A Infertilidade Sem Causa Aparente (ISCA) é uma condição que afeta entre 5% e 10% dos casais em idade reprodutiva. Nesse sentido, ela é caracterizada quando, mesmo após a realização de uma investigação ampla, não há um diagnóstico preciso da causa da infertilidade.
No texto a seguir vamos, falar tudo sobre o assunto: como é feita a investigação da infertilidade sem causa aparente e quais são os possíveis fatores para o diagnóstico. Além disso, serão explicados quais os tratamentos de Reprodução Assistida que podem ajudar nestas situações.
O que é infertilidade sem causa aparente – ISCA?
A infertilidade sem causa aparente se dá quando, após terem sido realizados todos os exames necessários para avaliar as possíveis causas da infertilidade conjugal, não se consegue chegar a uma conclusão. Isto é, não há alterações orgânicas ou fisiológicas que justifiquem o motivo de não conseguir a gravidez.
Nesse sentido, esse diagnóstico pode representar uma limitação da medicina, pois nem todos os exames disponíveis atualmente são capazes de identificar o que está dificultando a gestação. Por esta razão, para se ter esse diagnóstico, é muito importante que o médico solicite a repetição de vários exames antes de determinar a ISCA.
Além disso, é Importante lembrar que a investigação da infertilidade é recomendada após 12 meses de tentativas espontâneas em pacientes de até 35 anos, ou após 6 meses nas mulheres acima de 35 anos.
Ou seja, a ISCA trata-se de um diagnóstico de exclusão, quando não é possível determinar o que afeta a fertilidade feminina ou a fertilidade masculina, mesmo após extensa investigação clínica.
Infertilidade sem causa aparente é comum?
Não, a infertilidade sem causa aparente não é algo comum, pois na maioria dos casos é possível descobrir o diagnóstico da infertilidade conjugal através das seguintes formas:
- Anamnese;
- Exame físico;
- Exames complementares.
Nesse sentido, entre 5 e 10% dos casais que procuram uma clínica especializada em reprodução humana têm esse diagnóstico. Ou seja, não conseguem descobrir o motivo pelo qual não conseguem engravidar.
Quais as possíveis causas da ISCA?
Embora as causas de infertilidade sem causa aparente não sejam identificadas pelos exames disponíveis, alguns fatores podem influenciar no diagnóstico da ISCA.
Desta forma, a quantidade dos óvulos que diminuem com a idade, a frequência das relações sexuais do casal e a qualidade do embrião formado com a fecundação podem interferir na fertilidade conjugal. Além disso, causas genéticas ou imunológicas ainda desconhecidas para a medicina também podem ser fatores para o ISCA.
Confira abaixo as principais causas relacionadas com o diagnóstico de ISCA inicialmente:
Causas femininas
- Avanço da idade – A reserva ovariana naturalmente diminui com a idade e, consequentemente a quantidade e qualidade dos gametas femininos, comprometendo o processo de fecundação. Além disso, a diminuição da reserva ovariana também pode ser provocada por Insuficiência Ovariana Precoce (IOP), também conhecida como menopausa precoce.
- Mínimas alterações nas tubas uterinas – Às vezes os exames realizados para avaliar a função das tubas uterinas tendem a não identificar alterações de menor grau. Nesse sentido, algumas doenças provocadas por infecções podem causar aderências mais leves em torno do órgão. Da mesma forma, a avaliação pode falhar na identificação de endometriose nos estágios iniciais. Assim, mesmo não sendo perceptíveis, estas pequenas alterações podem comprometer a fertilidade feminina.
- Doenças autoimunes – Muitas pessoas desconhecem, mas doenças como lúpus e artrite também podem interferir na fertilidade feminina. Nesse caso, é chamada infertilidade imunológica.
Causas masculinas
- Idade avançada – Da mesma forma que a fertilidade feminina, a masculina também sofre um declínio com o avanço da idade, provocando principalmente alterações no DNA dos espermatozoides, como anormalidades cromossômicas, numéricas ou estruturais.
