Para saber se o ovário policístico (OP) tem cura, é preciso, antes de mais nada, conhecer do que se trata essa condição. Além disso, é fundamental entender que ter ovários policísticos não significa que a pessoa sofra da Síndrome do Ovário Policístico (SOP), pois na verdade são quadros distintos.
Nesse sentido, o texto abaixo vai esclarecer as diferenças entre essas doenças, além de aprofundar informações sobre a SOP, uma das principais causas da infertilidade feminina.
O que são Ovários Policísticos?
Ao falar sobre ovários policísticos, é importante entender que alguns cistos ovarianos são normais, como é o caso do cisto folicular e o cisto de corpo lúteo.
Nesse sentido, eles fazem parte do ciclo ovulatório e, assim, desaparecem naturalmente. Desta forma, vale ressaltar que ter cistos no ovário não quer dizer que a mulher tenha OP ou SOP. Já os ovários policísticos são diversos folículos envolvidos por um líquido formando pequenos cistos.
Entretanto, para que seja considerado OP, é preciso que haja no mínimo 20 folículos de 10 mm em cada ovário. Outra característica é que esses cistos não desaparecem no fim do ciclo menstrual, e mesmo assim, não prejudicam a saúde feminina.
Desta forma, a mulher pode ter o ovário com aspecto policístico, mas sem qualquer alteração hormonal, metabólica, ou ovulatória.
O que é a Síndrome do Ovário Policístico?
A Síndrome dos Ovários Policísticos, também chamada de SOP, é uma das principais causas da infertilidade feminina, atingindo de 5% a 10% das mulheres em idade reprodutiva.
Nesse sentido, o distúrbio consiste em um desequilíbrio hormonal ou metabólico que altera o ciclo menstrual, causando numerosos cistos nos ovários que podem impactar na saúde da mulher.
Assim, a SOP é caracterizada por menstruação irregular causada por alta produção de androgênios, o que provoca o surgimento de cistos nos ovários.
Desta forma, diferente da OP, a Síndrome do Ovário Policístico está ligada a um aumento de hormônios masculinos, alterações metabólicas e anovulação, que dificultam a gravidez.
Qual a diferença entre Síndrome dos Ovários Policísticos e ovários policísticos?
Como já mencionamos, ter ovários policísticos não é o mesmo que apresentar a síndrome dos ovários policísticos. Deste modo, as diferenças entre as duas condições podem ser definidas a partir de avaliações clínicas, laboratoriais e de imagem como o ultrassom.
No caso da síndrome, deve haver pelo menos 20 ou mais folículos em cada ovário. Além disso, o quadro inclui ciclos menstruais irregulares, ausência de ovulação e aumento da produção dos hormônios masculinos.
Assim sendo, o diagnóstico de SOP só é conclusivo quando, pelo menos, dois dos três critérios citados estão presentes.
O que causa ovários policísticos?
Como vimos, nem todo caso de ovários policísticos necessariamente é SOP, embora cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva sejam diagnosticadas com a síndrome.
Nesse sentido, não existe uma causa definitiva para a doença, no entanto, sabe-se que fatores genéticos, metabólicos e endócrinos como a resistência à insulina podem estar ligados ao quadro.
Sintomas de ovários policísticos
Diferente do OP, os principais sintomas da SOP são irregularidade ou falta de ovulação (anovulação), aumento dos hormônios masculinos e cistos policísticos com mais de 20 folículos em cada ovário.
Além disso, outro sinal da doença é o hirsutismo, aumento de pelos pelo corpo, que acontece como resultado de hiperandrogenismo, comum em pessoas com esse quadro.
Veja alguns sintomas que podem indicar a Síndrome do Ovário Policístico:
- Menstruação irregular por problemas na ovulação;
- Níveis elevados de androgênios;
- Pele oleosa;
- Aumento de acne;
- Crescimento de pelos no rosto e corpo;
- Queda de cabelo;
- Dificuldade para engravidar;
- Aumento de peso ou obesidade;
- Depressão;
- Diabetes tipo 2.
Síndrome do Ovário Policístico pode causa dor?
Na grande maioria das vezes, as mulheres com Síndrome do Ovário Policístico não relatam sentir dor. Desta forma, este não é um sintoma que os médicos normalmente relacionam com SOP.
Como é feito o diagnóstico de SOP?
O diagnóstico da SOP é realizado através da conversa com o médico, avaliação física, além de exames de sangue e de imagem, como ultrassonografia transvaginal.
Nesse sentido, para um bom resultado é indicado fazer o ultrassom entre o terceiro e o quinto dia do ciclo menstrual, quando a visualização dos folículos se torna melhor.
Vale lembrar que além do número de folículo (no mínimo 20 por ovário), para fechar o diagnóstico é preciso confirmar se há ciclos menstruais irregulares, ausência de ovulação e aumento dos hormônios masculinos.
