O Puerpério, também chamado de resguardo ou quarentena, é o nome dado à fase pós-parto, que começa com o nascimento do bebê e dura em média 45 dias (seis semanas). Neste período, a mulher experimenta modificações físicas, hormonais e emocionais, pois o corpo, que abrigou o feto, vai se transformando novamente para voltar aos padrões anteriores à gravidez.
Nesse sentido, com o deslocamento da placenta depois de dar à luz, os órgãos reprodutores da mãe começam a retornar ao seu estado pré-gravídico. A exceção são as mamas, que devido à amamentação, atingem seu desenvolvimento completo nesta fase para alimentar o bebê.
Sendo assim, o momento do término do puerpério pode variar de mulher para mulher, mas, em geral, encerra quando retornam a ovulação e a função reprodutiva da mãe. Dessa forma, nas puérperas que não amamentam, a primeira ovulação poderá ocorrer após 6 a 8 semanas do parto. Já nas que amamentam, o retorno da ovulação é imprevisível, podendo levar meses. Portanto, nestes casos, é essencial avaliar com o ginecologista a adoção de método anticoncepcional adequado.
Quais são as etapas do puerpério?
Assim que o nenê nasce, a mulher já entra no puerpério, e uma série de transformações emocionais e fisiológicas começam a acontecer para que corpo volte ao seu estado normal. Além disso, é nesta fase que o organismo da mulher também se prepara para poder atender o bebê.
Nesse sentido, o período tende a ser marcante devido à enxurrada de sensações e mudanças:
- Os níveis de hormônios se alteram;
- O útero começa a diminuir;
- Há descamação da decídua (camada que reveste a parte interna do útero durante a gestação) e, consequentemente, sangramento vaginal;
- As mamas aumentam a produção de leite;
- Podem ocorrer problemas no trato urinário, entre outras situações.
Sendo assim, de acordo com a literatura médica, o puerpério possui três fases bem definidas:
a. Puerpério Imediato (1º ao 10º dia)
b. Puerpério Tardio (10º ao 45º dia)
c. Puerpério Remoto (a partir do 45º dia)
Para saber um pouco mais sobre o que acontece em cada fase, confira os quadros abaixo:
Como se preparar para o puerpério?
Depois do nascimento do bebê, além das alterações hormonais, a mulher encara mudanças bruscas na forma de viver. Dessa forma, sair da maternidade com um ser completamente dependente, que precisa de atenção quase exclusiva, pode assustar.
Por isso, durante o puerpério, é comum a mulher sentir as emoções à flor da pele, cansaço, esgotamento e vontade de chorar sem motivo aparente. Sendo assim, a intensidade desta fase requer planejamento para a mulher poder passar com mais tranquilidade por estas grandes mudanças.
Confira abaixo dicas práticas para uma boa preparação, que podem começar a acontecer ainda na gestação:
Tenha momentos de relaxamento
Diferentes atividades que podem ser feitas durante a gravidez contribuem com o bem-estar da mãe. Desta forma, alguns exemplos, como yoga, pilates, meditação, leitura, participação em grupos de gestantes ou de preparo para a amamentação podem transmitir segurança e tranquilidade para a mulher, principalmente no período do puerpério.
Conte com pessoas na mesma situação
Ter por perto pessoas passando pelos mesmos sentimentos no pós-parto pode contribuir muito com o emocional da mãe, que se sente mais acolhida. Neste sentido, uma amiga ou familiar que também esteja grávida ou no puerpério pode ser um bom apoio nessa nova fase da vida. Da mesma forma, os grupos virtuais são muito úteis, com informações e trocas de experiências.
Organize as tarefas da casa
As primeiras semanas com o recém-nascido costumam exigir muito fisicamente e emocionalmente da mãe. Dessa maneira, no fim da gravidez, é indicado montar um cronograma de organização das tarefas da casa, combinando com pessoas próximas para ajudar. Isso deixará a mãe mais tranquila para cuidar de si e do bebê.
Aceite ajuda
Não tenha receio de aceitar ajuda, especialmente no primeiro mês pós-parto. Conte com familiares e amigos que demonstram vontade de contribuir com o momento.
Para os casais que têm mais filhos, uma dica: marque visitas na casa de amigos. Assim, os irmãos ganham um tempo de diversão com pessoas queridas, enquanto os pais podem descansar um pouco. No entanto, não esqueça que tempo individual com cada filho também é precioso. Na fase após a chegada do bebê, isso ajuda a evitar ciúmes ou regressões.
