Tratamentos de reprodução assistida: tudo que você precisa saber

Sumário

Os tratamentos de reprodução assistida são uma importante alternativa para pessoas que enfrentam dificuldades para engravidar naturalmente, oferecendo caminhos para realizar o sonho de ter filhos.  Assim, técnicas da medicina reprodutiva como Fertilização in Vitro (FIV) e doação de gametas, entre outras, superam problemas de infertilidade, seja de origem masculina, feminina ou inexplicada

Contudo, o sucesso dos tratamentos de reprodução assistida depende de um diagnóstico preciso que vai determinar a técnica mais adequada para cada caso. Dessa forma, é imprescindível contar com especialistas  experientes que possam guiar os pacientes em cada etapa, oferecendo o tratamento mais eficaz, personalizado e seguro.

O que são tratamentos de reprodução assistida?

A reprodução assistida (RA) é um conjunto de técnicas e procedimentos médicos que tem como objetivo viabilizar uma gestação quando esta não acontece de forma natural. Nesse sentido, a RA disponibiliza tratamentos que combatem a infertilidade, além de possibilitar que casais homoafetivos e pessoas que optam por produção independente consigam ter filhos. 

Felizmente, as técnicas da medicina reprodutiva evoluíram muito desde 1978 quando nasceu Louise Brown, o primeiro bebê de proveta do mundo concebido por Fertilização in Vitro (FIV).  A chegada de Louise foi uma revolução para a medicina reprodutiva, que desde então, vem ampliando as possibilidades e tornando os tratamentos mais inclusivos e eficientes. 

Principais tipos de tratamentos de reprodução assistida

Os tratamentos de reprodução assistida compreendem diferentes abordagens de baixa e alta complexidade para ajudar casais e indivíduos a formarem suas famílias. Desta forma, dependendo das causas que estão impossibilitando a gravidez, o especialista em reprodução humana vai indicar o tratamento mais adequado para cada caso. 

Neste sentido, as constantes inovações da medicina reprodutiva ampliaram as possibilidades, e hoje é possível  transpor barreiras antes inimagináveis. Assim, os avanços em criopreservação de embriões, seleção genética de embriões (PGT) e uso de IA tornaram os tratamentos mais seguros e eficientes.

Inseminação artificial

A inseminação artificial (IA), também conhecida como inseminação intrauterina (IIU), é uma técnica de reprodução assistida de baixa complexidade para tratar diferentes tipos de infertilidade. O procedimento consiste em preparar os espermatozoides do parceiro ou doador, e introduzi-los diretamente no útero da mulher durante o período fértil. Esse método aumenta as chances de fecundação ao facilitar o encontro entre o óvulo e os espermatozoides.

A inseminação artificial é indicada em casos de baixa contagem de espermatozoides, dificuldades na ovulação ou infertilidade sem causa aparente. Também é amplamente utilizada por casais homoafetivos femininos e por mulheres que optam pela produção independente. 

Para que o tratamento possa ser realizado, é necessário que a mulher tenha pelo menos uma das tubas permeável, e que o homem possua uma concentração mínima de espermatozoides móveis. 

Confira as fases da Inseminação Artificial:

Estimulação ovariana

A Inseminação Artificial ocorre durante a ovulação da mulher. No entanto, para aumentar o potencial do tratamento, é realizada a estimulação ovariana com objetivo de aumentar o desenvolvimento folicular.

Durante esse período, realizam-se ultrassonografias para monitorar o desenvolvimento dos óvulos, além de exames de sangue para verificar os níveis de  estradiol, confirmando o crescimento dos folículos.

Maturação dos óvulos/Indução da ovulação

Depois que os folículos alcançaram o tamanho adequado, administra-se a injeção de hCG, hormônio que provoca a maturação e liberação dos óvulos. Deste modo, a inseminação acontece de 24 a 36 horas depois de aplicada a medicação, quando a mulher estará ovulando.

Preparação do sêmen

A preparação dos espermatozoides acontece duas horas antes da inseminação programada. Ela consiste na coleta dos gametas masculinos por meio de masturbação e na sequência, a seleção em laboratório dos espermatozoides com maior potencial de fecundação.

Contudo, para obter uma melhor qualidade espermática, é recomendado respeitar um período de 2 a 3 dias de abstinência sexual. Além disso, deve-se evitar estresse, consumo exagerado de álcool e não fumar.

