Quando pensamos nas taxas de sucesso dos tratamentos para infertilidade, a ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides) chama a atenção pelo excelente resultado que apresenta. Como uma das técnicas de alta complexidade da reprodução assistida, a alta taxa de sucesso da ICSI tem ajudado cada vez mais pessoas realizarem o sonho de ter um filho.
Mas afinal, o que é ICSI? Quais são as taxas de sucesso? Qual a diferença entre FIV clássica e ICSI? No texto abaixo vamos responder essas e outras dúvidas sobre este tema.
O que é ICSI?
A ICSI, ou Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides, é uma das técnicas de alta complexidade de tratamento dentro da Reprodução Humana Assistida, que ajuda casais com problemas de infertilidade a realizarem o sonho de ter um filho.
Esse procedimento, que surgiu nos anos 90, consiste em introduzir um único espermatozoide, previamente selecionado, diretamente dentro do óvulo para que a fertilização possa ocorrer.
Dessa forma, a ICSI é um tratamento de Fertilização In Vitro, já que a fecundação do gameta feminino pelo masculino acontece em laboratório, fora do corpo da mulher.
Como funciona a ICSI?
Antes de falar nas taxas de sucesso da ICSI, é importante entender como ela funciona. Como vimos, a ICSI é parte importante de um tratamento de Fertilização In Vitro, que acontece em sucessivas etapas.
O processo inicia com a obtenção dos gametas femininos e do preparo dos gametas masculinos para a fecundação. Após a fertilização e a formação do embrião, ele é cultivado em laboratório, por um período de 5 a 7 dias e, posteriormente transferido ao útero, onde será gestado.
Veja, abaixo, mais detalhes de como acontece a ICSI:
Coleta de espermatozoides
No caso dos homens, os espermatozoides podem ser coletados através da masturbação ou, em situações excepcionais, serem obtidos direto dos testículos, por meio de uma punção testicular. Depois disso, ocorre o processamento do sêmen e a seleção dos espermatozoides de melhor qualidade, que serão utilizados para a fecundação dos óvulos.
Coleta de óvulos
Como a mulher normalmente libera apenas um óvulo por mês, ela precisa passar por uma indução da ovulação para estimular o desenvolvimento de um número maior de folículos ovarianos. Dessa forma, quanto maior a quantidade de folículos, mais se coleta óvulos e, consequentemente, aumentando as chances de formar embriões.
O tratamento de indução ovariana é feito através de medicamentos à base de hormônios por cerca de 10 a 12 dias. Acompanha-se o crescimento dos folículos através de exames de ecografias transvaginais e dosagens hormonais. Além disso, assim que atingem um tamanho adequado, a mulher recebe uma dose final de hormônio que irá induzir a maturidade dos óvulos.
O próximo passo é a coleta dos óvulos, feita por aspiração folicular, 36 horas após a administração do hormônio que irá estimular a maturação dos óvulos. O procedimento é feito sob anestesia, e dura aproximadamente 30 minutos.
Fecundação
Após a coleta, os óvulos passam por uma remoção das células que o circundam, as células do cúmulos, para que a zona pelúcida fique exposta. Desta forma, é possível classificar os óvulos de acordo com a sua maturidade.
Assim, selecionam-se apenas os óvulos maduros para a fertilização por ICSI, visto que são os que têm potencial de fertilização e geração de embrião. Através das técnicas de capacitação espermática o sêmen é preparado e são escolhidos os melhores espermatozoides de acordo com critérios de motilidade e morfologia.
Depois disso, acontece a ICSI, que é processo de união entre o óvulo e espermatozoide, para que ocorra a fecundação. O espermatozoide selecionado é injetado no citoplasma do óvulo com o auxílio de um equipamento de alta precisão chamado micromanipulador de gametas
Após a junção dos gametas no laboratório, o especialista acompanha a evolução do embrião até chegar ao estágio de blastocisto. Neste momento ele está pronto para a transferência ao útero.
