Hipófise: funções, distúrbios e papel no processo de engravidar

Sumário

A hipófise é uma pequena glândula mas com enorme impacto no funcionamento do corpo humano. Conhecida como “glândula mestra” do sistema endócrino, a hipófise regula a produção e liberação de hormônios que controlam várias funções como crescimento, metabolismo e equilíbrio hormonal. 

No texto a seguir vamos abordar sua importância para a saúde geral e também  para o processo reprodutivo e para a fertilidade masculina e feminina. 

Boa leitura!

O que é a hipófise? 

A hipófise, ou glândula pituitária, é uma estrutura do tamanho de uma ervilha situada na base do cérebro. Posicionada abaixo do hipotálamo, se conecta a ele  através do infundíbulo ou haste hipofisária, servindo como canal de comunicação  entre o sistema nervoso e o sistema endócrino.

Conhecida como a “glândula-mestra”, a hipófise desempenha papel essencial para o funcionamento do organismo. Ela regula a produção e liberação de diferentes hormônios e mantém o equilíbrio entre outras glândulas do corpo  garantindo  que  cada uma desempenhe corretamente sua função.

Em sua estrutura, a hipófise é dividida em adenohipófise, que secreta a maioria dos hormônios, e neurohipófise que armazena e libera hormônios produzidos pelo hipotálamo. As duas partes atuam em conjunto para manter o equilíbrio hormonal e garantir o desempenho adequado do organismo.

Funções da hipófise no corpo humano

A principal função da hipófise é produzir e liberar hormônios que impactam praticamente todos os sistemas do corpo. Além disso, ela desempenha um papel vital na regulação de outras glândulas endócrinas, garantindo o equilíbrio hormonal e o bom funcionamento do organismo, com destaque especial para a área reprodutiva. 

Confira os principais hormônios relacionados à função da hipófise:

Adenohipófise (Lobo Anterior)

Esta parte da hipófise é responsável pela produção e secreção de diversos hormônios como:

Neurohipófise (Lobo Posterior)

Ao contrário da adenohipófise, a neurohipófise não produz hormônios, mas armazena e libera hormônios produzidos no hipotálamo:

Distúrbios da hipófise

Os distúrbios da hipófise podem desestabilizar o equilíbrio hormonal do corpo, levando a uma série de problemas de saúde. Esses distúrbios normalmente são causados por tumores, lesões, infecções ou alterações genéticas que afetam a produção e liberação de hormônios. 

Desta forma, quando a hipófise não funciona corretamente pode ocorrer uma produção excessiva ou insuficiente de certos hormônios, comprometendo o equilíbrio do organismo e impactando diversas funções vitais.

Veja alguns distúrbios causados por hiperprodução de hormônios hipofisários:

Acromegalia ou Gigantismo: É causada por uma produção excessiva de hormônio do crescimento (GH) em adultos, provocando um crescimento anormal de ossos e tecidos, especialmente nas mãos, pés, rosto, e em crianças podem levar ao gigantismo por crescimento elevado de todos os ossos.

Doença de Cushing: Acontece devido ao excesso de produção de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), que aumenta os níveis de cortisol. Esta situação pode causar aumento de peso, fraqueza muscular, e alterações na pele.

Prolactinoma: O aumento exagerado de prolactina pode gerar  sintomas como produção de leite em mulheres que não estão amamentando e disfunção erétil em homens.

Conheça distúrbios causados por produção deficiente de hormônios hipofisários:

Diabetes Insipidus: Acontece por deficiência de hormônio antidiurético (ADH) ou pela incapacidade dos rins de reagirem ao ADH. Este quadro leva a uma produção excessiva de urina e sede intensa.

Hipopituitarismo: Essa condição se caracteriza pela produção insuficiente de hormônios pela hipófise, impactando o crescimento, a função reprodutiva, o metabolismo, entre outras funções corporais. Pode ser desencadeada por tumores, lesões ou infecções.

Diagnóstico dos distúrbios da hipófise

Os distúrbios da hipófise podem impactar gravemente na saúde e no bem-estar dos indivíduos. Por isso, diagnosticar e tratar esses problemas precocemente é fundamental para manter o equilíbrio do corpo e garantir uma boa qualidade de vida aos pacientes. 

Para isso, é essencial contar com um acompanhamento médico contínuo que permite monitorar regularmente os níveis hormonais e a função da hipófise. Exames periódicos e consultas com um endocrinologista ajudam a detectar eventuais problemas e possibilitam  ajustes no tratamento.

Para identificar distúrbios da hipófise, além da avaliação física, os médicos utilizam uma combinação de exames de imagem e testes hormonais:

Exames de Imagem

A ressonância magnética (RM) é um dos métodos mais eficazes para visualizar a hipófise e detectar anomalias como tumores ou cistos. Já a tomografia computadorizada (TC) pode ser usada para complementar o diagnóstico, especialmente em casos complexos.