Inseminação

A etapa final do processo é a inseminação, na qual são introduzidos os espermatozoides selecionados no corpo da mulher. O procedimento é rápido e não tem a necessidade do uso de anestesia, sendo semelhante ao exame de papanicolau.

Nesse sentido, insere-se um cateter bem fino pela vagina, por onde passam os gametas. Após esse procedimento, o tratamento está concluído. Então, se inicia o tempo que se aguarda para a confirmação da gravidez.

Prós e contras da inseminação artificial

Desenvolvida inicialmente na década de 1970, a inseminação artificial foi, por muito tempo, a única alternativa para casais com problemas de fertilidade. Hoje, a IA permanece uma opção popular por ser menos invasiva, ter um custo mais acessível e apresentar poucos efeitos colaterais. 

No entanto, a IA tem uma taxa de sucesso limitada, com chances de sucesso entre 12% a 15% por ciclo, o que pode ser frustrante após várias tentativas. Além disso, talvez seja necessário repetir o tratamento, aumentando os custos e o impacto emocional. 

Fertilização In vitro (FIV)

A Fertilização In Vitro (FIV) é a técnica de reprodução assistida de alta complexidade que tem ajudado milhares de pessoas a superarem problemas de infertilidade

Nesse sentido, o tratamento se caracteriza por promover o encontro do óvulo e do espermatozoide em laboratório, fora do corpo da mulher, facilitando que ocorra a fecundação.  Depois, os embriões resultantes da fertilização são cultivados em meio de cultura, selecionados e posteriormente transferidos ao útero onde será gestado. 

Com taxas de sucesso entre 20% e 50%, a FIV evoluiu muito e ajudou milhares de pessoas a terem um filho. No entanto, as chances do tratamento dar certo depende de fatores como idade da mulher, reserva ovariana, receptividade endometrial, qualidade do esperma, qualidade dos óvulos, entre outros.

Veja as etapas da FIV:

Estimulação ovariana 

A indução ovariana, por meio de medicamentos hormonais, estimula o crescimento e a maturação de um maior número de folículos contendo óvulos. Durante este período, exames de ultrassonografia são realizados regularmente para monitorar o desenvolvimento dos folículos, até que atinjam o ponto ideal para a coleta dos óvulos.

Punção folicular 

Quando os folículos alcançam o tamanho ideal, ocorre a coleta de óvulos através da punção folicular. Todos os folículos produzidos pelos ovários são aspirados por meio de uma agulha bem fina, guiada pelo ultrassom transvaginal. O procedimento é simples e rápido e acontece sob anestesia.

Coleta de Sêmen

No caso dos homens, o sêmen é coletado através de masturbação ou por punção testicular, quando não há espermatozoides no ejaculado. O próximo passo é selecionar os melhores espermatozoides para a aumentar a fecundação. 

Fecundação

No tratamento de Fertilização In Vitro, a fecundação ocorre em laboratório. Dessa maneira, o encontro do óvulo com o espermatozoide para formar o embrião acontece fora do corpo da mulher, com a ajuda do embriologista.

Cultivo e transferência embrionária 

Os embriões formados no laboratório são cultivados em uma incubadora por alguns dias até serem transferidos ao útero materno. Isto acontece geralmente no quinto dia do seu desenvolvimento, D5, quando o embrião atinge o estágio de blastocisto. Em casos de exceção, pode ocorrer no terceiro dia, D3.

Prós e contras da Fertilização In Vitro (FIV):

A fertilização in vitro (FIV) é um dos tratamentos com maiores taxas de sucesso, sendo aplicável a várias condições que dificultam ou impedem uma gravidez . Por  promover a fertilização em laboratório, a FIV possibilita a realização de testes genéticos pré-implantacionais (PGT), que ajudam a prevenir doenças hereditárias. Ou seja, a técnica permite a seleção de embriões livres de muitas doenças antes da sua transferência ao útero, aumentando a segurança e a chance de uma gestação saudável. 

Por outro lado,  a FIV pode ser financeiramente onerosa, incluindo as medicações para estimulação ovariana, coleta de gametas, fecundação e transferência do embrião. Além disso, o tratamento não garante resultados imediatos, sendo necessários, em algumas situações, vários ciclos para alcançar a gravidez.  

Outro desafio da FIV é o risco de gravidez múltipla (gêmeos ou trigêmeos), que pode surgir devido à transferência de múltiplos embriões, elevando as chances de complicações durante a gestação.