- Fragmentação do DNA Espermático – Outro problema associado à infertilidade masculina e que não é detectado pelo exame de espermograma padrão é a fragmentação do DNA espermático. Além de alterações no núcleo dos gametas, este problema também pode provocar falhas na implantação do embrião e abortamentos.
Como ocorre o diagnóstico de infertilidade sem causa aparente?
Quando existe a suspeita de infertilidade do casal, é importante procurar ajuda especializada para identificar as causas deste problema. A partir disso, é possível iniciar uma investigação mais detalhada do histórico conjugal e de suas condições fisiológicas.
Desta forma, são realizados exames físicos, laboratoriais e de imagem que possam diagnosticar alguma possível alteração. Nesse sentido, os exames indicados são:
- Ultrassom transvaginal;
- Histerossalpingografia;
- Exames laboratoriais;
- Espermograma.
Sendo assim, apenas após a investigação de ambos os parceiros e a exclusão de diversas situações é que a infertilidade é diagnosticada como sem causa aparente.
Como a infertilidade é investigada?
Para verificar a infertilidade conjugal, os especialistas seguem alguns passos. Nesse sentido, na Nilo Frantz Medicina Reprodutiva, uma das maiores clínicas de reprodução assistida do país, o início da investigação passa por quatro pontos básicos. São eles:
- Óvulo – É avaliada a reserva ovariana e a ovulação;
- Espermatozoide – É checado através do espermograma se existe fator masculino de infertilidade;
- Trompas de Falópio – É realizado o exame de histerossalpingografia para avaliar a estrutura das trompas;
- Útero – É feita uma avaliação no útero para ver se tem alguma alteração que possa atrapalhar a implantação do embrião, como malformação, mioma, pólipo, adenomiose e endometriose.
Sendo assim, se todos esses pontos estiverem normais, a clínica prossegue na investigação. Desta forma, é avaliada a questão genética familiar, que vai aprofundar a análise da qualidade do óvulo e do semen.
Além disso, é solicitado um teste da fragmentação do DNA espermático, uma biópsia do endométrio e exames imunológicos. Ou seja, são investigados fatores menos comuns para tentar descobrir onde está a dificuldade para engravidar.
O diagnóstico de infertilidade sem causa aparente é para sempre?
Ainda que não se encontre uma causa definida para a infertilidade sem causa aparente, a medicina reprodutiva tem tratamentos indicados para esse tipo de situação.
Além disso, não podemos esquecer que a ciência progride numa velocidade tão grande que o desconhecido de hoje será provavelmente esclarecido no futuro. Desta forma, o que agora não tem explicação, amanhã, talvez, venha ser explicável e tratável.
Infertilidade sem causa aparente: o que fazer?
A conduta médica para a infertilidade sem causa aparente vai depender da idade da mulher, do tempo de infertilidade, do estresse e da disponibilidade econômica do casal. Para casais jovens e com ansiedade controlada, muitas vezes, tratamentos naturais que envolvem alimentação, qualidade de vida, revisão de hábitos e algumas vitaminas podem ser a solução.
Para outros, a opção mais acertada são os tratamentos de reprodução assistida que podem resolver a situação. No entanto, independente do caso, o acompanhamento profissional é essencial, tanto em relação ao suporte técnico quanto ao psicológico.
Por isso, a importância de procurar uma clínica de reprodução humana de confiança e que tenha uma equipe multidisciplinar com bons especialistas na área, além de nutricionistas, psicólogos entre outros.
Hábitos de vida para auxiliar na fertilidade
Como foi mencionado acima, o estilo de vida também influencia na fertilidade conjugal. Assim, alimentação, obesidade, tabagismo, consumo de álcool e outras drogas também podem impactar na possibilidade de engravidar. Preparamos abaixo uma lista de dicas para ajudar os casais a realizarem o sonho de ter um filho.