Tenha um momento para si
Não esqueça de cuidar de si e fazer pequenos agrados para você mesma. Neste sentido, pode ser minutos de leitura sozinha no quarto, uma ida ao supermercado ou farmácia ou até um banho mais demorado no fim do dia.
Puerpério: quais as principais mudanças que traz à mulher?
Entender o que ocorre em relação ao corpo e a rotina da mulher é muito importante para que a mãe possa passar por este momento com mais segurança e serenidade.
Veja as principais mudanças que o puerpério traz:
Mudanças Hormonais no puerpério
Neste pequeno espaço de tempo, há mudanças bruscas nos hormônios do corpo feminino. Confira o que acontece:
Sangramentos do puerpério
Após o nascimento do bebê e saída da placenta, o útero vai cicatrizando e retornando ao seu volume normal. Isso provoca a loquiação, que pode gerar sangramentos e secreções ao longo de todo o puerpério.
De 3 a 5 dias após o parto, a loquiação é de um sangue vermelho vivo, por conter muitas hemácias. A partir da segunda semana, a loquiação vai se tornando vermelho escuro (acastanhado). Depois de dez dias após o parto, se torna amarelada e, posteriormente, esbranquiçada, até terminar. A duração média da loquiação é de 4 semanas, e ela pode ter volume total entre 200 e 500 ml.
É importante ressaltar que estes sangramentos não devem ser confundidos com a menstruação. Esta tem origem no endométrio, que reveste o útero, enquanto a loquiação vem principalmente do local onde a placenta estava implantada.
Menstruação após o puerpério
O retorno do ciclo menstrual como era antes da gravidez varia de mulher para mulher. Em média, a ovulação ocorre 45 dias após o parto, e a menstruação vem de 7 a 9 semanas depois do nascimento do bebê.
No entanto, para as mulheres que amamentam, a prolactina (hormônio responsável pela produção de leite) pode inibir este retorno, fazendo com que ele demore vários meses. Como a ovulação ocorre antes da menstruação, não é possível prever o retorno da fertilidade da mulher.
Útero e cólicas no puerpério
Durante a gravidez, o útero se estica e cresce para abrigar o bebê, podendo medir mais de 50 centímetros e pesar mais de 4 quilos. Se este processo causa dores nas mães, o inverso, do útero voltando ao tamanho original, também traz incômodos.
Por esta razão, no puerpério, as mulheres podem sentir cólicas no útero principalmente durante a amamentação. Assim, o órgão volta ao seu tamanho original aproximadamente seis semanas após o parto.
Mamas no puerpério
As mamas são os únicos órgãos que não voltam ao original durante o puerpério. Desde a gravidez, elas crescem e, durante todo o período de amamentação, ficam maiores e podem doer.
Logo após o nascimento do bebê, as mamas produzem colostro, líquido amarelado que é o primeiro alimento produzido pelo corpo da mulher. Após três dias, a produção de leite materno se inicia, o que pode gerar desconforto.
Além disso, a amamentação do bebê pode gerar fissuras nos mamilos e arder muito. Para resolver o problema, os médicos podem indicar que se passe o próprio leite em volta dos mamilos, cremes para cicatrização ou até analgésicos.
Por último, para que os ductos mamários permaneçam em posição anatômica, o que facilita a amamentação, recomenda-se o uso de sutiãs de alças largas e firmes.
Emocional abalado no puerpério
Em função das mudanças hormonais que já citamos, a mulher pode estar mais frágil e sentimental no puerpério. Dessa forma, a ajuda do parceiro e parentes mais próximos é fundamental nesse período difícil.
Existem mulheres que, logo depois de terem bebê, choram e sentem uma tristeza inexplicável, mas não significa que elas estejam sofrendo de depressão pós-parto. Esta situação é chamada de Blues Puerperal ou baby blues, e é consequência da oscilação dos hormônios.
Nesse sentido, a mãe tem uma tristeza branda que dura até duas semanas e não impede que ela realize as atividades e cuide de seu filho. Assim, com uma rede de apoio, paciência, compreensão e reajustes na rotina, a mulher vai se sentindo melhor e deixando essa melancolia para trás.