Injeção Intracitoplasmática de esperma (ICSI)

A ICSI, ou Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides, é um método de reprodução assistida que ajuda casais com dificuldade de engravidar a ter filhos. A técnica é amplamente utilizada, especialmente quando o  fator masculino está envolvido. Desta forma, a ICSI aumenta as chances de fecundação do óvulo em casos de baixa quantidade de espermatozoides (oligospermia), problemas de motilidade (astenozoospermia) ou morfológicos (teratozoospermia).

Esse procedimento, que surgiu nos anos 90, consiste em injetar um único espermatozoide, previamente selecionado, diretamente no óvulo, potencializando as chances de fecundação entre 10% e 20% frente à FIV. Ou seja, nesta técnica existe a interferência direta do embriologista. 

Dessa forma, a ICSI é um tratamento de Fertilização In Vitro (FIV), já que a fecundação acontece em laboratório. Assim, todas as etapas acontecem da mesma forma que na FIV tradicional, mudando apenas a parte da fecundação.

Prós e contras da ICSI

A (ICSI) oferece muitos benefícios para casais que enfrentam infertilidade, entre eles, a alta taxa de fertilização em casos de fator masculino grave. A técnica permite que mesmo espermatozoides de baixa qualidade sejam usados, já que são  injetados diretamente no óvulo facilitando a fecundação. Além disso, o procedimento também é uma alternativa para casais que não conseguiram obter sucesso com fertilização in vitro (FIV) convencional.

No entanto, o custo do tratamento pode ser uma barreira, especialmente quando múltiplos ciclos são necessários para alcançar a gravidez. Além disso, o processo frequentemente envolve uma carga emocional significativa, já que pode ser longo e estressante, sobretudo diante de resultados negativos. 

Assim como qualquer tratamento de fertilidade, a ICSI exige acompanhamento médico cuidadoso e suporte emocional adequado para ajudar os pacientes a lidar com os desafios do procedimento.

Qual a diferença da FIV clássica para a FIV com ICSI?

A principal diferença entre a fertilização in vitro (FIV) clássica e a FIV com ICSI está na forma como os espermatozoides e o óvulo se encontram para a fertilização. Ou seja, o tratamento acontece do mesmo jeito mudando apenas o processo para fecundação dos gametas.

Assim, na FIV clássica os óvulos coletados são colocados em uma placa de laboratório junto com uma amostra de esperma. Desta forma, a fertilização ocorre de forma “espontânea”, ou seja, os espermatozoides precisam nadar até o óvulo e penetrá-lo, imitando o processo que ocorre no corpo. Esse método é utilizado em casos onde a qualidade do esperma é adequada.

Já na FIV com ICSI, a abordagem é mais  controlada. Um único espermatozoide previamente selecionado é injetado diretamente dentro do óvulo, o que melhora a taxa de fecundação. Essa técnica é indicada em casos de infertilidade masculina severa ou quando a FIV clássica não obtém sucesso.

Congelamento de óvulos e Embriões

O congelamento de óvulos e embriões é uma técnica de reprodução assistida que tem como objetivo preservar a fertilidade da mulher e do homem. Também chamada de criopreservação, esse procedimento possibilita o congelamento dos gametas femininos, masculinos e também dos embriões para posterior utilização. 

Ou seja, mulheres que escolhem adiar a maternidade, com histórico de menopausa precoce, ou que necessitam de tratamentos oncológicos encontram no congelamento a chance de uma gravidez futura.

Nesse sentido, o  material congelado permanece intacto em toda sua estrutura e funcionalidade, podendo ser usado futuramente, após passar pelo processo de descongelamento. Assim, seja por escolha pessoal ou por necessidade médica, possibilita que gametas e embriões permaneçam jovens por muito mais tempo. 

Atualmente, a técnica de congelamento usada é a da  vitrificação que assegura ótimos resultados nos tratamentos de Fertilização In Vitro (FIV). Isto porque a rapidez com que atinge a baixa temperatura de -196º produz um estado vítreo no embrião ou óvulo, reduzindo a formação de cristais e danos celulares. 

Após a vitrificação, gametas ou embriões ficam armazenados em tanques de nitrogênio líquido, por tempo indeterminado, até serem usados ou doados. Deste modo, o congelamento representa chances reais para quem busca ajuda da medicina reprodutiva para ter um filho.