Alimentação saudável
Mais de 10% dos casos de infertilidade são atribuídos ao excesso ou à falta de peso. Nesse sentido, a obesidade pode ter impacto negativo nos ovários, onde os óvulos são produzidos, bem como no endométrio, onde acontece a implantação do embrião.
Além disso, o excesso de peso favorece o surgimento de diabetes gestacional e hipertensão. Da mesma forma, estudos comprovam que homens mais gordos têm espermatozoides de pior qualidade, problema que se agrava quando a pessoa passa dos 40 anos.
Uma boa dieta
Para melhorar a fertilidade, é indicado alimentos antioxidantes e anti-inflamatórios como vegetais alaranjados e verdes escuros, frutas vermelhas, abacate e coco. Da mesma forma, são bem-vindos oleaginosas, alimentos com pouco carboidrato e sem glúten, nozes, castanhas, biomassa de banana verde, curcuma e água.
Evite
Alimentos inflamatórios e oxidantes como soja e derivados, linhaça, açúcar, doces, refrigerantes e sucos. Além disso, não é indicado o consumo de café e chimarrão em excesso, margarinas, glúten, industrializados, temperos em cubos, agrotóxicos, gordura trans e carnes processadas.
Da mesma forma, é importante ressaltar que o consumo de álcool, cigarros e drogas diminuem consideravelmente as chances de gerar um bebê.
Cuidado com o estresse
Está comprovado que o estresse e a ansiedade estão intimamente relacionados ao excesso de radicais livres que, por sua vez, têm impacto negativo sobre o DNA. dos gametas. Nesse sentido, piora significativamente a qualidade dos óvulos e do sêmen, dificultando a gravidez.
Por isso, quando o casal decide engravidar é fundamental manter uma postura otimista e livre de estresse. Nesse sentido, recorrer a terapias alternativas para equilibrar o emocional como acupuntura, ioga e massagens terapêuticas é bastante indicado.
Tenha uma boa noite de sono
O útero tem seu próprio relógio biológico que precisa estar sincronizado com o relógio biológico do corpo da mulher para criar condições ideais ao crescimento e desenvolvimento fetal. Nesse sentido, o sono é considerado parte essencial dessas condições ideais.
Estudos mostram que a incapacidade de sincronização pode explicar por que algumas mulheres têm dificuldade em seguir com a gravidez durante os nove meses.
Faça exercícios físicos
A prática de exercícios faz com que homens e mulheres se mantenham saudáveis, facilitando muito a concepção de forma natural. Nesse sentido, a indicação é que essa rotina não extrapole cinco horas semanais, pois é comprovado cientificamente que a prática exagerada de exercícios de alto impacto afeta o sistema reprodutor feminino e masculino.
3 tratamentos de Reprodução Assistida para ISCA
Existem Tratamentos de Reprodução Assistida capazes de auxiliar casais com problemas de infertilidade, mesmo aqueles com a ISCA identificada. Nesse sentido, são três possibilidades de tratamento: o Coito Programado, a Inseminação Intrauterina (IIU) e a Fertilização In Vitro (FIV).
Coito programado
O coito programado é uma técnica de Reprodução Assistida de baixa complexidade, baseada no acompanhamento do ciclo menstrual feminino para determinar o período fértil da mulher. Além disso, pode-se usar medicamentos indutores de ovulação com objetivo de aumentar as chances de sucesso. Dessa forma, é possível saber qual o momento mais propício para a gravidez acontecer.
Nesse sentido, o tratamento é útil para otimizar o encontro do espermatozoide com o óvulo dentro do organismo da mulher, aumentando a probabilidade de fecundação. Para isso, monitora-se o processo com exames de ultrassonografia transvaginal, a cada 2 ou 3 dias, o que permite acompanhar a ovulação. Dessa forma, o médico pode orientar o casal quando as relações sexuais devem ocorrer.
Como o coito programado utiliza óvulos naturais da mulher, atua apenas no estímulo da fecundação. Sendo assim, é indicado para casos leves de infertilidade como anovulação, que é a ausência de ovulação. Dessa maneira, sugere-se o coito programado para mulheres até 35 anos, que não apresentam problemas nas tubas uterinas e no útero, situação avaliada pela histerossalpingografia.
Por outro lado, para que o coito programado funcione é necessário também que o homem apresente um espermograma com resultados normais ou discretas alterações. Além disso, é importante que o casal tenha avaliações hormonais consideradas saudáveis.
Inseminação Intra-Uterina (IIU)
A Inseminação Intra-uterina (IIU) é uma técnica de Reprodução Assistida muito usada em casos de infertilidade masculina e feminina. Nesse sentido, o tratamento consiste na introdução dos espermatozoides diretamente na cavidade uterina da mulher, com o objetivo de facilitar a fecundação do óvulo. Ou seja, este procedimento sincroniza o encontro dos gametas para que a gravidez aconteça.
Também chamada de Inseminação Artificial (IA), a técnica considerada de baixa complexidade potencializa o encontro do espermatozoide com o óvulo. Desta forma, coloca-se no útero feminino uma amostra qualificada de sêmen, com preparo prévio em laboratório. Assim, a fertilização do óvulo acontece dentro do corpo da mulher.
Fertilização In Vitro (FIV)
A Fertilização In Vitro (FIV) é uma das técnicas de reprodução assistida de alta complexidade que tem ajudado milhares de pessoas a superarem problemas de infertilidade. Esse tratamento ficou conhecido em 1978, com o nascimento de Louise Brown, na Inglaterra, o primeiro bebê de proveta do mundo.
Desde então, a Fertilização In Vitro vem evoluindo muito e ajudando milhares de pessoas a realizarem o sonho de ter um filho. Nesse sentido, a técnica promove o encontro do óvulo e do espermatozoide em laboratório, facilitando que ocorra a fecundação.
O embrião formado a partir da união dos gametas é posteriormente transferido ao útero para ser gestado. Desta forma, esta técnica de reprodução humana apresenta boas taxas de gravidez bem-sucedida, e acontece em várias etapas como:
Estimulação ovariana
Com uso de medicamentos hormonais, a indução ovariana estimula que um maior número de folículos, que contêm os óvulos, cresça e amadureça. Dessa forma, é possível obter mais óvulos para serem fertilizados.
Durante o período de estimulação, realizam-se exames de ultrassonografias para acompanhar o crescimento dos folículos, até que estejam prontos para coleta.
Punção folicular
Quando os folículos alcançam o tamanho ideal, ocorre a coleta de óvulos através da punção folicular. Todos os folículos produzidos pelos ovários são aspirados por uma agulha bem fina, guiada pelo ultrassom transvaginal. O procedimento é simples e rápido e acontece sob sedação.
Coleta de Sêmen
No caso dos homens, o sêmen é coletado através de masturbação ou por punção testicular, quando não há espermatozoides no ejaculado. O próximo passo é selecionar os espermatozoides mais saudáveis e viáveis para a facilitar a fecundação.
Fecundação
Após a coleta, os óvulos passam por uma remoção das células que o circundam, as células do cúmulos, para que a zona pelúcida fique exposta e para que seja possível classificar os óvulos de acordo com a maturidade deles. Selecionam-se apenas os óvulos maduros para a fertilização por ICSI, visto que são os únicos com potencial de fertilização e geração de embrião. Então a ICSI utiliza os melhores espermatozoides de acordo com critérios de motilidade e morfologia.
Depois disso, acontece a ICSI, processo de união entre o óvulo e espermatozoide, para que ocorra a fecundação. Nesse sentido, injeta-se o espermatozoide escolhido dentro do óvulo com o auxílio de um equipamento chamado micromanipulador de gametas.
Cultivo e transferência embrionária
Os embriões formados no laboratório são cultivados em uma incubadora por alguns dias, até serem transferidos para o útero materno. Isto acontece geralmente no quinto dia do seu desenvolvimento, D5, quando o embrião atinge o estágio de blastocisto. Em casos de exceção, pode ocorrer no terceiro dia, D3.
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