Conteúdo atualizado em: 25/04/2024
Você sabia que a testosterona, frequentemente associada aos homens, é também crucial para a saúde reprodutiva das mulheres?
Embora em menor quantidade nas mulheres do que nos homens, a testosterona feminina desempenha um papel vital na regulação das funções biológicas. Além disso, é essencial no processo de reprodução assistida, influenciando aspectos como a qualidade dos óvulos e a receptividade do útero.
Um desequilíbrio nos níveis de testosterona, seja por excesso ou deficiência, pode impactar significativamente a saúde reprodutiva feminina.
Confira a seguir tudo sobre a testosterona feminina e qual a sua relação com as tentativas de gravidez. Entenda como a testosterona feminina influencia a fecundação humana e a eficácia dos tratamentos de reprodução assistida, destacando a importância de manter níveis hormonais equilibrados para a fertilidade.
Efeitos da Testosterona no Corpo Feminino: Implicações para a Reprodução
A testosterona é um hormônio esteroide. Embora seja mais abundante nos homens, contribuindo para características como maior massa muscular e desejo sexual elevado, ela é igualmente essencial para as mulheres, mas em doses 20 a 30 vezes menores do que nos homens.
No corpo feminino, com a idade, a redução gradual dos hormônios androgênicos (masculinos) que formam testosterona pode levar a uma deficiência que afeta a função sexual, a energia, a composição corporal e a saúde óssea.
Nesse sentido, o desequilíbrio da testosterona feminina pode ter consequências sérias, tanto físicas como mentais, prejudicando a saúde da mulher.
Esta dinâmica hormonal é particularmente relevante no contexto da reprodução assistida, onde os níveis de testosterona podem influenciar a resposta aos tratamentos de fertilidade.
Quais as funções da testosterona feminina?
O organismo feminino produz androgênios a partir das glândulas suprarrenais, ovários e também da conversão periférica de precursores androgênicos (tecido adiposo). Assim, na fase reprodutiva as mulheres produzem testosterona da seguinte forma:
- 25% pelos ovários (estimulados pelo LH – hormônio da hipófise);
- 25% pelas glândulas suprarrenais ou adrenais;
- 50% pela conversão periférica da androstenediona e da DHEA.
No entanto, após a menopausa a produção de testosterona cai de forma significativa, mas continua sendo produzida em menor quantidade. Dessa forma, a testosterona feminina segue agindo para regularizar algumas funções biológicas do corpo como:
- Libido;
- Massa muscular;
- Disposição física;
- Emagrecimento;
- Densidade mineral óssea.
Quais os efeitos da testosterona no corpo feminino?
É importante lembrar que mesmo que a quantidade de testosterona da mulher seja pequena, ela é fundamental para executar as funções biológicas já citadas acima.
Assim, os médicos condenam utilizar o hormônio para melhorar a performance na academia ou ficar mais disposta para o dia a dia.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), recomenda-se o uso do hormônio somente em casos de mulheres na menopausa e na pós-menopausa com Síndrome da Excitação e Desejo Sexual Hipoativo. Desta forma, o diagnóstico será feito a partir de sintomas como redução significativa de interesse sexual, recusa da iniciativa do(a) parceiro(a) e redução de excitação durante o ato sexual.
Avaliação da Testosterona Feminina: Exames Cruciais na Reprodução Assistida
Além do diagnóstico clínico, o médico também pede exames de sangue para avaliar a presença do hormônio. Desta forma, normalmente são solicitados testes de dosagem da testosterona livre e da testosterona total.
A testosterona livre, que representa cerca de 2 a 3% do total, é particularmente importante, pois está disponível para exercer funções biológicas. Estes exames são fundamentais não apenas para avaliar a saúde geral, mas também para otimizar os protocolos de reprodução assistida, garantindo a melhor abordagem para cada paciente.
Da mesma forma, outros exames podem ser recomendados para avaliação médica como:
- Densitometria óssea;
- Colesterol Total e frações;
- Triglicérides;
- Glicemia / Hb glicada / Teste de tolerância oral à glicose;
- Perfil hormonal completo.
Níveis Ideais de Testosterona para a Saúde Reprodutiva Feminina
Os níveis normais de testosterona total no sangue feminino variam conforme a idade e podem diferir de acordo com cada laboratório. Entender esses valores é crucial, pois eles fornecem insights valiosos sobre a saúde reprodutiva e podem influenciar as estratégias de tratamento em reprodução assistida.