Conheça as etapas do tratamento:

Estimulação ovariana

A estimulação ovariana tem como principal objetivo estimular o número maior de óvulos maduros para serem coletados e congelados. Assim, a mulher recebe injeções de hormônios para estimular seus ovários a produzirem múltiplos óvulos no mesmo ciclo menstrual e não apenas um, como ocorreria naturalmente. Dessa forma, o uso de medicamentos como as gonadotrofinas, promove o amadurecimento de mais óvulos para serem coletados. 

Monitoramento e controle hormonal

Durante aproximadamente de 8 a 14 dias, a mulher é monitorada através de exames de ultrassonografias e de sangue.  O objetivo é avaliar o desenvolvimento dos folículos ovarianos e ajustar as doses dos hormônios conforme necessário. 

Desta forma, quando os folículos atingem um tamanho adequado, uma injeção de hormônio hCG é administrada para induzir a maturação final dos óvulos nos folículos.

Aspiração e coleta dos óvulos

A coleta dos óvulos, ou punção folicular, ocorre cerca de 36 horas após a injeção de hCG. Este procedimento acontece com uma agulha fina acoplada ao ultrassom que é introduzida na vagina da paciente até os ovários para aspirar os folículos. Em seguida, o líquido aspirado é depositado em tubos de ensaio, e  avaliados através de uma lupa por um embriologista. 

Congelamento e armazenamento 

Após a coleta, os óvulos são imediatamente transportados ao laboratório, onde são avaliados e preparados para o congelamento. O processo utiliza a técnica de vitrificação, que se destaca pela rapidez em atingir baixas temperaturas. Dessa forma, os óvulos são armazenados em nitrogênio líquido a -196ºC.

Prós e contras do congelamento de óvulos.

Como vimos, o principal benefício do congelamento de óvulos é a possibilidade de adiar a maternidade sem comprometer a qualidade dos óvulos. Isso é especialmente valioso para mulheres que, por motivos pessoais, profissionais ou médicos, como tratamentos de câncer, desejam postergar a gravidez. 

Graças aos avanços na vitrificação, as taxas de sobrevivência dos óvulos congelados aumentaram, o que melhorou significativamente as chances de uma fertilização bem-sucedida no futuro.

Doação de óvulos e embriões

A ovodoação é uma técnica de reprodução assistida indicada para mulheres com dificuldade de engravidar com seus próprios óvulos. Ou seja,  a ovodoação ocorre quando uma mulher cede seus óvulos para que outra pessoa os utilize. Assim, o gameta feminino doado é fecundado através da Fertilização In Vitro (FIV) e o embrião resultante, após transferência, será gestado pela receptora. 

Desta forma, a técnica é útil para mulheres com diminuição da reserva ovariana, na menopausa, em tratamento oncológico, portadoras de doenças genéticas, entre outros. Além disso, possibilita que casais homoafetivos masculinos e pais solteiros formem suas famílias a partir de gametas doados.

Conforme a Resolução nº 2.294/2021, do Conselho Federal de Medicina (CFM), é permitida a doação voluntária dos óvulos, assim como a doação compartilhada. Neste caso, doadora e receptora necessitam de tratamento para engravidar, e assim, compartilham tanto o material biológico quanto os custos financeiros.

Da mesma forma, existe a doação de embriões, quando casais em tratamento de Fertilização In Vitro (FIV) cedem seus embriões excedentes para outras pessoas. Assim, os gametas e embriões doados são criopreservados e mantidos em nitrogênio líquido a -196°C até o momento de transferência ao útero da receptora. 

O processo começa com a estimulação ovariana da doadora que recebe hormônios para aumentar a produção de óvulos que são coletados por punção ovariana. Após a coleta, os óvulos são fertilizados em laboratório com sêmen do parceiro ou de um doador, resultando em embriões. Alguns embriões são selecionados para transferência ao útero da receptora e os excedentes serão congelados.

Paralelamente, a receptora, também passa por uma preparação hormonal para garantir que o ambiente uterino seja adequado para a implantação e desenvolvimento do embrião.

Quem pode doar?

Para ser doadora, é preciso passar  por uma avaliação rigorosa, incluindo exames médicos, genéticos e psicológicos. A mulher  deve ter idade entre 18 e 35 anos, não apresentar doenças genéticas ou  infecto-contagiosas, e possuir  uma boa   reserva ovariana.

