Conteúdo atualizado em: 03/04/2024
Quando pensamos nas taxas de sucesso dos tratamentos para infertilidade, a ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides) chama a atenção pelo excelente resultado que apresenta. Esta técnica avançada de reprodução assistida tem sido muito bem-sucedida, auxiliando um número crescente de pessoas que desejam ter filhos.
Mas afinal, o que é ICSI? Quais são as taxas de sucesso? Qual a diferença entre FIV clássica e ICSI? No texto abaixo, vamos responder essas e outras dúvidas sobre este tema.
O que é ICSI?
A ICSI, ou Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides, é um método avançado de Reprodução Humana Assistida, que ajuda casais com dificuldade de engravidar a ter filhos.
Esse procedimento, que surgiu nos anos 90, consiste em introduzir um único espermatozoide, previamente selecionado, diretamente dentro do óvulo para que a fertilização possa ocorrer.
Dessa forma, a ICSI é um tratamento de Fertilização In Vitro (FIV), já que a fecundação acontece em laboratório, fora do corpo da mulher.
Como funciona a ICSI?
Antes de falarmos sobre as taxas de sucesso da ICSI, é importante entender como esse procedimento acontece. Nesse sentido, o primeiro passo é a coleta dos óvulos e dos espermatozoides que serão usados na fecundação em laboratório.
O embrião resultante da fertilização tem seu desenvolvimento acompanhado por um período de 5 a 7 dias e, posteriormente, será transferido ao útero onde será gestado.
No caso de haver embriões excedentes, estes serão congelados por tempo indeterminado, podendo ser usados para futura gravidez. Da mesma forma, os embriões criopreservados também poderão ser doados (embriodoação) para casais que não conseguem ter filhos com seus próprios gametas.
Veja abaixo mais detalhes de como acontece a ICSI:
Coleta de óvulos
Como a mulher normalmente libera um óvulo por mês (ovulação), é preciso estimular seus ovários para que mais folículos se desenvolvam e amadureçam no ciclo. Este estímulo é alcançado com o uso de hormônios semelhantes aos naturais, porém em doses elevadas, administradas ao longo de 10 a 12 dias.
Nesse sentido, o crescimento dos folículos é monitorado através de exames de ecografias transvaginais e dosagens hormonais. Assim que atingem um tamanho adequado, a mulher recebe uma dose final de hormônio HCG que irá induzir a maturidade dos óvulos.
O próximo passo é a coleta dos óvulos feita com uma agulha fina, acoplada ao aparelho de ultrassom. A agulha é introduzida na vagina até chegar aos ovários, e com a ajuda de uma espécie de bomba a vácuo ocorre a punção dos óvulos. O procedimento é feito sob anestesia, e dura aproximadamente 30 minutos.
Coleta de espermatozoides
No caso dos homens, os espermatozoides podem ser coletados através da masturbação ou, obtidos direto cirurgicamente, por meio de uma punção de epidídimo testicular. Uma vez realizada a coleta, ocorre o processamento do sêmen e a seleção dos espermatozoides de melhor qualidade, que serão utilizados na fecundação dos óvulos.
Fecundação
Após a coleta dos gametas, ambos passam por uma análise profunda quando são selecionados os mais maduros e de qualidade para a fecundação por ICSI.
Assim, o espermatozoide previamente selecionado é injetado no citoplasma do óvulo escolhido com o auxílio de um equipamento de alta precisão chamado micromanipulador de gametas.
Após a junção dos gametas no laboratório, o especialista acompanha a evolução do embrião até chegar ao estágio de blastocisto. Neste momento ele está pronto para a transferência ao útero.
Taxa de sucesso da ICSI
De acordo com diferentes estudos mundiais, as taxas de sucesso da fertilização com ICSI variam entre 60 e 80%. O índice de gravidez e de nascidos vivos com embriões resultantes de ICSI são tão bons quanto aqueles obtidos por Fertilização In Vitro clássica. Em muitos casos a resposta é ainda melhor.
Entretanto, vale ressaltar que mesmo quando todos os parâmetros são favoráveis, ainda há possibilidade de insucesso. Dessa forma, as chances de engravidar com a ICSI estão atreladas a diversos fatores, sendo que um dos principais aspectos é a idade da mulher.
O que influencia na taxa de sucesso da ICSI?
