A Morfologia de Kruger é um dos exames detectados no espermograma, teste normalmente realizado por homens que estão avaliando sua saúde reprodutiva. Nesse sentido, é um dos principais parâmetros na investigação da infertilidade masculina.
No texto abaixo vamos abordar este assunto em detalhes, explicando como funciona a análise da Morfologia de Kruger, sua função e seus impactos na escoha do tratamento de Reprodução Assistida.
O que é Morfologia de Kruger?
A Morfologia de Kruger é um dos parâmetros avaliados no exame de espermograma, principal teste realizado quando há suspeita de infertilidade masculina. Nesse sentido, analisa a qualidade dos espermatozoides produzidos pelo testículo do homem levando em consideração o formato dos gametas.
Desta forma, através da Morfologia de Kruger, avaliam-se os espermatozoides quanto a presença de alterações morfológicas que possam prejudicar a capacidade reprodutiva do homem. Assim, o objetivo é detectar possíveis defeitos na cauda, na cabeça ou no acrossomo (organela na cabeça do espermatozoide com enzimas responsáveis pela penetração do gameta no óvulo).
Deste modo, o resultado do exame vai depender do percentual de gametas com comprometimento morfológico. Ou seja, na sua forma, o que pode prejudicar a fertilidade do homem.
Como é analisada a Morfologia de Kruger?
Como vimos, a Morfologia de Kruger é uma das análises do espermograma, exame que avalia a concentração, a motilidade, a vitalidade e a morfologia dos gametas masculinos.
O espermograma acontece a partir do sêmen coletado, normalmente via masturbação. Então um profissional altamente capacitado minuciosamente avalia os espermatozoides em laboratório.
A análise da Morfologia de Kruger se refere à avaliação morfológica das células reprodutivas, procurando alterações no formato da cauda, da cabeça ou do acrossomo.
Para isso, os espermatozoides são coloridos por meio de corantes especiais e avaliados em microscópio óptico em aumento de visualização de mil vezes. Quanto maior a quantidade de espermatozoides com morfologia alterada, maior a chance de infertilidade masculina.
Veja onde podem acontecer alterações morfológicas no espermatozoide:
- Cabeça: o compartimento espermático que contém o material genético, ou seja, toda a informação para a geração do embrião. Na cabeça se encontra também o acrossomo, espécie de “capuz” rico em enzimas e cálcio, fundamentais para que aconteça fecundação natural.
- Peça intermediária: é o “pescoço” do espermatozoide, onde estão as mitocôndrias, responsáveis pelo abastecimento energético dos espermatozoides. Dessa forma, defeitos nessa região podem causar redução nos percentuais de motilidade.
- Cauda: é a parte responsável pelo deslocamento. Assim, alterações na estrutura da cauda inviabilizam o processo de fertilização natural.
Existe algum preparo especial para análise da Morfologia de Kruger?
A análise da Morfologia de Kruger ocorre a partir de uma amostra de sêmen obtida por masturbação.
A recomendação para o exame de espermograma é que o homem fique de dois a cinco dias em abstinência sexual antes de realizar a coleta. Além disso, é importante que o paciente ejacule dentro do frasco e não faça uso de lubrificantes, pois essas condições interferem no resultado do exame.
Fora essas orientações, não há necessidade de jejum alimentar ou nenhum outro tipo de cuidado pré ou pós-exame.
Quando a avaliação da morfologia de Kruger é considerada normal?
O resultado da Morfologia de Kruger é normal quando a quantidade de gametas considerados adequados é igual ou superior a 4%. Ou seja, de cada 100 espermatozoides pelo menos quatro não apresentam alterações morfológicas.
Para ser normal o espermatozoide deve ter formato oval, com cabeça de 5 a 6 micrômetros de comprimento e 3 a 4 de largura. Além disso, precisa ter o acrossomo cobrindo de 40 a 70% de sua cabeça e não apresentar anormalidades nas regiões, da peça intermediária e da cauda. Dessa forma, os espermatozoides normais têm maior chance de fertilização do óvulo, e assim, produzir um embrião.
Veja na ilustração abaixo as possíveis alterações morfológicas do espermatozoide:
Morfologia de Kruger: quais as possibilidades de diagnóstico?
Como já explicado, a Morfologia de Kruger classifica os espermatozoides de duas formas: normal e anormal. Além disso, ela identifica alterações nos gametas como cauda enrolada, deformações no tamanho e formato da cabeça, defeito na peça intermediária, entre outros.
Dessa forma, um dos diagnósticos possíveis da Morfologia de Kruger é a teratozoospermia, quando há uma grande quantidade de espermatozoides com alterações morfológicas. Nesse sentido, as principais causas para esse problema são: varicocele, inflamação no sistema reprodutor, uso de drogas ou origem congênita.
Como diminuir as alterações morfológicas identificadas pela morfologia de Kruger?
Ainda não há formas comprovadas de como melhorar a Morfologia dos espermatozoides, porém alguns hábitos são reconhecidamente prejudiciais para a fertilidade masculina. Dessa forma, é sempre indicado não abusar de álcool nem de cafeína, não fumar, usar drogas ou anabolizantes.
Além disso, muitas pessoas acreditam que suplementos vitamínicos e alimentares podem ajudar a melhorar a Morfologia os espermatozoides. Porém, na verdade, esses elementos parecem atuar mais na concentração e na motilidade dos espermatozoides do que na morfologia.
É possível engravidar com número elevado de espermatozoides anormais? Conheça os tratamentos
Sim, é possível engravidar mesmo com um número baixo de espermatozoides alterados morfologicamente. Isto porque o diagnóstico de baixo percentual de espermatozoides normais, menor que 4%,indica apenas poucas chances de gravidez espontânea, mas não impossibilidade de gerar um filho.
Desta forma, através dos tratamentos de Reprodução Assistida é possível selecionar os gametas masculinos normais, ainda que sejam poucos, e promover a fecundação do óvulo. Nesse sentido, a técnica recomendada vai depender dos valores obtidos no exame.
Menos de 4% dos espermatozoides normais
Quando a Morfologia de Kruger resulta em menos de 4% de espermatozoides normais, o diagnóstico é de infertilidade, com poucas chances de fertilização do óvulo naturalmente.
Nesses casos, o tratamento indicado é a Fertilização In Vitro (FIV) pela técnica de ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide).
Nesse sentido, o procedimento consiste em introduzir um único espermatozoide, previamente selecionado, diretamente dentro do óvulo para que a fertilização possa ocorrer.
Mais ou igual a 4% dos espermatozoides normais:
Nestas situações, quando não há fatores agravantes femininos, a inseminação intrauterina (IIU) pode ser uma possibilidade. Também conhecida como Inseminação Artificial, o tratamento consiste na introdução de sêmen dentro da vagina, útero ou trompas de falópio da mulher. O objetivo é aumentar as chances de gravidez quando o espermatozoide não consegue alcançar as trompas por conta de sua baixa concentração e/ou qualidade.
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