Abaixo estão os níveis gerais de testosterona para mulheres em diferentes fases da vida e do ciclo menstrual:
- Fase folicular: 0,2 – 1,7 ng/dL;
- Meio do ciclo: 0,3 – 2,3 ng/dL;
- Fase lútea: 0,17 – 1,9 ng/dL;
- Pós-menopausa: 0,2 – 2,06 ng/dL.
Desequilíbrio de Testosterona: Impacto na Fertilidade Feminina
A manutenção de níveis adequados de testosterona é crucial para a saúde metabólica feminina. Desvios desses níveis, seja para mais ou para menos, exigem uma investigação detalhada, pois podem afetar diretamente a fertilidade e o sucesso dos tratamentos de reprodução assistida.
A análise cuidadosa dos níveis de testosterona é um passo essencial para garantir a eficácia desses procedimentos.
A seguir, vamos explicar as causas e os sintomas do desequilíbrio deste hormônio.
Gerenciamento da Testosterona Alta: Consequências para a Fertilidade Feminina
Altos níveis de testosterona em mulheres podem ser indicados por alterações no ciclo menstrual e o surgimento de características masculinas, como o crescimento de pelos faciais ou mudanças na voz.
Esses sinais são importantes alertas, pois o excesso de testosterona pode impactar negativamente a fertilidade e complicar os procedimentos de reprodução assistida.
Portanto, é importante procurar um ginecologista assim que notar estes sintomas para que o médico avalie os níveis de testosterona. Sendo assim, após diagnosticar a causa do aumento do hormônio, é possível iniciar o tratamento mais adequado.
Vale ainda esclarecer que estas alterações podem surgir em qualquer fase da vida da mulher.
Veja as principais causas e sintomas da testosterona alta:
Causas:
- Hiperplasia adrenal;
- Doença trofoblástica;
- Cirrose;
- Hipertireoidismo;
- Ovários policísticos;
- Uso de algum suplemento de testosterona;
- Câncer de ovário;
Sintomas:
- Aumento de pelos corporais, inclusive com crescimento de pelos no rosto e no peito;
- Ausência de menstruação ou menstruação irregular;
- Pele oleosa e aumento da acne;
- Abortos espontâneos;
- Queda de cabelo semelhante à calvície dos homens;
- Mudança na voz, ficando mais grave;
- Aumento do clitóris;
- Alterações da ovulação, o que pode resultar em infertilidade;
Tratamento para testosterona alta
O tratamento para normalizar os níveis de testosterona alta pode incluir a diminuição ou interrupção da suplementação de testosterona, caso a mulher esteja utilizando o hormônio.
Além disso, em alguns casos, é feita uma suplementação de hormônios femininos como o estrogênio para equilibrar os níveis hormonais na mulher.
De acordo com a recomendação médica, outra grande alternativa é o uso da pílula anticoncepcional, pois pode ajudar a diminuir os níveis de testosterona no sangue.
No entanto, o tratamento é contraindicado para as mulheres com câncer de mama ou endométrio, sangramento uterino, tromboses e neoplasias androgênio-dependentes.
Contudo, também é possível diminuir esse hormônio de forma natural mudando o estilo de vida. Nesse sentido, fazer exercícios regularmente e diminuir o estresse diário também são importantes para regular os hormônios femininos sem ter que recorrer a medicamentos.
Além disso, para mulheres obesas ou com sobrepeso, é extremamente indicada a redução do peso por meio de dieta.
Abordagens para Casos de Baixos Níveis de Testosterona em Mulheres”
Embora a testosterona seja encontrada em menores quantidades nas mulheres, sua redução pode ter efeitos adversos significativos em várias fases da vida, especialmente afetando a saúde reprodutiva e a resposta aos tratamentos de fertilidade. A compreensão das causas, sintomas e opções de tratamento para baixos níveis de testosterona é fundamental para otimizar os resultados em reprodução assistida.