Como vimos, ainda que as taxas de sucesso da ICSI sejam altas, existem alguns fatores que interferem diretamente no resultado da técnica. Além da idade da mulher, que fornece os óvulos para serem fecundados, outras questões podem interferir nas chances de uma gestação.
- Técnica do embriologista;
- Qualidade dos óvulos e espermatozoides;
- Qualidade dos embriões;
- Preparo e receptividade endometrial.
Qual a diferença da FIV clássica para a FIV com ICSI?
Quando falamos em taxa de sucesso da ICSI, é importante lembrar que esta técnica é um tipo de Fertilização In Vitro (FIV). Porém , embora a FIV clássica e a ICSI sigam os mesmos passos de tratamento, elas se diferenciam pelo método usado para a fecundação do óvulo.
Assim, nos dois casos os pacientes passam por estimulação e punção dos óvulos, coleta dos espermatozoides, fertilização em laboratório, cultivo do embrião e sua transferência. Entretanto, a fecundação dos gametas ocorre de formas diferentes.
Fecundação na FIV clássica
Na FIV clássica, os óvulos e uma quantidade pré-determinada de espermatozoides são colocados em meio de cultivo, em uma incubadora com condições ideais à fecundação. O objetivo é deixar os espermatozoides fecundarem o óvulo de maneira similar à fertilização natural, com menor interferência do embriologista.
Fecundação na FIV com ICSI
Na FIV com ICSI, os espermatozoides são selecionados e injetados, um a um, dentro de cada óvulo para ocorrer a fecundação. Nestes casos, a fertilização não ocorre espontaneamente, e há total interferência do embriologista.
Quando a ICSI é indicada?
A técnica de ICSI pode ser usada em diversos casos, mas é especialmente indicada quando a dificuldade de engravidar vem do fator masculino.
Assim, a ICSI aumenta as chances de fecundação do óvulo em casos de baixa quantidade de espermatozoides (oligospermia), problemas de motilidade (astenozoospermia) ou morfológicos (teratozoospermia).
Ou seja, quando os espermatozoides não têm motilidade para chegar até o óvulo, a ICSI consegue inseri-lo diretamente no gameta feminino, facilitando a fecundação. Da mesma forma, a técnica ajuda nos casos quando há uma grande porcentagem de espermatozoides em formato anormal, o que impossibilita a fertilização do óvulo.
Além disso, a indicação da ICSI leva em conta o histórico clínico do casal e os resultados de exames conduzidos por especialistas em reprodução humana. Dentre os casos específicos que apontam para a utilização da FIV com ICSI estão:
- Homens com baixo número de espermatozoide (oligospermia), problemas de motilidade (astenozoospermia) e morfologia (teratozoospermia);
- Homens com fragmentação do DNA espermático aumentado;
- Homens que tenham feito vasectomia;
- Homens que apresentam azoospermia obstrutiva;
- Com espermatozoides congelados (criopreservados);
- Em casos de fracasso após até 3 ciclos de Inseminação Intra-Uterina (IIU);
- Quando há necessidade de realizar Diagnóstico Genético Pré- Implantacional (PGD);
- Quando há infertilidade sem causa aparente;
- Em casos de abortamento de repetição.
Taxa de sucesso ICSI e FIV clássica: qual a diferença?
As taxas de sucesso da ICSI e da FIV clássica variam de acordo com as causas da infertilidade. Desta forma, o diagnóstico dos problemas que estão impossibilitando a gravidez é que vai definir qual a melhor técnica a ser usada.
Nesse sentido, a ICSI geralmente apresenta mais chances de sucesso nos casos de pacientes com fator masculino grave, quando comparada à FIV tradicional.
Da mesma forma, as taxas de sucessos são maiores quando o tratamento é feito com sêmen congelado. De modo geral, estima-se que as taxas de fecundação com ICSI podem chegar até 90%, sendo as taxas de gestação de, aproximadamente, até 35%.
A taxa de sucesso da ICSI melhora a cada tentativa?
Isto vai depender de cada caso, e do fator causador da dificuldade de engravidar. Um estudo divulgado no site MNT (Medial News Today) em 2015 revelou que mais tentativas de FIV podem melhorar os resultados do tratamento. Desta forma, realizar três ou quatro FIVs pode aumentar em até 65% as taxas de sucesso da ICSI e da Fertilização In Vitro clássica.
Quando pode fazer uma nova tentativa de ICSI?