Quem pode receber?

Para que uma mulher possa ser receptora de ovodoação, é preciso que se encontre em condições clínicas que permitam a ela engravidar sem risco para sua saúde. Dessa forma, é necessário passar por uma avaliação médica completa para determinar a viabilidade do tratamento.

Útero de substituição

O útero de substituição ou barriga solidária é um tratamento no qual uma mulher gera um bebê em seu útero para outra pessoa. Assim, é uma alternativa para que mulheres com ausência de útero, defeitos congênitos, falhas de implantação, casais homoafetivos masculinos e homens solteiros formem suas famílias.

Desta forma, o embrião a ser gestado no útero de substituição é formado por FIV, através da fecundação do óvulo e espermatozoides do casal, ou a partir de gametas doados. Após a fertilização, o embrião é transferido ao útero da mulher que vai carregá-lo durante toda a gravidez. Também é possível usar um embrião doado que será transferido ao útero solidário.

É importante explicar que útero de substituiçãode e barriga de aluguel não são sinônimos, sendo a principal diferença a questão financeira. Ou seja, uma envolve o “empréstimo” do útero para gestação, enquanto a outra configura um aluguel, com uma relação comercial entre a gestante e a família que vai criar a criança.

Nesse sentido, apenas a técnica do útero de substituição é aceita no Brasil e regulamentada pela resolução nº 2.294/21 do Conselho federal de Medicina.

Prós e contras do útero de substituição

Como vimos, a barriga solidária é uma solução de alta complexidade para mulheres que não podem gestar seus filhos, bem como para casais homoafetivos e pais solos. Ainda assim, homens e  mulheres podem ser os pais biológicos dos seus bebês já que a fecundação dos gametas acontece através da FIV.

Entretanto, o processo pode ser emocionalmente desafiador, tanto para a gestante quanto para os pais, devido à criação de laços afetivos e à ansiedade durante a gestação.

 Bancos de esperma

Os bancos de esperma são instituições especializadas na coleta, processamento, armazenamento e distribuição de sêmen para tratamentos de reprodução assistida. Nesse sentido, são utilizados principalmente por casais que enfrentam  infertilidade masculina, por casais homoafetivos femininos e por mulheres que optam por produção independente.  

Além disso,  homens que desejam preservar sua fertilidade devido a tratamentos médicos ou condições de saúde, também utilizam esses bancos para armazenar seu sêmen para uso futuro.

Para se tornar um doador de esperma, é preciso passar por uma rigorosa triagem médica e psicológica para garantir a qualidade e a segurança do material doado. O sêmen é então coletado, geralmente por masturbação, e congelado por meio de vitrificação. 

As amostras são armazenadas em nitrogênio líquido, a temperaturas extremamente baixas, para preservar sua viabilidade a longo prazo. Assim, quando necessário, o sêmem pode ser descongelado e usado em técnicas de reprodução assistida como inseminação intrauterina (IIU) e fertilização in vitro (FIV).

Prós dos bancos de esperma

Os bancos de esperma têm um papel fundamental na medicina reprodutiva moderna, possibilitando uma solução para famílias que enfrentam desafios para conceber. Além disso, também permitem a preservação da fertilidade para homens em tratamentos que podem comprometer sua capacidade reprodutiva, como a quimioterapia. 

Outro fator interessante dos bancos de esperma é que permitem acesso a uma ampla variedade de doadores. Desta forma, as pessoas que irão usar sêmem doado podem escolher características genéticas que mais se alinham a suas necessidades.

No entanto, é importante considerar que há aspectos emocionais, éticos e financeiros  antes de optar por essa alternativa.

Além disso,  o uso de sêmen de doadores pode gerar questões emocionais e éticas para os pais e a criança, ligadas à identidade do doador e ao vínculo genético.

No Brasil, o uso de sêmen doado e o funcionamento dos bancos de esperma são regulados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) por meio da Resolução CFM nº 2.294/2021. Essas regulamentações visam garantir a ética e a segurança nos tratamentos de reprodução assistida, além de proteger os direitos das partes envolvidas.