Testes Hormonais 

Exames de sangue e urina medem os níveis de hormônios específicos produzidos pela hipófise e outras glândulas endócrinas. Além disso, os testes de estimulação ou supressão hormonal  ajudam a diagnosticar condições como acromegalia, doença de Cushing e hipopituitarismo, avaliando a resposta da hipófise a certos estímulos.

Tratamento dos distúrbios da hipófise 

O tratamento dos distúrbios da hipófise é personalizado, levando em conta o tipo específico de problema e a gravidade dos sintomas. Com um diagnóstico preciso, é possível controlar muitos casos e reduzir significativamente seus impactos. Assim, após a confirmação do diagnóstico, o tratamento pode envolver diferentes abordagens:

Uso de medicação

Um dos tratamentos para distúrbios da hipófise é o uso de medicamentos para corrigir desequilíbrios hormonais. Nesse sentido, a reposição hormonal é comum em casos de hipopituitarismo, enquanto inibidores hormonais são usados nos casos de hiperprolactinemia.

Cirurgia

Dependendo do caso, um procedimento cirúrgico pode ser necessário para  tratar o distúrbio da hipófise.  Nesse sentido, a ressecção transesfenoidal é a cirurgia padrão para remover tumores hipofisários, produtores de GH. Essa técnica minimamente invasiva permite o acesso à hipófise através do nariz, reduzindo riscos e tempo de recuperação. Em casos mais complexos pode ser necessária uma craniotomia.

Radioterapia: 

Utilizada quando o tumor não pode ser removido totalmente ou volta a crescer após a cirurgia, a radioterapia ajuda a controlar o crescimento do tumor e a reduzir a produção excessiva de hormônios.

Hipófise e o processo de engravidar 

A hipófise desempenha papel fundamental na fertilidade de homens e mulheres, regulando a produção e liberação de hormônios essenciais para a reprodução.   

Nesse sentido, os  hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH) estimulam os ovários a produzir óvulos e os hormônios sexuais, como estrogênio e progesterona

Esses hormônios regulam o ciclo menstrual e são essenciais para a ovulação e a preparação do corpo para uma possível gravidez. Por outro lado, nos homens, o FSH e o LH agem  na produção de espermatozoides e de testosterona, influenciando diretamente a fertilidade masculina.

Atuação da  Hipófise na fertilidade feminina 

Na fertilidade feminina, a hipófise regula o ciclo menstrual através da secreção dos hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH). O equilíbrio adequado entre eles é essencial para manter a regularidade do ciclo e facilitar a concepção.

  • FSH: Este hormônio estimula o desenvolvimento dos folículos ovarianos, que contêm os óvulos. Durante a primeira metade do ciclo menstrual, o FSH promove o crescimento e a maturação dos folículos, preparando-os para a ovulação.
  • LH: O aumento súbito no nível de LH, chamado de  “pico de LH”, desencadeia a ovulação. Após a liberação do óvulo, o LH  segue apoiando a função do corpo lúteo, que secreta progesterona para sustentar o revestimento uterino vital para  implantação do embrião. 

Atuação da hipófise na fertilidade masculina

Na fertilidade masculina, a hipófise também é responsável pela produção de FSH e LH, que são indispensáveis para a produção de espermatozoides e testosterona.

  • FSH: Esse hormônio é essencial para a maturação adequada dos espermatozoides e para a manutenção de um ambiente saudável dentro dos testículos. Nesse sentido, níveis adequados de FSH são necessários para garantir a produção contínua e a qualidade dos espermatozoides.
  • LH: Estimula as células de Leydig nos testículos a produzirem testosterona, o principal hormônio masculino,  crucial para a produção de espermatozoides e para a manutenção das características sexuais masculinas.

Impacto dos distúrbios da hipófise na fertilidade

Como demonstrado, a função da hipófise exerce um impacto direto na capacidade reprodutiva de homens e mulheres. Portanto, distúrbios nessa glândula podem comprometer a fertilidade de ambos os sexos, 

Nas mulheres

  • Anovulação: Quando a hipófise não libera FSH e LH em níveis adequados, a ovulação pode não ocorrer. Isso resulta em anovulação, uma das causas mais comuns de infertilidade feminina.
  • Amenorreia: Outro problema causado por distúrbios da hipófise é a ausência de menstruação (amenorreia). Isto ocorre quando há problemas na produção dos hormônios necessários para o ciclo menstrual regular.
  • Insuficiência Lútea: Níveis baixos de LH podem comprometer a função do corpo lúteo após a ovulação, resultando em uma produção inadequada de progesterona. Isso pode impedir a manutenção do revestimento uterino, dificultando a implantação do embrião.

