A gestação, momento tão esperado pelos casais, apresenta diversas transformações para a mulher – tanto emocionais quanto físicas. O cansaço, a sonolência e as dores musculares estão entre as maiores queixas das gestantes. Nesse momento, é comum surgir a dúvida: gestantes podem se exercitar?
Há algumas décadas, exercício físico na gestação era “assunto proibido”: acreditava-se que gestantes que se exercitassem teriam maiores riscos de abortamento ou trabalho de parto prematuro.
Atualmente, o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia (ACOG) recomenda 30 minutos de atividade física moderada, pelo menos três vezes na semana. Estudos mostram que exercitar-se na gravidez diminui os riscos de macrossomia fetal (excesso de peso de recém-nascidos), de cesárea e de ganho de peso materno. Além disto, exercícios físicos auxiliam na diminuição das dores nas costas, prisão de ventre, fadiga, inchaço, na melhora da postura, no humor, na auto- estima e no sono da gestante.
Há um grande número de exercícios físicos indicados para gestantes. Estes podem variar de acordo com histórico médico e físico de cada mulher. De qualquer forma, são bem- vindos, às sessões de treinamento, os exercícios aeróbicos de baixo impacto e de baixa a moderada intensidade (caminhadas e natação) e a musculação (incluindo exercícios para o fortalecimento do assoalho pélvico, técnicas de respiração associadas aos exercícios, a tonificação e a resistência muscular). Pode-se incluir também, nas rotinas semanais, técnicas de relaxamento e massagens (drenagens), com o intuito de auxiliar o corpo a carregar, sem prejuízo, o peso extra adquirido ao longo da gestação, além de prepará-lo para o futuro.
Os exercícios que as gestantes devem evitar realizar são aqueles em que há um aumento no risco de traumas abdominais, quedas ou que gerem exaustão física (equitação, voleibol, surfe, futebol). Deve-se respeitar, sempre, as orientações comuns a todos os praticantes: exercitar-se em locais arejados, com uso de roupa confortável e com hidratação permanente, com supervisão de um educador físico qualificado.
Alguns casos específicos apresentam contraindicações ao exercício físico – história de incompetência istmo cervical, cerclagem, placenta prévia, bolsa rota, sangramento de segundo e terceiro trimestres, história prévia de parto prematuro ou pré eclâmpsia.
O exercício físico não deve parar no pós parto e amamentação! Exercitar-se nesse período ajuda a recuperar, mais rapidamente, o peso de antes da, gestação, o reforço abdominal, o retorno dos órgãos à posição normal, além de auxiliar na incontinência urinária. Não afeta negativamente a produção de leite, a sucção do bebê ou o ganho de peso no recém nascido.
Alguns estudos sugerem, inclusive, que não somente para a gestante, mas também para o próprio bebê, o exercício físico materno tem efeitos positivos. Bebês nascidos de mães que praticavam exercícios físicos na gestação teriam menor risco de peso acima da média. Como o exercício físico aumenta a área, volume e capacidade placentária, isso possivelmente teria um efeito protetor aos fetos.
Dica para as gestantes, atuais e futuras: atividade física está super indicada!
Texto:
Carolina Pereira – Médica Ginecologista
Marja do Valle – Educadora Física