Taxa de sucesso da ICSI
De acordo com diferentes estudos mundiais, as taxas de sucesso da fertilização com ICSI variam entre 60 e 80%. O índice de gravidez e de nascidos vivos com embriões resultantes de ICSI são tão bons quanto aqueles obtidos por Fertilização In Vitro clássica. Em muitos casos a resposta é ainda melhor.
Além disso, segundo a HFEA (Human Fertility & Embriology Authority), as chances de sucesso cumulativa da FIV e ICSI podem chegar a 90% em casos de casais jovens, que consigam formar embriões de ótima qualidade.
Entretanto, vale dizer que mesmo quando todos os parâmetros são favoráveis, ainda há chance de insucesso. Dessa forma, as chances de engravidar com a ICSI estão atreladas a diversos fatores, sendo que um dos principais aspectos é a idade da mulher.
O que influencia na taxa de sucesso da ICSI?
Como vimos, ainda que as taxas de sucesso da ICSI sejam altas, existem alguns fatores que interferem diretamente no resultado da técnica. Além da idade da mulher que fornece os óvulos para serem fecundados, outras questões podem interferir nas chances de uma gestação.
- Técnica do embriologista.
- Qualidade dos óvulos e espermatozoides;
- Qualidade dos embriões;
- Preparo e receptividade endometrial.
Qual a diferença da FIV clássica para a FIV com ICSI?
Quando falamos em taxa de sucesso da ICSI, é importante lembrar que esta técnica é um tipo de Fertilização In Vitro (FIV), que pode ser feita de 2 formas diferentes: a clássica e a ICSI. Embora os procedimentos sigam os mesmos passos de tratamento, eles se diferenciam pelo método usado para a fecundação do óvulo.
Ou seja, tanto os pacientes da FIV clássica quanto os da ICSI passam pelas mesmas etapas que incluem a preparação e punção dos óvulos, coleta dos espermatozoides, fertilização do óvulo em laboratório, cultivo do embrião e a transferência ao útero materno. Porém, a fertilização ocorre de formas diferentes.
Fecundação na FIV clássica
Na FIV clássica, os óvulos e uma quantidade pré-determinada de espermatozoides são colocados em uma gota contendo meio de cultivo e mantidos em incubadora com as condições ideais à fecundação. Assim, o objetivo é deixar os espermatozoides fecundarem o óvulo de maneira similar à fertilização natural, com menor interferência do embriologista.
Fecundação na FIV com ICSI
Na FIV com ICSI, os espermatozoides são selecionados e injetados, um a um, dentro de cada óvulo para que ocorra a fecundação. Nestes casos, a fertilização não ocorre espontaneamente, e há total interferência do embriologista.
Quando a ICSI é indicada?
A técnica de ICSI pode ser usada em diversos casos, mas possui indicação especial quando o problema de infertilidade é por fator masculino.
Principalmente nas situações onde há baixa quantidade de espermatozoides (oligospermia), problemas de motilidade (astenozoospermia) ou morfologia (teratozoospermia), nesses casos, a ICSI pode potencializar as chances de fecundação do óvulo.
Além disso, a indicação da ICSI dependerá também do histórico clínico do casal e do resultado dos exames solicitados pelo especialista em reprodução humana.
Veja quando a FIV com ICSI é indicada:
- Homens com baixo número de espermatozoide (oligospermia), problemas de motilidade (atenozoospermia) e morfologia (teratozoospermia);
- Homens com fragmentação do DNA espermático aumentado;
- Homens que tenham feito vasectomia;
- Homens que apresentam azoospermia obstrutiva;
- Quando há doença infecciosa ou infertilidade de causa imunológica;
- Com espermatozoides congelados (criopreservados);
- Em casos de fracasso repetido após vários ciclos de Inseminação Intra-Uterina (IIU);
- Quando há necessidade de realizar Diagnóstico Genético Pré- Implantacional (PGD);
- Quando há infertilidade sem causa aparente;
- Em casos de abortamento de repetição.
Taxa de sucesso ICSI e FIV clássica: qual a diferença?
As taxas de sucesso da ICSI e da FIV clássica variam de acordo com as causas da infertilidade, o que vai definir qual a melhor técnica a ser usada para chegar a gravidez.