Nos homens 

  • Baixa contagem de espermatozoides: A deficiência de FSH no homem pode causar uma produção insuficiente de espermatozoides (oligospermia) ou até mesmo em uma ausência total de gametas (azoospermia).
  • Hipogonadismo: Outra consequência de baixos níveis de LH é a redução na produção de testosterona, resultando em hipogonadismo. Este quadro  leva a diminuição do desejo sexual, disfunção erétil e redução da produção de espermatozoides.
  • Infertilidade Secundária ao Hipopituitarismo: A falha da hipófise em produzir vários hormônios, conhecida como hipopituitarismo, pode causar sérios problemas de fertilidade. Nesse caso, pode ser necessário iniciar uma terapia de reposição hormonal para restabelecer os níveis hormonais e facilitar a concepção.

Quando procurar um endocrinologista? 

Como vimos, a hipófise é vital para várias funções do corpo, e  quando não funciona corretamente, pode causar diversos  problemas de saúde, Por isso, é importante estar atento aos sinais de possíveis distúrbios e procurar logo um

endocrinologista. Afinal, um diagnóstico precoce pode evitar complicações e determinar o tratamento mais adequado para garantir a saúde e o bem-estar dos pacientes. 

Sintomas que Indicam problemas na Hipófise:

  • Mudanças inexplicáveis no peso: Ganho ou perda de peso significativos sem mudanças na dieta ou na atividade física podem indicar problemas hormonais relacionados à hipófise;
  • Fadiga persistente: Sensação constante de cansaço ou sem  energia, pode ser um sinal de disfunção hormonal;
  • Alterações na Menstruação: Irregularidades no ciclo menstrual, ausência de menstruação, ou dificuldades para engravidar podem estar ligadas  a problemas na produção de hormônios pela hipófise;
  • Disfunção sexual: Nos homens, a diminuição do desejo sexual, disfunção erétil, e infertilidade podem ser sinais de desequilíbrios hormonais causados por disfunção hipofisária;
  • Crescimento anormal: Em crianças e adolescentes, problemas de crescimento como gigantismo e nanismo podem ser causados por problemas na hipófise;
  • Problemas de  visão: Tumores na hipófise podem pressionar o nervo óptico, levando a problemas como visão turva ou perda da visão periférica;
  • Cefaleias Frequentes: Dores de cabeça recorrentes, especialmente quando acompanhadas de outros sintomas, podem ser um sinal de distúrbio hipofisário.

Como manter a saúde hormonal

Como já vimos, o equilíbrio hormonal é essencial para a saúde e o bem-estar dos indivíduos. Nesse sentido, uma alimentação adequada e um estilo de vida saudável desempenham um papel crucial na manutenção de níveis hormonais ideais.

Veja algumas dicas de como contribuir para a saúde hormonal  

Alimentação balanceada: Inclua na sua dieta uma variedade de nutrientes essenciais, como proteínas, gorduras saudáveis e carboidratos complexos, que são fundamentais para a produção adequada de hormônios.

Exercício regular: A prática constante de atividades físicas ajuda a equilibrar os níveis hormonais, melhorar o metabolismo e reduzir o estresse, que pode afetar negativamente a função hormonal.

Sono adequado: Procure dormir  entre 7 e 9 horas de sono por noite. O descanso é vital para a produção e regulação dos hormônios, incluindo os secretados pela hipófise.

Controle do estresse: O estresse elevado pode desestabilizar a produção hormonal. Técnicas como meditação, yoga e exercícios de respiração são eficazes para manter o equilíbrio hormonal.

Acompanhamento Médico: Mesmo sem sintomas, visitas periódicas a um endocrinologista são importantes para a detecção precoce de possíveis disfunções hormonais, especialmente para quem tem histórico familiar de problemas hormonais.

Conclusão 

A hipófise, também chamada de “glândula mestre”, desempenha um papel central na regulação de diversas funções corporais, desde o crescimento e metabolismo até a fertilidade. Nesse sentido, sua função na produção e liberação de hormônios é crucial para o funcionamento equilibrado de todo o sistema endócrino. 

No que diz respeito à reprodução humana, a hipófise atua no controle de hormônios fundamentais que regulam o ciclo menstrual nas mulheres e a produção de espermatozoides nos homens. Por isso, qualquer distúrbio na função hipofisária pode ter impactos significativos  na fertilidade. 

Desta forma, é importante estar atento a sinais de possíveis problemas na hipófise e buscar orientação médica rapidamente. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para preservar a saúde e o bem-estar, prevenindo complicações graves e garantindo uma qualidade de vida melhor.

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