A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é a patologia endócrina mais comum nas mulheres em idade reprodutiva, com prevalência estimada de 5-10% nesta população. No mundo todo, estima-se que, aproximadamente, 105 milhões de mulheres entre 15 e 49 anos de idade, têm diagnóstico de SOP. A síndrome dos ovários Policisticos é uma doença multifatorial, onde inclui-se fatores genéticos e fatores ambientais (dieta inadequada, sedentarismo). Caracteriza-se pela presença de menstruações irregulares, manifestações hiperandrogênicas, infertilidade (falta de ovulação), obesidade e resistência a ação da insulina.
1) Quais são os principais sintomas da síndrome dos ovários policísticos?
Pode se manifestar de diversas formas como: desordens menstruais e reprodutivas, acne, hirsutismo (crescimento excessivo de pelos) e, a médio e longo prazo pelas doenças metabólicas e maior risco para o desenvolvimento de doença cardiovascular e até câncer. Entre as causas de infertilidade feminina, 35% devem-se a distúrbios ovulatórios e destes 80% são em conseqüência da Síndrome dos ovários policisticos.
2) Quais as possibilidades terapêuticas para o tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos?
A escolha do tratamento depende de qual é o objetivo do mesmo: tratar a irregularidade menstrual? O distúrbio metabólico? Ou a infertilidade? Para cada objetivo, temos uma variedade de opções. No que tange a infertilidade, o tratamento se resume, basicamente, em restaurar a ovulação. Porém, previamente ao tratamento, o casal deve submeter-se a uma investigação mínima (permeabilidade tubária e espermograma) para a exclusão de outras causas de infertilidade. Uma parte importante do tratamento abrange a orientação quanto à mudança de estilo de vida, principalmente com relação à perda de peso. Estudos revelam que mais da metade das pacientes com SOP são obesas e a obesidade está associada com o fracasso dos tratamentos de infertilidade, além de maior risco de abortamento e complicações tardias da gestação (distúrbios hipertensivos, diabetes, etc).
3) Como tratar a Síndrome dos Ovários Policísticos na Infertilidade?
Quando a síndrome é a única causa da infertilidade do casal, o tratamento consiste na indução medicamentosa da ovulação. A medicação de primeira escolha é o citrato de clomifeno (CC). Porém, 30 % das pacientes com SOP não respondem ao estimulo com esta medicação isolada. Nestes casos temos algumas opções, como a associação com outras medicações (metformina, gonadotrofinas), o uso isolado de gonadotrofinas ou o tratamento cirúrgico, cauterização dos folículos ovarianos por videolaparoscopia, chamado, drilling ovariano. Estas opções aumentam a chance de sucesso. A escolha vai depender de uma avaliação individualizada caso a caso.
O uso de gonadotrofinas nestas pacientes deve ser extremamente cauteloso, pois pacientes com SOP tem um risco maior de desenvolver uma complicação associada ao uso desta medicação que é a síndrome do hiperestímulo ovariano (SHO). Em resumo, a SOP é uma doença complexa, onde a infertilidade é uma de suas faces mais difíceis para estas mulheres. Existe uma série de possibilidades de tratamento, a ser avaliada individualmente. O único tratamento que deve ser empregado na imensa maioria destas pacientes é o estímulo à mudança de estilo de vida, principalmente dieta com redução de peso e atividade física regular. Este primeiro passo, certamente facilitará o tratamento complementar, se este ainda for necessário.
4) Existe alguma técnica que se pode utilizar para reduzir o risco de Hiperestímulo? Atualmente temos uma nova alternativa de tratamento para estas pacientes que é a maturação em laboratório dos óvulos (IVM). Nesta técnica, coletamos os óvulos imaturos dos ovários da paciente com SOP e fazemos sua maturação no laboratório. Quando maduros estes óvulos são fertilizados e após os embriões são transferidos ao útero da paciente. Esta técnica reduz a zero o risco de hiperestímulo.