Veja abaixo as principais causas e sintomas da diminuição da testosterona em mulheres:
- Menopausa;
- Insuficiência adrenal;
- Uso de anticoncepcionais hormonais;
- Retirada dos ovários;
- Insuficiência parcial dos ovários em produzir testosterona;
- Medicamentos como antidepressivos, estatinas, estrogênios, antiandrogênicos e glicocorticoides;
- Hipopituitarismo;
- Estresse excessivo;
- Menopausa precoce;
- Anorexia nervosa;
- Artrite reumatoide;
- Síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS);
Sintomas:
- Perda de massa muscular;
- Acúmulo de gordura corpórea;
- Diminuição do desejo sexual;
- Dificuldade para atingir o orgasmo;
- Desinteresse generalizado, que pode ser confundido com depressão em alguns casos;
- Diminuição da autoestima e da autoconfiança;
- Diminuição da massa óssea;
- Fraqueza.
Tratamento para testosterona baixa
Existem várias formas de estimular a produção natural do hormônio tanto por meio da melhora na qualidade de vida, por meio de suplementos e medicamentos como o uso de comprimidos, adesivos, géis, injeções e implantes. Da mesma forma, em alguns casos, deverão ser suspensos o anticoncepcional hormonal tomado pela via oral.
É importante esclarecer que mulheres devem apenas receber testosterona quando possuem alguma disfunção como a Síndrome da Excitação e Desejo Sexual Hipoativo (apenas nas perimenopausas). Ou, então, quando fazem reposição de hormônios ovarianos na menopausa com o estradiol e progesterona.
Confira abaixo as diferentes possibilidades de tratamento da testosterona baixa:
- Reposição hormonal com testosterona e outros hormônios em um período curto, e com supervisão médica;
- Uso de géis vaginais para o favorecimento da resposta sexual;
- Suspensão do anticoncepcional hormonal tomado pela via oral, se for esse o motivo;
- Melhoria do estilo de vida;
- Emagrecimento;
- Fortalecimento muscular;
- Prática de exercícios de alta intensidade.
Vale alertar que ainda não há estudos sobre a segurança do uso do hormônio por períodos mais longos em mulheres. Nesse sentido, diversas hipóteses são levantadas como riscos cardiovasculares vinculados a eventos tromboembólicos, hepatopatias e possibilidade do surgimento de alguns tipos de câncer.
No entanto, os principais efeitos colaterais confirmados associados ao tratamento com testosterona são a piora da acne e o hirsutismo (crescimento excessivo de pelos).
Indicações para Reposição de Testosterona em Tratamentos de Fertilidade
A reposição da testosterona em mulheres é um procedimento médico específico, frequentemente utilizado em contextos de tratamentos de fertilidade, comum em casos de pacientes com uma baixa reserva ovariana antes do ciclo de uma FIV A regulamentação do uso de hormônios, incluindo a testosterona, para fins estéticos e de performance foi proibido pelo Conselho Federal de Medicina.
Entender quando e como a reposição de testosterona é indicada pode ser crucial para melhorar as chances de sucesso em tratamentos de reprodução assistida. Por isso, a consulta com o especialista é indispensável.
Como repor a testosterona feminina
O principal objetivo da reposição de testosterona feminina é promover um alívio de sintomas e a melhora no tratamento da paciente. Nesse sentido, o tratamento consiste na reposição sintética do hormônio, que pode ser feita através de:
- Comprimidos: remédios que devem ser ingeridos oralmente, diariamente;
- Gel: o paciente precisa passar o produto no seu corpo para que a pele possa absorver;
- Injeções: aplicadas periodicamente para suprir a deficiência identificada;
- Adesivos: colocados na pele.
Relação entre Testosterona e Sucesso na Fertilização In Vitro
A testosterona desempenha um papel fundamental na libido e no desejo sexual, e seus níveis aumentam naturalmente antes da ovulação, potencializando as chances de gravidez, no período fértil.
Como já explicamos, as mulheres produzem testosterona feminina através dos ovários. No entanto, se os níveis de testosterona feminina sobem, podem alterar ou bloquear a ovulação e até gerar aborto de repetição.
O uso de testosterona como adjuvante em tratamentos de reprodução assistida é uma prática em evolução. Algumas pesquisas indicam que a suplementação de testosterona em pacientes com baixa reserva ovariana pode aprimorar a quantidade dos óvulos (oócitos) coletados para a fertilização in vitro, oferecendo uma abordagem promissora para melhorar as taxas de sucesso.
Como vimos anteriormente, o acompanhamento com o especialista é crucial para sucesso do tratamento. Entenda a importância do diagnóstico prévio ao início do tratamento e o quanto isso significa para o seu sucesso no nosso e-book “Técnicas de Reprodução Assistida: um bom diagnóstico é o primeiro passo“.