Embora as taxas de sucesso de ICSI sejam animadoras, em muitos casos a gravidez não acontece logo na primeira tentativa. Mas não é preciso desanimar. Nesse sentido, após uma primeira fertilização, é possível analisar o que causou o insucesso do tratamento e tentar novamente o procedimento.
Assim, logo que as taxas hormonais se normalizarem é possível partir para a segunda tentativa, o que costuma ocorrer geralmente em cerca de um ciclo menstrual.
Entretanto, essas condições podem variar a cada caso, assim, apenas o especialista em reprodução humana poderá confirmar o período ideal que o casal deve aguardar.
Como aumentar a taxa de sucesso da ICSI?
Como vimos, a idade da mulher impacta fortemente nas taxas de sucesso da FIV, tanto na tradicional quanto na ICSI. Entretanto, sabemos que infelizmente esse é um fator que não pode ser mudado.
Porém, existem atitudes e hábitos de vida que podem aumentar as chances de resultados positivos nos tratamentos de Fertilização In Vitro.
Veja o que fazer para melhorar os resultados:
Mantenha o peso saudável
Mulheres que estão muito abaixo ou acima do peso saudável correm risco de ter os hormônios desregulados, o que prejudica a ovulação. Já nos homens, o peso interfere na contagem e na qualidade do esperma, podendo prejudicar a formação do embrião.
Cuide da alimentação
Prefira o consumo de alimentos cozidos, bem como seguir uma dieta com pouca carne vermelha e mais peixes, frutas e verduras. Assim, uma alimentação rica em antioxidantes, como a mediterrânea, pode aumentar as chances de gravidez para mulheres em tratamento de Fertilização In Vitro com ICSI.
Não fume
As mulheres que fumam reduzem suas taxas de gestação com FIV à metade, e aumentam em 25% suas chances de abortamento. Também nos homens fumantes há diminuição no sucesso das técnicas de reprodução assistida.
Não use álcool
O álcool reduz as taxas de sucesso da FIV e aumenta as taxas de abortamento. Desta forma, as pessoas em tratamento devem se abster de álcool antes e durante os ciclos de FIV tradicional ou ICSI.
Limite o uso da cafeína
A orientação para as mulheres que estão tentando engravidar através da Fertilização In Vitro é limitar o uso da cafeína durante o tratamento de FIV.
Evite estresse
É confirmado que estresse, ansiedade e depressão impactam negativamente o sucesso das técnicas de FIV. Por isso, formas de relaxar como massagem terapêutica, ioga, ou acupuntura são bem-vindas.
Realize exercícios físicos
Realizar atividades físicas é sempre bom para a saúde, inclusive para a reprodutiva. Praticar exercícios moderados melhora as qualidades dos gametas e assim os resultados da ICSI.
FAQs sobre ICSI:
1. O que é ICSI e como difere da FIV?
ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides) é uma técnica que faz parte da Fertilização In Vitro (FIV) onde um único espermatozoide é injetado diretamente no óvulo. O objetivo é facilitar a fecundação.
2. Quando a ICSI é recomendada e mais eficaz?
A ICSI é recomendada principalmente para problemas de fertilidade masculina, como baixa contagem, motilidade (capacidade dos espermatozoides de se moverem ou nadarem) ou morfologia (forma ou estrutura) anormal dos espermatozoides.
3. Como é realizado o procedimento de ICSI?
Um espermatozoide selecionado é injetado no óvulo com o uso de um micromanipulador de gametas. Assim, a fertilização ocorre em laboratório como parte de um tratamento de Fertilização In Vitro.
4. Qual é a taxa de sucesso comparada com a FIV clássica?
Estudos indicam que mais de três ou quatro tentativas de FIV podem aumentar em até 65% as taxas de sucesso da ICSI.
5. A ICSI é um procedimento doloroso?
O procedimento é realizado sob anestesia, ou seja, sem dor. Qualquer desconforto após o procedimento é geralmente leve e temporário.
6. Existem riscos associados à ICSI?
Embora geralmente muito segura, a ICSI pode apresentar riscos. Mesmo raros, há casos de anomalias cromossômicas ou malformações genéticas nos embriões.
Além disso, a estimulação ovariana para a coleta de óvulos pode levar a uma resposta excessiva, resultando na síndrome do hiperestímulo ovariano. Outro fator a ser citado é uma maior probabilidade de gestações múltiplas.