Nesse sentido, a técnica ICSI geralmente apresenta melhores chances de sucesso nos casos de pacientes com fator masculino grave, quando comparada à FIV tradicional. Da mesma forma, as taxas de sucessos são maiores quando o tratamento é feito com sêmen congelado. De modo geral, estima-se que as taxas de fecundação com ICSI podem chegar a 90%, sendo as taxas de gestação de, aproximadamente, 35%.
Por outro lado, as taxas de sucesso na FIV clássica ficam em torno de 40% para mulheres com menos de 35 anos e que tenham embriões de alta capacidade para transferência. Além disso, quando se usa óvulos congelados em pacientes com histórico de infertilidade, as taxas de fertilização ocorrem em média em 75% dos casos.
A taxa de sucesso da ICSI melhora a cada tentativa?
Isto depende de cada caso, e do fator que causa a dificuldade de engravidar. Entretanto, um estudo divulgado no site MNT (Medial News Today) em 2015 mostrou que realizar mais tentativas de FIV, além de três ou quatro, podem aumentar em até 65% as taxas de sucesso da ICSI e da Fertilização In Vitro clássica.
Quando pode fazer uma nova tentativa de ICSI?
Embora as taxas de sucesso de ICSI sejam animadoras, em muitos casos a gravidez não acontece logo na primeira tentativa. Mas não é preciso desanimar. Nesse sentido, após uma primeira fertilização, é possível analisar o que causou o insucesso do tratamento e tentar outra vez o procedimento.
Desta forma, assim que as taxas hormonais da mulher se normalizarem é possível partir para a segunda tentativa, o que costuma ocorrer geralmente em cerca de um ciclo menstrual.
Entretanto, essas condições podem variar a cada caso, assim, apenas o especialista em reprodução humana poderá confirmar o período ideal que o casal deve aguardar.
Como aumentar a taxa de sucesso da ICSI?
Como vimos, a idade da mulher impacta fortemente nas taxas de sucesso da FIV, tanto na tradicional quanto na ICSI, mas infelizmente esse é um fator que não pode ser mudado. Entretanto, existem atitudes e hábitos de vida que podem aumentar as chances de resultados positivos nos tratamentos de Fertilização In Vitro.
Veja o que fazer para melhorar os resultados:
Mantenha peso saudável
Mulheres que estão muito abaixo ou acima do peso saudável correm risco de ter os hormônios desregulados, o que prejudica a ovulação. Já nos homens, o peso interfere na contagem e qualidade do esperma podendo prejudicar a formação do embrião.
Cuide da alimentação
Prefira o consumo de alimentos cozidos, bem como uma dieta com pouca carne vermelha e mais rica em peixes, frutas e verduras. Assim, uma alimentação rica em antioxidantes, como a dieta mediterrânea, pode aumentar as chances de uma gravidez para mulheres em tratamento de Fertilização In Vitro com ICSI.
Não fume
As mulheres que fumam reduzem suas taxas de gestação com FIV à metade, e aumentam em 25% suas chances de abortamento. Também os homens fumantes diminuem o sucesso das técnicas de reprodução assistida.
Não use álcool
O álcool reduz as taxas de sucesso da FIV e aumenta as taxas de abortamento. Desta forma, as pessoas em tratamento devem se abster de álcool antes e durante os ciclos de FIV tradicional ou ICSI.
Limite o uso da cafeína
A orientação para as mulheres que tentam engravidar através da Fertilização In Vitro é limitar o uso da cafeína durante o tratamento de FIV.
Evite estresse
É confirmado que estresse, ansiedade e depressão impactam negativamente o sucesso das técnicas de FIV. Por isso, formas de relaxar como massagem terapêutica, ioga, ou acupuntura são bem-vindas.
Realize exercícios físicos
Realizar atividades físicas é sempre bom para a saúde, e exercício moderado para o casal melhora as qualidades dos gametas e os resultados da ICSI.
Baixe gratuitamente nosso checklist completo com os Exames para Fertilização In Vitro!