Não podemos falar em gravidez sem pensar no embrião que é o elemento principal na formação do indivíduo. Nesse sentido, tanto na gestação natural quanto nas geradas por reprodução assistida, o embrião corresponde ao estágio inicial do desenvolvimento humano.
No texto a seguir definimos o que é o embrião e explicamos quais são suas fases de desenvolvimento. Iremos abordar também sua importância para o sucesso dos tratamentos de reprodução assistida
Boa leitura!
O que é um embrião?
O embrião é a estrutura celular resultante da fecundação humana, ou seja, do encontro do espermatozoide com o óvulo. Nesse sentido, logo que ocorre a fertilização é formado o zigoto que já carrega o DNA com 23 cromossomos da mãe e 23 do pai. Após sofrer divisões celulares (mitoses), o zigoto dá origem ao embrião.
Assim, o embrião faz parte do estágio inicial do desenvolvimento humano que vai do segundo dia após a fecundação até a oitava semana de gestação. A partir dessa etapa da gravidez até o parto, o concepto passa a ser chamado de feto.
Assim, seja na gravidez natural ou por meio da reprodução assistida, o embrião dá origem ao novo ser que vai se desenvolver no útero.
Diferença entre Embrião e Feto
Como vimos, o embrião e o feto correspondem a duas diferentes fases do desenvolvimento de um bebê ao longo da gestação. Desta forma, na fase embrionária (até a 8ª semana), ocorre maior multiplicação celular e o início da formação dos principais órgãos e sistemas.
Já na 9ª semana o feto já tem braços, pernas, olhos, nariz e boca e órgãos que ainda não estão maduros. Nesse sentido, a partir desta etapa até o final da gravidez, o feto vai se desenvolvendo e amadurecendo outras funções, como a respiratórias, auditivas e musculares.
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Fases do desenvolvimento: Zigoto, Mórula, Blastocisto e Embrião
Como vimos, fecundação é a união dos gametas feminino e masculino, resultando no zigoto, que em seguida dá origem ao embrião. Também chamada de fertilização, esse é um processo complexo que acontece de forma rápida e sucessiva.
Veja as etapas do início do desenvolvimento embrionário:
Zigoto
O zigoto, primeira célula do novo ser, é formado a partir da união dos pronúcleos feminino e masculino. Essa junção origina uma estrutura geneticamente única com informações do DNA do pai e da mãe que inicia sua jornada até o útero.
Clivagem
A partir da formação do Zigoto começa um processo de clivagem ou divisões celulares que dão origem as primeiras células resultantes dessa divisão, chamadas de blastômeros. Nesse sentido, a clivagem marca o início do desenvolvimento embrionário.
Mórula
É a massa de 16 a 32 células resultantes da clivagem do zigoto. A mórula acontece cerca de 3 a 4 dias após a fecundação, quando o pré-embrião está prestes a chegar ao útero.
Blastocisto
O blastocisto é um estágio do desenvolvimento do embrião quando este está formado por cerca de 150 a 200 células. Esta etapa acontece normalmente entre 5 e 7 dias após a fecundação, quando o embrião está pronto para sua implantação no endométrio.
Confira o resumo do desenvolvimento embrionário:
- D1 – Primeiro dia de desenvolvimento, ocorre quando os dois gametas (óvulo e espermatozoide) se fundem para formar uma única estrutura, chamada de zigoto;
- D2 – Segundo dia após a fertilização: Nesta fase o embrião possui de 2 a 4 células;
- D3 – Terceiro dia a fertilização: Aqui o embrião deve possuir de 6 a 10 células;
- D4 – Quarto dia após a fertilização: O embrião deve estar em estágio de mórula, com cerca de 16 a 32 células compactadas;
- D5 – Quinto dia após a fertilização: O embrião chega ao estágio de blastocisto. Neste momento, ele já conta com 150 células e está em estágio ideal para se fixar ao útero. Todavia, alguns embriões apresentaram um crescimento mais lento, chegando ao estágio de blastocisto no sexto dia (D6), ou ainda, no sétimo dia de desenvolvimento (D7).
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A Importância do Embrião na Reprodução Assistida
Sabemos que o embrião é fundamental para qualquer gravidez, seja ela ocorrida de forma natural, ou por meio de reprodução assistida. Afinal, o embrião é o ponto de partida para o nascimento de uma nova vida.
No caso da medicina reprodutiva, tratamentos como o Coito Programado e a Inseminação Artificial (IA) facilitam que a fecundação aconteça para formar um embrião.
Além disso, técnicas como a fertilização in vitro (FIV) desafiam a natureza, promovendo o encontro do óvulo com o espermatozoide em laboratório. Desta forma, o embrião formado fora do corpo da mulher pode ser analisado e selecionado antes de ser transferido ao útero onde será gestado.
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Como Avaliar a Qualidade de um Embrião?
