Você sabe o que são as tubas uterinas? Qual seu papel no processo reprodutivo?
As tubas uterinas são os locais onde o óvulo é fecundado pelo espermatozoide, dando origem ao embrião.
Além disso, é através das tubas uterinas que o embrião chega até o útero onde vai se implantar e dar início à gestação.
Mas afinal, o que são as tubas uterinas? Quais suas funções? Que tipos de problemas e doenças podem atingir esses órgãos? Quais os tratamentos? É possível engravidar com as tubas uterinas comprometidas? Para saber mais detalhes sobre este tema, leia o texto abaixo.
O que são tubas uterinas?
As tubas uterinas são dois tubos finos, de cerca de 10 cm, localizados um de cada lado do útero e que desempenham importante papel na reprodução humana. Elas são responsáveis em captar o óvulo liberado pelos ovários e conduzi-lo até a cavidade uterina.
Desta forma, é nas tubas uterinas, também chamadas de Trompas de Falópio, que ocorre a fecundação natural, ou seja, o encontro do óvulo com o espermatozoide. Assim, o embrião formado a partir da fertilização dos gametas é impulsionado pelos cílios das tubas até o útero onde será gestado.
Entenda a função das tubas uterinas
As tubas uterinas têm papel fundamental no ciclo reprodutivo, desempenhando funções primordiais. Nesse sentido, elas captam o óvulo que é liberado pelo ovário durante a ovulação, e também transportam os espermatozoides ejaculados na relação sexual ao seu encontro.
Desta forma, as tubas uterinas contribuem para o encontro e a fusão dos gametas sexuais atuando ativamente para que ocorra a fecundação, pois além disso, também são as responsáveis por transportar o embrião até o útero onde deverá ocorrer a nidação dando início a gestação.
Qual a estrutura das tubas uterinas?
Como vimos, as tubas uterinas são dois canais que ligam os ovários ao útero. A abertura próxima aos ovários têm um diâmetro maior, com borda tipo “franjas” chamadas de fímbrias, e vai afunilando até chegar com um calibre bem fino na parede do útero.
Ainda sobre sua estrutura, as tubas uterinas são compostas por tecido mucoso, muscular e seroso se dividem em 4 partes:
Infundíbulo
O Infundíbulo é a parte da tuba uterina mais próxima ao ovário.
Nesta extremidade estão as fímbrias, um tipo de franjas que se abrem na cavidade abdominal através de uma espaço chamado de óstio abdominal. Desta forma, o movimento das fímbrias capta o óvulo liberado na ovulação e o conduz ao interior da tuba.
Ampola
A Ampola é o local da tuba uterina onde normalmente ocorre o encontro do óvulo com o espermatozoide, ou seja, a fecundação. É a parte mais longa (7cm) e também mais larga das tubas.
Istmo
O Istmo é a região tubária de menor calibre, medindo cerca de 3 a 4 cm. Situado entre a Ampola e a parte uterina, o Istmo apresenta paredes espessas, e é a parte mais reta e menos móvel das tubas.
Parte Uterina
A parte uterina da tuba é a extremidade que se localiza na parede do útero, medindo aproximadamente 1 cm e com apenas 1 mm de diâmetro, realiza a comunicação entre a tuba e o útero.
Quais condições podem afetar as tubas uterinas?
O funcionamento normal das tubas uterinas é fundamental para que uma gravidez possa acontecer.
Desta forma, lesões ou obstrução neste órgão prejudicam o encontro dos gametas impedindo que processo reprodutivo ocorra.
Portanto, as tubas uterinas podem ser afetadas por problemas infecciosos, causados por doenças sexualmente transmissíveis (dst), inflamatórios, como endometriose, entre outros.
Veja os problemas mais comuns que acontecem nas tubas uterinas:
Salpingite/ Hidrossalpinge
A Hidrossalpinge consiste no acúmulo de líquido nas tubas uterinas devido à uma inflamação como por exemplo a Salpingite.
Desta forma, quando há um processo inflamatório que atinge as trompas, ocorre uma destruição da camada interna produzindo uma secreção que agride a cavidade.
Nesse caso, as fímbrias se fecham para proteger o organismo, e com isto, o líquido fica acumulado. Além disso, a hidrossalpinge pode ser causada também por processo infeccioso, endometriose ou pós cirurgia pélvica.
Trompas Enoveladas
As trompas enoveladas são tubas uterinas com diâmetro reduzido, o que facilita pontos de estreitamentos. O quadro está normalmente ligado a processos inflamatórios e infecciosos que causam aderências deixando as tubas parecendo um novelo de lã.
Doença Inflamatória Pélvica
As Doenças Inflamatórias Pélvicas (DIP) normalmente são causadas por infecções bacterianas transmitidas através da relações sexuais sem uso de camisinha, o principal agente causador destas infecções é a clamídia e a gonorreia.