Além disso, é importante avaliar os níveis de outros fatores:
- Níveis de estrogênio;
- Tireoide;
- Folículo estimulante (FSH);
- Testosterona;
- Prolactina;
- Luteinizante (LH);
Síndrome do Ovário Policístico tem cura?
A Síndrome do Ovário Policístico é uma doença crônica que não tem cura, porém tratamentos, aliados a um estilo de vida saudável, podem amenizar os sintomas.
Nesse sentido, por ser um distúrbio hormonal e metabólico, é necessário mudar hábitos, adequar a dieta e cuidar do peso, entre outros, para manter a doença sob controle.
Tratamentos para Síndrome do Ovário Policístico
O tratamento da Síndrome do Ovário Policístico depende principalmente das queixas das pacientes e dos resultados dos exames. Assim, a conduta vai ser determinada de acordo com os sintomas de cada mulher.
No entanto, é importante esclarecer que tratar a SOP é diferente de tratar a infertilidade. Nesse sentido, o tratamento da SOP visa regularizar a menstruação, o distúrbio metabólico e amenizar o hiperandrogenismo, melhorando a qualidade de vida.
Já tratar a infertilidade causada pela síndrome tem como objetivo ajudar a mulher a engravidar.
Os principais tratamentos existentes para SOP, são:
Uso de anticoncepcionais
Quando a mulher não deseja engravidar, o anticoncepcional hormonal oral (ACO) é a primeira escolha para a regularização do ciclo menstrual. Além disso, ajuda na diminuição do hormônio masculino melhorando as cólicas, aumento de pelos e aparecimento de espinhas.
Uso de medicamentos
Para tratar as manifestações hiperandrogênicas mais fortes, é indicado associar medicações anti androgênicas mais potentes como o Acetato de Ciproterona ou a Espironolactona.
Antidiabetogênicos
Como a SOP está associada à resistência à insulina, um dos tratamentos complementares é o uso de medicamentos para diabetes.
Cirurgia
A cirurgia é indicada para remoção dos cistos, mas está cada vez sendo menos usada. Isto porque atualmente existem tratamentos menos invasivos e com melhores taxas de sucesso.
Dieta e atividade física
Manter uma dieta saudável e equilibrada, e praticar atividades físicas são ótimas dicas para quem quer controlar os sintomas da SOP, principalmente pessoas que estão acima do peso.
Indução da ovulação
Outro tratamento que pode ser indicado para as mulheres que têm SOP e querem engravidar é a indução da ovulação.
Como prevenir a Síndrome do Ovário Policístico?
A Síndrome do Ovário Policístico pode ser prevenida através de alguns cuidados. Nesse sentido, a principal recomendação é fazer acompanhamento ginecológico periódico e levar uma vida saudável, com dieta equilibrada e atividades físicas.
Além disso, se a mulher identificar algum dos sintomas da doença, deve procurar um especialista para realizar os exames necessários.
Estas dicas são especialmente importantes para pessoas com SOP no histórico familiar, que estão acima do peso, com pressão, taxas de colesterol e glicemia altas.
Quem tem SOP pode engravidar?
Como vimos, a Síndrome do Ovário Policístico altera o ciclo menstrual dificultando a gravidez natural, entretanto, com o tratamento correto pode se reverter a situação e a mulher conseguir engravidar.
Em alguns casos, por exemplo, são usados indutores de ovulação ou medicamentos à base de metformina.
Além disso, um dos principais tratamentos da infertilidade nesses casos é o uso de Letrozole e Citrato de Clomifeno (CC), fazendo sempre um controle ecográfico.
Outras opções são o uso de gonadotrofinas, embora haja risco de desenvolver a síndrome de hiperestímulo ovariano, e cauterização da cápsula do ovário por videolaparoscopia.
Vale lembrar que diferentes técnicas de reprodução assistida como Fertilização In Vitro (FIV) ou Maturação In Vitro dos oócitos (IVM) também podem ajudar mulheres com SOP conseguirem engravidar.
O que acontece se não tratar ovário policístico?
Se a Síndrome do Ovário Policístico não for tratada, ela pode causar outros problemas de saúde. Desta forma, a SOP está associada à doenças cardiovasculares, obesidade, apneia do sono, depressão, diabetes tipo 2 e infertilidade.
Por isso, se você sentir algum dos sintomas, ou desconfiar de que pode ter SOP procure um especialista.
Considerações finais
- Ter cistos no ovário não significa necessariamente que a pessoa sofra da Síndrome de Ovários Policísticos;
- Para saber se a mulher tem OP ou SOP, é preciso realizar exames clínicos e ginecológicos específicos solicitados pelo especialista;
- A SOP é uma doença que afeta cerca de 10% da população feminina em idade fértil;
- A doença dificulta e até pode impossibilitar a gravidez natural;
- Embora suas causas ainda sejam desconhecidas pela ciência, existem diversos tratamentos para amenizar os sintomas e reverter o quadro de infertilidade.
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