Segundo essa regulamentação:

  1. Anonimato do doador: A identidade do doador de sêmen é mantida em sigilo, e a lei não permite que os receptores ou a criança resultante do tratamento descubram quem é o doador. Os doadores também não têm direito de saber quem são os receptores.
  2. Elegibilidade do doador: O doador precisa ser submetido a uma série de exames médicos e psicológicos para garantir a qualidade do sêmen e a saúde de possíveis descendentes. Os exames incluem análises genéticas e testes para doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).
  3. Limitação de uso: Cada doador pode gerar um número limitado de descendentes para evitar concentrações genéticas em uma mesma região, respeitando o limite de até dois filhos por Estado brasileiro.
  4. Não comercialização: No Brasil, a doação de sêmen deve ser altruísta, ou seja, não pode haver pagamento ao doador. O processo deve ser voluntário, sem fins lucrativos.

Escolhendo o melhor tratamento de reprodução assistida

Ao escolher um tratamento de reprodução assistida, é crucial considerar fatores como a causa da infertilidade,  o histórico médico, possíveis riscos e os custos envolvidos. Ou seja, o ponto de partida é sempre importante ter um diagnóstico preciso e entender bem o que está dificultando ou impossibilitando a gravidez  natural. 

Nesse sentido, contar com a ajuda de um especialista em reprodução humana experiente é imprescindível para aumentar as taxas de sucesso de qualquer tratamento. Um acompanhamento médico regular é importante para monitorar  efeitos dos medicamentos, minimizar riscos e ajustar o tratamento conforme necessário para buscar uma gravidez bem-sucedida.

Perguntas frequentes sobre tratamentos de reprodução assistida

Os tratamentos de reprodução assistida têm evoluído muito ao longo dos anos, e cada vez mais pessoas estão buscando ajuda da medicina para realizar o sonho de ter filhos. Entretanto, ainda há muitas dúvidas e preocupações sobre este tema. 

Veja algumas perguntas comuns  entre pessoas que estão considerando ou iniciando um tratamento de reprodução assistida:

  1. Quais são as chances de sucesso dos tratamentos?
    As chances de sucesso variam conforme o tipo de tratamento, idade da paciente, e o motivo da infertilidade. Por exemplo, a taxa de sucesso da FIV para mulheres com menos de 35 anos pode ser de 40% a 50% por ciclo.
  1. Quando devo procurar um especialista em reprodução assistida?
    A maioria dos especialistas recomenda buscar ajuda após um ano de tentativas sem sucesso para casais abaixo de 35 anos. Para mulheres acima de 35, o prazo é reduzido para seis meses.
  1. Os tratamentos de reprodução assistida são dolorosos?
    Embora alguns tratamentos como a estimulação ovariana possam causar desconforto ou efeitos colaterais leves, os procedimentos em si não são geralmente dolorosos. Alguns podem exigir anestesia, como a coleta de óvulos.
  1. Posso escolher o sexo do bebê em tratamentos de reprodução assistida?
    No Brasil, a escolha do sexo do bebê é proibida por lei, exceto em casos de prevenção de doenças genéticas ligadas ao sexo.
  1. Quanto tempo demora um ciclo de tratamento de FIV?
    Um ciclo de FIV geralmente leva entre quatro a seis semanas, desde a estimulação ovariana, coleta de gametas, fecundação, até a transferência do embrião.  Mas é importante ressaltar que o tempo depende da resposta de cada organismo às diferentes etapas do tratamento.
  1. Quais são os riscos associados à FIV?
    Os riscos incluem gravidez múltipla, síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO) e complicações decorrentes da estimulação hormonal.
  1. Qual é a idade máxima para realizar FIV com óvulo próprio?
    A maioria das clínicas recomenda realizar FIV antes dos 50 anos, pois a idade impacta significativamente as taxas de sucesso.

Conclusão

Os tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV) e a inseminação artificial (IA), oferecem soluções para casais e indivíduos com dificuldades para engravidar. 

Esses procedimentos podem tratar uma ampla gama de problemas, desde infertilidade masculina e feminina até ajudar casais homoafetivos e pessoas que optam por uma produção independente. Com o avanço das técnicas, como a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) e a criopreservação de óvulos e embriões, as chances de sucesso aumentaram significativamente.

Contudo, a escolha do tratamento mais adequado depende de diversos fatores, como idade, condição de saúde e histórico reprodutivo. Um diagnóstico preciso, realizado por especialistas em medicina reprodutiva é crucial para determinar o melhor caminho. Consultar médicos especializados garante um acompanhamento personalizado e aumenta as chances de sucesso na busca pela maternidade ou paternidade.

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