Laqueadura das tubas uterinas
Utilizada como método contraceptivo, a laqueadura é uma cirurgia que bloqueia, liga ou corta as tubas uterinas.
Nesse sentido, o procedimento realizado em hospital impede que os espermatozoides e óvulos se encontrem no interior da tuba impossibilitando que ocorra a fecundação dos gametas.
Vale ressaltar que a reversão da laqueadura nem sempre apresenta resultados animadores. Embora a taxa de sucesso da recanalização tubária seja cerca de 50%, a recuperação da fertilidade também depende de outros fatores como idade e reserva ovariana.
Portanto, a decisão de fazer a laqueadura deve ser muito bem pensada e avaliada pela mulher e pelo casal.
Endometriose
A endometriose é uma doença ginecológica que consiste na implantação e no crescimento de tecido endometrial fora do útero causando reações inflamatórias.
Os locais normalmente mais afetados são as tubas uterinas, peritônio, nervos, bexiga, reto e intestino, podendo causar infertilidade.
Malformações congênitas
Embora não sejam muito comuns, as malformações congênitas das tubas uterinas são resultados de falhas na formação dos órgãos reprodutores durante a gestação. Além disso, em muitos casos, esse quadro pode atingir também o útero e da vagina.
Gravidez ectópica/ Tubária
A gravidez ectópica ou extra uterina é aquela que acontece fora do útero, ou seja, quando o embrião é implantado fora da cavidade uterina. Nesse sentido, a gravidez ectópica geralmente ocorre em uma das tubas uterinas, mas pode acontecer no ovário, colo do útero e abdômen.
Entretanto, o embrião que se fixa fora do útero não tem como se desenvolver levando a necessidade de interrupção da gestação.
Quais são os sintomas de problema nas tubas uterinas?
Algumas doenças que afetam as tubas uterinas são silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas e se desenvolvem sem a pessoa perceber. No entanto, alguns quadros podem dar sinais de que algo está errado e necessitam ser avaliados.
Conheça alguns sintomas que podem indicar uma Infecção tubária:
- Dores ao urinar;
- Alteração da cor e do cheiro do corrimento vaginal;
- Cólica e dor em baixo ventre
- Dores durante relações sexuais.
Como é feito o diagnóstico de problemas nas tubas uterinas
O diagnóstico de problemas nas tubas uterinas é feito a partir de exames capazes de detectar possíveis obstruções ou infecções pélvicas.
Um dos principais é a histerossalpingografia, um exame ginecológico de imagem que avalia detalhadamente a anatomia do aparelho reprodutor feminino.
Desta forma, a histerossalpingografia utiliza raio-x com contraste para ter uma visão mais clara da condição do útero e das tubas uterinas, identificando qualquer tipo de alteração.
Além disso, a laparoscopia é outro exame que pode ser realizado para avaliar as tubas uterinas e também os ovários, a parte externa do útero e a cavidade pélvica. Por ser um procedimento cirúrgico, deve ser realizado sob anestesia, e de preferência em um hospital.
Veja como tratar esses problemas nas tubas uterinas
Os tratamentos para as tubas uterinas dependem das causas e da gravidade do quadro. Desta forma, às vezes é necessário o uso de medicação como antibióticos para combater os casos de infecções pélvicas.
Já em situações como endometriose e reversão de laqueadura, há necessidade de cirurgia.
Por isso, se a mulher notar algum sintoma de uma possível inflamação das tubas uterina, deve consultar um médico para tratar o problema e tentar impedir que a condição se torne grave causando infertilidade.
Quem tem problemas nas tubas uterinas pode engravidar?
A resposta para essa pergunta é: depende.
Isto porque alguns problemas nas tubas uterinas podem ser tratados, seja com medicamentos ou até mesmo através de intervenção cirúrgica.
Entretanto, sabemos que as chances de uma mulher engravidar naturalmente com questões tubárias não são as mesmas.
Além disso, pode acontecer de apenas uma das trompas estar comprometida, e assim, embora as chances caiam pela metade, a mulher ainda pode engravidar usando a outra tuba.
No entanto, para casos mais graves de comprometimento das tubas uterinas, a gravidez se torna viável através de técnicas de Reprodução Assistida como a Fertilização In Vitro (FIV).
Nesse sentido, a FIV é um dos tratamentos de alta complexidade mais indicados para mulheres com infertilidade devido a problemas tubários. Isto porque na FIV, a fecundação do óvulo pelo espermatozoide acontece em laboratório, fora do corpo da mulher, “substituindo” a função realizada pelas trompas.
Desta forma, o embrião formado “in vitro” é posteriormente transferido ao útero onde será gestado.Assim, a gravidez realizada através da Fertilização In Vitro não depende da atuação das tubas uterinas. Entretanto, é preciso ressaltar que o sucesso nestes casos vai depender de vários fatores como idade da mulher, qualidade dos óvulos e dos espermatozoides, além da receptividade do útero.