Já a depressão pós-parto é uma tristeza mais severa e atinge as mães por mais tempo. Nesse sentido, é considerada uma doença psíquica, pois tira as forças da mulher para lidar com a nova rotina e também faz com que ela tenha desinteresse em interagir com a criança. Nestes casos, as mães precisam de ajuda terapêutica.
A barriga no puerpério
Quando o útero cresce durante a gravidez, os outros órgãos que estão na cavidade abdominal se adequam a ele. No puerpério, eles retornam ao lugar e tamanho de origem e por esta razão, muitas mulheres sentem a barriga flácida por dentro.
Além disso, há a distensão das alças abdominais causada por gases. Uma boa alimentação, hidratação e caminhadas leves ajudam estes incômodos a serem atenuados.
Desconforto na região íntima durante o puerpério
Principalmente para as mulheres que deram à luz de parto normal, o canal vaginal também precisa se recuperar durante o puerpério. Para a passagem do bebê, a musculatura pélvica se relaxa e, no puerpério, vai retornando às dimensões e à força originais.
Além disso, a passagem do bebê pode gerar lacerações na entrada da vagina, ou então a equipe médica pode ter optado pela episiotomia (corte junto à vagina). Por esta razão, é necessária a cicatrização da região, o que deve ocorrer em até três semanas. Caso a mulher sinta dor, os médicos recomendam compressa gelada e analgésico.
O relaxamento da musculatura também pode provocar incontinência urinária, e os exercícios de contração são indicados para que retorne à sua força.
Sexo no puerpério
As alterações na vagina não atingem só quem teve parto normal, pois, com a queda da liberação de estrogênio, a vagina pode ficar com menos lubrificação e até inflamar. Antes que o canal vaginal ou o corte da cesárea estejam completamente cicatrizados, o sexo com penetração pode machucar e causar até infecções.
Não há um tempo fixo para que a cicatrização completa aconteça, mas costuma durar o período do puerpério. Por esta razão, é importante conversar com o médico sobre voltar a fazer sexo após o parto.
Além disso, como o fim do puerpério é imprevisível para as mães que amamentam, é fundamental solicitar ao ginecologista um anticoncepcional adequado para evitar outra gravidez.
Alimentação no puerpério
Há alguns alimentos que ajudam e outros que atrapalham a mulher e o bebê durante o puerpério.
Nutrientes INDICADOS:
- Água: é recomendado aproximadamente 13 copos por dia. O líquido aumenta a lactação, evita infecções urinárias e melhora a constipação;
- Alimentos fontes de ferro (carnes, aves, ovos, vegetais verdes escuros, feijões, beterraba e melado de cana): eles previnem anemia, que gera mais cansaço e fraqueza. É importante consumir sempre em conjunto com alimentos fontes de vitamina C (frutas cítricas);
- Magnésio, vitaminas do complexo B, triptofano, vitamina D e ômega 3 (aveia, vegetais verdes escuros, banana, frutas vermelhas, ovo, gergelim, carne, laticínios, quinoa, amaranto e oleaginosas): ajudam a melhorar a produção de serotonina, substância do bem-estar que, quando mais baixa, causa sentimentos de tristeza que podem ser muito comuns no período do puerpério.
Alimentos NÃO indicados:
- Bebidas alcoólicas: podem diminuir a produção de leite;
- Cafeína (café, refrigerantes de cola, chás verde, mate e preto e chocolate): reduz a absorção de ferro e pode deixar o bebê mais agitado e irritado. O ideal é limitar a ingestão de 3 xícaras de café por dia;
- Amendoim (ou pasta de amendoim): é potencialmente alergênico e pode fazer com que o bebê desenvolva alergia a este alimento.
Puerpério: mitos e verdades
Durante o puerpério, muitas dúvidas e medos podem surgir. Por isso, confira abaixo uma lista de mitos e verdades sobre o assunto para desmistificar esta fase do pós-parto.
Como vimos aqui, conhecer mais sobre o puerpério é de extrema importância para que a mãe possa passar por esta fase tão intensa e de tantas transformações da forma mais tranqüila possível.
Sabe-se que muitos dos cuidados para este momento devem ser iniciados ainda durante a gravidez. Por esta razão, ter uma gestação saudável também contribui para este período de adaptação entre mãe e filho. Se você quiser saber mais sobre gravidez e os cuidados necessários do pré-natal, clique na imagem abaixo e confira: