, a escolha pela cesárea se deve a alguns fatores como: medo da dor do parto, do períneo não voltar ao normal após o trabalho de parto e o receio de não chegar a tempo no hospital para ganhar o nenê. Já com a cesárea, a paciente pode até marcar a hora do procedimento e, assim, o hospital se programa em relação à disponibilidade de leitos.
Contudo, se a cesárea pode parecer mais prática, para a mulher ela não é tão conveniente assim. Isso porque o procedimento é considerado uma cirurgia de médio porte, com risco de infecções, perda sanguínea e um pós-operatório mais lento.
O parto normal e suas vantagens em relação à cesárea
Já vimos anteriormente o que é a cirurgia de cesárea, como é feita e a sua recuperação. Agora, vamos explicar rapidamente como é feito o parto normal e suas vantagens em relação à cesariana.
Sendo assim, o trabalho de parto é uma combinação de fenômenos fisiológicos que uma vez iniciados conduzem à dilatação e extinção do colo do útero, à progressão do feto através do canal de parto e à sua expulsão para o exterior, culminando com a saída da placenta. Nesse sentido, o recém-nascido nasce espontaneamente, de cabeça para baixo e normalmente entre a 37ª e as 42ª semanas de gestação.
Dessa forma, por ser natural, a futura mamãe consegue identificar alguns sinais e sintomas de que o trabalho de parto se aproxima como:
De acordo com a literatura médica, o parto normal ou natural (com ou sem intervenção instrumental) possui diversas vantagens quando comparado com o parto por cesárea. Confira no quadro abaixo as principais diferenças entre os dois tipos:
Parto Normal | Cesárea |
Recuperação mais rápida | Recuperação mais lenta |
Tempo de internação mais baixo (geralmente 48 horas) | Tempo maior de internação (de 2 a 5 dias) |
Menor dor no pós-parto | Maior dor no pós-parto |
Menor risco de complicações | Maior risco de complicações |
Cicatriz menor | Cicatriz maior |
Menor risco de o bebê nascer prematuro | Maior risco do bebê nascer prematuro |
Trabalho de parto mais longo | Trabalho de parto mais curto |
Com ou sem anestesia | Com anestesia |
Amamentação mais fácil | Amamentação mais difícil |
Menor risco de doenças respiratórias no bebê | Maior risco de doenças respiratórias no bebê |
Menor risco com complicações anestésicas | Maior Risco com complicações anestésicas |
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