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Tabela gestacional: descubra como calcular sua gestação

Você já ouviu falar em tabela gestacional? Sabe como usá-la? Pois quando uma mulher descobre que está grávida, muitos questionamentos passam pela sua cabeça. Nesse sentido, em meio a tantas emoções, ela quer logo saber com quantas semanas está de gestação, e qual será a data provável do parto. 

Para isso, é fundamental que conheça tabela gestacional, e assim, possa acompanhar de perto o desenvolvimento do bebê e ao longo da gravidez. 

Mas afinal, o que é tabela gestacional? Como funciona? Porque ela se baseia em semanas de gestação e não em meses? Veja as respostas no texto a seguir!

O que é tabela gestacional?

A tabela gestacional é a forma através da qual se conta o tempo de uma gravidez. Em outras palavras, é a maneira de saber a idade gestacional, que consiste no tempo transcorrido desde a concepção até o momento do nascimento. Nesse sentido, em geral, este período leva em torno de 280 dias ou 40 semanas. 

“Mas como assim, a gravidez não dura 9 meses?” 

De acordo com a Dra. Priscila Scalco, especialista em reprodução assistida, embora a  maioria das pessoas costumam se referir ao tempo da gravidez em número de meses, na verdade, conta-se a idade gestacional em semanas. Isto acontece pois são muitas as mudanças a cada dia que ocorrem de forma rápida, especialmente na primeira metade da gravidez. 

Assim, em um período de 4 semanas, acontecem dezenas de alterações importantes, e a contagem em semanas permite aos médicos definir com mais exatidão o tempo de cada uma.    

Como a tabela gestacional funciona?

Como vimos, tabela gestacional é a contagem da gravidez, em semanas, desde a concepção até o nascimento do nenê. Nesse sentido, tem como objetivo acompanhar a evolução do bebê ao longo de toda a gestação, bem como fazer uma previsão de quando o parto vai ocorrer. 

Desta forma, o ponto de partida para saber a idade gestacional é a data da última menstruação. A partir desse dia, conta-se 40 semanas para chegar ao provável dia do parto.

Porém, como destaca a Dra. Priscila, é muito difícil ter certeza exata de quando o espermatozoide encontrou o óvulo. Isto acontece pois os gametas masculinos podem permanecer viáveis dentro do aparelho reprodutor feminino por 5 a 7 dias, e assim, a fecundação pode acontecer alguns dias após a relação sexual do casal. 

Sendo assim, em decorrência da impossibilidade de se definir o dia certo da fertilização do óvulo, convencionou-se, mundialmente, que a contagem das semanas de gravidez começa no primeiro dia da última menstruação (DUM). A partir dessa data, pode-se estimar quando o bebê vai nascer. 

Porém, vale chamar a atenção de que este cálculo é apenas uma estimativa. Outros exames, como a ultrassonografia obstétrica, são usados para chegar a uma previsão mais realista da data do parto.

Não lembro a data da minha última menstruação. E agora?

Muitas mulheres realmente não lembram o dia da sua última menstruação. Além disso, outras, com ciclos irregulares, às vezes só percebem que estão grávidas com várias semanas de gestação. Nesses casos, quando não se conhece o DUM, existem outras formas de estimar o tempo de gravidez, e até mesmo confirmar as primeiras previsões.

Confira abaixo quais são:

Ultrassonografia transvaginal 

O ultrassom transvaginal também é usado para definir o tempo de gestação. Nesse sentido, a partir da 6ª semana, o embrião já pode ser identificado por este exame de imagem que tem um alto grau de acurácia, especialmente quando feito no primeiro trimestre. 

Além disso, até as primeiras 20 semanas de gravidez, os fetos têm mais ou menos o mesmo tamanho. Assim, as medições do osso fêmur, circunferência da cabeça e da cintura, realizadas através do ultrassom, ajudam o médico a estabelecer a idade gestacional.

Segundo a Dra. Priscila, vale ressaltar que o comprimento céfalo-caudal, também medido pela ultrassonografia, é a forma mais confiável de estimar a idade gestacional e a data provável do parto. Desta forma, mesmo nas mulheres que sabem sua DUM, confirma-se o cálculo da idade gestacional pela ultrassonografia fetal do 1° trimestre.

Tamanho do útero

O tamanho do útero (altura uterina) é outra maneira de termos uma ideia do tempo de gravidez.  Isto porque somente após a 12ª semana da gestação é possível palpar o útero logo acima da sínfise púbica (parte frontal do osso da pelve). 

Já com 16 semanas, o útero está maior e pode ser palpado entre a sínfise púbica e o umbigo. Quando a mulher chega a 20 semanas de gravidez, o útero encontra-se mais acima, na altura do umbigo.

Beta HCG

O BhCG, (Gonadotrofina Coriônica Humana) é um hormônio produzido pelas células do embrião e sua dosagem é utilizada para confirmar a gravidez. Através dele também é possível estimar o tempo de gravidez já que aumenta rapidamente, principalmente nas primeiras semanas da gestação.

Falar em semanas e meses de gravidez é a mesma coisa?

Não. Embora a maioria das pessoas se refira ao tempo de gravidez em meses, a forma correta de contar é em semanas. Nesse sentido, a contagem mensal é uma forma imprecisa já que a duração de cada mês não é fixa. Afinal, no calendário gregoriano, usado na grande maioria dos países ocidentais, os meses variam entre 30 e 31 dias, ou ainda 28 ou 29 no caso de fevereiro (ano bissexto)

Além disso, há grande diferença no desenvolvimento do feto de uma semana para outra, o que reforça a vantagem de se acompanhar a tabela gestacional por semanas. 

Por exemplo: o zigoto implanta-se na parede do útero na 3ª semana, o embrião passa a ser visível à ultrassonografia na 5ª, os olhos surgem na 6ª. Além disso, o futuro bebê já começa a se movimentar na 7ª semana (a mãe não nota porque ele ainda é muito pequeno). Desta forma, quando falamos que uma gestante está no 2º mês de gravidez, faz muita diferença saber se ela está na primeira ou na última semana.  

Veja a equivalência entre semanas e meses de gestação:

Quanto tempo dura uma gravidez?

Quando falamos em meses e semanas, outra dúvida que surge é em relação a duração da gravidez.  Nesse sentido, sabemos que a gestação dura cerca de 280 dias, que são 40 semanas ou 10 meses lunares. Desta forma, se dividirmos 280 por 30 (para converter em meses) teremos 9,3 meses. Por isso, para haver sincronicidade com as semanas, foi adotado o mês lunar, que dura 28 dias ou 4 semanas.

Obviamente, o tempo de gestação pode variar um pouco de pessoa para pessoa. Sendo assim, o ideal é uma gestação a termo, que consiste no período da gravidez no qual o bebê está pronto para nascer, levando em conta o amadurecimento dos órgãos e do sistema respiratório. 

Desta forma, até pouco tempo, a gravidez era considerada “termo” quando o bebê nascia entre a 37ª a 41 ª semana. Porém, baseado em estudos que identificaram variações neonatais, esta definição foi alterada para 39 semanas completas a 40 semanas e 6 dias de gestação. Nesta fase da gestação há mais chance dos bebês serem saudáveis em comparação aos nascidos antes ou depois.

Conheça as novas definições e nomenclaturas:

  • Gestação a termo inicial: 37 semanas e 0 dias até 38 semanas e 6 dias
  • Gestação a termo: 39 semanas e 0 dias até 40 semanas e 6 dias
  • Gestação a termo tardio: 41 semanas e 0 dias até 41 semanas e 6 dias
  • Gestação pós-termo: 42 semanas ou mais

Assim, os bebês que nascem antes da 37ª semana são chamados de prematuros. Por outro lado, as gestações que ultrapassam 41 semanas são denominadas gestações prolongadas. 

Exames e avaliações por período gestacional

Durante a gestação, é fundamental realizar exames periódicos para acompanhar o desenvolvimento do bebê e garantir a saúde da mãe. Cada fase da gravidez exige cuidados específicos, e os exames recomendados variam de acordo com o trimestre. Veja abaixo o que é avaliado em cada etapa:

1º trimestre (até 13 semanas e 6 dias)

Neste início da gestação, o foco está na confirmação da gravidez, avaliação do embrião e detecção precoce de possíveis riscos:

  • Ultrassonografia transvaginal: permite visualizar o saco gestacional, o embrião e os batimentos cardíacos a partir da 6ª semana.
  • Exames laboratoriais de rotina: incluem tipagem sanguínea e fator Rh, hemograma completo, glicemia de jejum, sorologias (HIV, sífilis, toxoplasmose, hepatites B e C), entre outros.
  • Avaliação da translucência nucal: realizada entre a 11ª e 14ª semanas, este exame de imagem mede a espessura da nuca do feto e pode indicar risco para síndromes genéticas, como a síndrome de Down.