A classificação dos embriões é usada para definir a qualidade morfológica dos embriões obtidos a partir do procedimento de Fertilização In Vitro. Nesse sentido, essa é uma das tarefas mais importantes do tratamento, pois quanto melhor a qualidade do embrião, maiores são as chances de uma gravidez.
Assim, além do número de células, a avaliação e classificação do embrião acontece também pelo seu aspecto morfológico.
Outra possibilidade de avaliação embrionária é a análise genética, técnica que mostra se esse embrião é portador de alguma doença genética. Para isso, o especialista em reprodução humana indica o PGT exame, que rastreia possíveis anomalias genéticas do embrião antes da sua transferência ao útero materno.
Esse exame é realizado a partir de biópsia embrionária, que visa evitar doenças genéticas e abortos de repetição e, com isso, melhorar o resultado dos tratamentos.
Leia também: Avaliação da Qualidade Embrionária
Transferência de Embriões: Quando e Como é Feita
A transferência de embriões é a última etapa da Fertilização in Vitro, quando se transfere o embrião selecionado ao útero que irá gerá-lo.
Nesse sentido, o objetivo é transferir o embrião para o interior da cavidade uterina (endométrio), aonde ele vai se implantar para dar continuidade à gravidez.
Desta forma, a transferência do embrião inicia com a introdução de um fino cateter de plástico flexível pelo orifício externo do colo uterino. . Chamado de cateter guia, é por dentro dele que vai passar um segundo cateter, de calibre menor, trazendo os embriões.
Uma vez transferido ao útero, seu desenvolvimento continua na cavidade uterina ao se aderir à parede ao endométrio, processo denominado nidação.
Vale destacar que o número de embriões transferidos ao útero depende de fatores como a receptividade endometrial e a idade da mulher que vai gestar.
Dessa forma, quanto mais embriões são transferidos, maiores as chances de gestação múltipla, o que pode gerar riscos tanto para os bebês quanto para a mãe.
Nesse sentido, o Conselho Federal de Medicina (CFM) define as normas da Reprodução Assistida, entre elas, o número de embriões que podem ser transferidos:
Veja o que diz o CRFM:
- Mulheres até 37 anos: até 2 embriões;
- Mulheres com mais de 37 anos: até 3 embriões;
- Nas situações de doação de óvulos e embriões, considera-se a idade da doadora no momento da coleta dos óvulos.
Transferência de embriões frescos ou congelados: qual o melhor?
A transferência de embriões pode ser feita de duas formas: a fresco ou utilizando embriões que estavam congelados. Logo, o procedimento da transferência é o mesmo, o que difere é o tempo entre a coleta dos gametas, a fecundação e a transferência uterina.
A fresco
A transferência a fresco é aquela em que os óvulossão coletados, a fertilização é realizada, e de três a cinco dias após, os embriões são transferidos. Ou seja, nestes casos o procedimento ocorre sequencialmente às etapas anteriores da FIV.
Congelado
No congelamento, o tempo entre a coleta dos gametas e a transferência uterina é maior, podendo ser transferidos anos depois. Desta forma, podem ser congelados tanto os gametas isoladamente (óvulos e espermatozoides) quanto os embriões já formados.
Nesse sentido, com a evolução das técnicas de criopreservação (vitrificação), não há perda de qualidade dos embriões ou risco para o bebê que será gerado.
Criopreservação de Embriões
Como vimos, nos tratamentos de Fertilização In Vitro, os embriões são formados em laboratório, a partir da união dos gametas femininos e masculinos. Para tanto, após a indução ovariana, os óvulos são coletados através da punção folicular.
Além disso, é realizada a coleta de sêmen por masturbação ou biópsia testicular. Em alguns casos é possível recorrer também a óvulos e/ou semên doados.
Assim, após o processo de fecundação, os embriões que não forem usados são criopreservados em nitrogênio líquido, -196°C, pelo método de vitrificação. Dessa forma, o congelamento preserva as características do embrião por tempo indeterminado, podendo ser usados anos depois para nova FIV ou para doação.
Aspectos Éticos e Legais Relacionados aos Embriões
Quando se fala em uso de embriões, surgem dúvidas e questões éticas que necessitam estar bem esclarecidas para garantir segurança e transparência aos tratamentos.
Nesse contexto, as normas sobre a reprodução assistida são reguladas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) através da Resolução nº 2.320/22.
Veja as orientações do CFM sobre a criopreservação de gametas ou embriões:
- As clínicas, centros ou serviços podem criopreservar espermatozoides, oócitos, embriões e tecidos gonadais;
- O número total de embriões gerados em laboratório será comunicado aos pacientes para decidirem quantos embriões serão transferidos a fresco, conforme determina a Resolução. Os excedentes viáveis devem ser criopreservados;
- Antes da geração dos embriões, os pacientes devem manifestar sua vontade, por escrito, quanto ao destino dos embriões criopreservados em caso de divórcio, dissolução de união estável ou falecimento de um deles, ou de ambos, e se desejam doá-los;
- O descarte condicionado de embriões criopreservados deixa de compor o texto da norma, que destaca a Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005).
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