As alterações de peso, mais especificamente a obesidade e o sobrepeso, estão relacionadas não somente a problemas de saúde, mas podem também levar a uma diminuição da fertilidade feminina e, até mesmo, aumentar o risco de abortos. O excesso de peso pode ter impacto negativo sobre os óvulos, sobre a qualidade embrionária e endométrio. 
Há evidências de que mulheres obesas ou com sobrepeso têm um risco aumentado de aborto espontâneo. O excesso de peso também favorece o surgimento de diabetes gestacional e hipertensão. Além disso, a mulher obesa frequentemente apresenta disfunções de ovulação que reduzem a fertilidade. 
Trabalhos científicos relatam maiores taxas de aborto em mulheres com Índice de Massa Corpórea (IMC) elevado, após tratamento para fertilização in vitro. Pacientes com IMC entre 25 e 35 são duas vezes mais propensas a ter aborto clínico, se comparadas com mulheres com IMC normal (entre 18,5 e 24). A associação entre IMC elevado e maior taxa de aborto pode ser multifatorial. IMC elevado é conhecido por ser associado à resistência à insulina, o que, por sua vez, é outro fator de risco, tanto em caso de concepção natural quanto com tratamentos de reprodução assistida.
Homens acima do peso também podem ter espermatozoides de pior qualidade. Nossos genes são determinados pelas escolhas de vida e informações que imprimimos todos os dias pelo estilo de vida e hábitos alimentares. O ambiente é capaz de interferir na forma como o DNA se expressa, sem modificar o código genético original. As marcas epigenéticas não são apagadas na fertilização, uma grande quantidade delas é mantida no sêmen e nos óvulos e é transmitida ao embrião. Espermatozoides e óvulos carregam marcas deixadas pelo estilo de vida e podem comprometer a saúde dos filhos, induzindo a um quadro de obesidade futura.
Texto: Nutricionista Rosa Silvestrim