2º trimestre (14 a 27 semanas)

Nesta fase, o bebê está em pleno desenvolvimento e começam as análises mais detalhadas da sua morfologia e da saúde metabólica da gestante:

  • Ultrassonografia morfológica: realizada entre a 20ª e 24ª semanas, avalia com detalhes a formação dos órgãos, membros e estruturas fetais, além de identificar o sexo do bebê.
  • Teste de tolerância à glicose (TTG): geralmente feito entre a 24ª e 28ª semanas, é fundamental para rastrear o diabetes gestacional.
  • Avaliação da altura uterina: a medida da barriga começa a ser feita regularmente para acompanhar o crescimento fetal.

3º trimestre (28 semanas até o parto)

Nos últimos meses, os exames visam avaliar o crescimento do bebê, seu bem-estar e preparar para o parto:

  • Ultrassonografia de crescimento fetal: verifica o peso estimado, posição do bebê e volume de líquido amniótico.
  • Perfil biofísico fetal: exame que avalia movimentos fetais, tônus muscular, respiração e quantidade de líquido amniótico — muitas vezes associado à cardiotocografia.
  • Exames laboratoriais de repetição: como sorologias, hemograma e pesquisa de estreptococo do grupo B (entre 35 e 37 semanas).

Esses exames são essenciais para um pré-natal completo, seguro e personalizado. O acompanhamento médico contínuo em cada fase garante mais tranquilidade para a gestante e maior segurança para o bebê.

Como calcular o provável dia do parto?

Como já vimos, uma das utilidades da tabela gestacional é a previsão da data prevista para o parto (DPP). Para isso, quando a gestante sabe a data da última menstruação (DUM), basta contar mais 40 semanas para chegar a estimativa do dia do nascimento do bebê, como explica a Dra. Priscila Scalco

Mesmo sendo apenas uma previsão, o objetivo é informar a mãe da época provável do nascimento, caso a gravidez vá até as 40 semanas. Isso embora somente cerca de 5% dos bebês realmente nasçam na data estimada no início do pré-natal.

Nesse sentido, o obstetra alemão Franz Karl Naegele (1778–1851) desenvolveu uma forma rápida de estimar a DPP, que foi batizada de fórmula de Naegele:

Saiba como calcular a DPP:

  • Pegue o primeiro dia da sua última menstruação (DUM) e adicione sete dias;
  • Diminua três meses;
  • Some um ano.

Exemplo 1:

  • Data da última menstruação = 05 de Maio de 2025
  • Some 7 dias = 12 de Maio de 2025
  • Subtraia 3 meses = 12 de Fevereiro de 2025
  • Some um ano e obtenha a DPP = 12 de Fevereiro de 2025

Exemplo 2:

  • Data da última menstruação = 02 de Janeiro de 2025
  • Some 7 dias = 09 de Janeiro de 2025
  • Subtraia 3 meses = 09 de Outubro de 2025
  • Some um ano e obtenha a DPP = 09 de Outubro de 2025

Como calcular semanas na tabela gestacional? 

Outra maneira de contar a tabela gestacional e o provável dia do parto é através da Calculadora Gestacional. Existem diversas opções online, mas o objetivo é geralmente o mesmo: saber a idade gestacional e a data prevista do nascimento do bebê.  Para tanto, basta inserir os dados disponíveis e visualizar os resultados.

  • Data da Última Menstruação (ou DUM): Esse é o parâmetro mais utilizado. Conhecendo o primeiro dia da última menstruação, é possível entender o seu ciclo menstrual e  determinar  os eventos importantes da gravidez.
  • Data Provável do Parto (ou DPP): Quando se sabe a data prevista do nascimento do bebê, basta inserir esse dia na calculadora. Ela irá informar a idade gestacional, a provável data da concepção e outras informações sobre a gestação. É importante explicar que a DPP é a data em que se completa as 40 semanas, o que nem sempre garante o nascimento.
  • Data de um exame anterior (ultrassom):  Quando não se sabe o dia da última menstruação, nem a data provável do parto, os dados a serem utilizados são os do ultrassom. Mas atenção, para que o cálculo seja mais preciso é preciso usar informações do primeiro exame. Neste caso, além da data em que a ultrassonografia foi realizada, também deverá ser inserida na calculadora a idade gestacional que foi estimada no exame. 

Aplicativos para quem quer engravidar

Gostaria de saber quais são os aplicativos que podem te acompanhar durante a gestação? Nós fizemos uma curadoria de aplicativos para serem os fiéis escudeiros das gestantes e tentantes!

Preencha o formulário abaixo e receba por emails as informações dos aplicativos e os links para download:

Revisado por
Dra. Priscila Scalco - CRM 32.639

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