Quem fez transplante de medula pode ter filhos?

Sumário

O transplante de medula óssea é um procedimento importante para tratar doenças hematológicas graves como leucemias e linfomas. Substituindo a medula óssea doente por células-tronco saudáveis, este tratamento pode regenerar a medula óssea e produzir células sanguíneas normais. No entanto, tratamentos como quimioterapia e radioterapia, utilizados antes do transplante, podem afetar a fertilidade.

Este artigo abordará detalhadamente as opções de preservação da fertilidade antes do transplante, as avaliações necessárias para determinar a viabilidade de uma gravidez após o tratamento e as técnicas de reprodução assistida disponíveis para mulheres que passaram por esse procedimento. Além disso, discutirá os avanços médicos e os cuidados necessários para garantir a saúde reprodutiva após o transplante de medula óssea.

Possibilidades de engravidar após transplante de medula óssea

Uma mulher grávida de perfil, destacando sua barriga arredondada, que é característica da gravidez avançada.
Uma mulher grávida de perfil, destacando sua barriga arredondada, que é característica da gravidez avançada. Ela está vestindo uma camiseta branca e calças cinza, com uma mão apoiada abaixo da barriga e a outra tocando o lado da barriga, sugerindo um gesto de proteção ou carinho.

O transplante de medula óssea é um procedimento médico que substitui a medula óssea doente ou danificada por células-tronco saudáveis. Estas células podem regenerar a medula óssea e produzir células sanguíneas normais. É um procedimento utilizado principalmente para tratar doenças como leucemias, linfomas, mieloma múltiplo, anemia aplástica e outras condições hematológicas (doenças que comprometem a produção de componentes do sangue) graves.

Embora essencial para o tratamento de doenças oncológicas, os efeitos do transplante de medula óssea são significativos quando se trata da fertilidade. A quimioterapia e a radioterapia, tratamentos frequentemente utilizados antes do transplante, podem afetar os ovários ou os testículos, resultando em casos de infertilidade. 

Para as mulheres, o impacto do transplante de medula óssea na fertilidade pode ser severo, especialmente se o tratamento incluir altas doses de quimioterapia e radioterapia. Esses tratamentos podem levar à insuficiência ovariana prematura, onde os ovários param de funcionar normalmente antes dos 40 anos. Isso pode reduzir drasticamente a quantidade e a qualidade dos óvulos disponíveis para fertilização. Porém, existem várias opções para preservar a fertilidade antes do início do tratamento, como o congelamento de óvulos ou embriões.

Após o transplante de medula, é interessante realizar uma avaliação da função ovariana caso deseje uma gravidez. Se a reserva ovariana estiver comprometida, tratamentos de fertilidade, como a fertilização in vitro (FIV) com óvulos doados, podem ser uma alternativa viável para quem deseja engravidar. Além disso, a utilização de hormônios para estimular a ovulação pode ser considerada, embora os resultados variem conforme a extensão dos danos causados pelos tratamentos realizados.

Possibilidades de ser pai após transplante de medula óssea 

Para os homens, a quimioterapia e a radioterapia podem reduzir a produção de espermatozoides ou causar infertilidade completa. A criopreservação de esperma antes do início do tratamento é uma estratégia eficaz para preservar a fertilidade masculina. Caso isso não tenha sido feito, a recuperação da fertilidade pode ser parcial ou inexistente, dependendo dos tratamentos recebidos.Em casos onde a produção de espermatozoides é baixa, técnicas como a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) podem ser utilizadas para facilitar a fertilização durante um ciclo de FIV.

Os homens que desejam a paternidade após o transplante de medula e não fizeram a criopreservação antes do tratamento, a recuperação da fertilidade ainda é possível. Em alguns casos, os testículos podem retomar a produção de espermatozoides após alguns anos. Testes de análise de sêmen, por exemplo, podem ajudar a determinar a presença e a qualidade dos espermatozoides após o tratamento.

Se a produção de espermatozoides for baixa, técnicas de reprodução assistida, como a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), podem ser utilizadas para aumentar as chances de fertilização.

Em situações onde a produção de espermatozoides não se recupera, o uso de sêmen doados pode ser uma solução. Esta opção envolve a utilização de espermatozoides de um doador compatível para realizar a fertilização in vitro (FIV).

Representação microscópica da fertilização, mostrando vários espermatozoides nadando em direção a um óvulo.
Representação microscópica da fertilização, mostrando vários espermatozoides nadando em direção a um óvulo.

Os desafios e cuidados relacionados à reprodução pós-transplante de medula óssea refletem a natureza agressiva dos tratamentos preparatórios do procedimento, como a quimioterapia e a radioterapia. Esses tratamentos podem danificar os ovários ou os testículos, resultando em uma diminuição da reserva ovariana nas mulheres e na contagem de espermatozoides nos homens.

Somado a isso, alguns dos efeitos colaterais a longo prazo que dificultam a concepção natural são:

  • Insuficiência ovariana prematura (IOP): condição da qual os ovários param de funcionar adequadamente antes dos 40 anos, resultando em níveis reduzidos de estrogênio e folículos ovarianos, podendo levar à infertilidade.
  • Azoospermia: condição em que não há espermatozoides no sêmen. É considerada uma causa comum, com cerca de 10-15% dos casos de infertilidade no homem.

A infertilidade devido ao tratamento pode ser prevenida através da criopreservação de óvulos, embriões ou espermatozoides, porém muitos pacientes não são informados sobre essa possibilidade a tempo. Por isso, a educação pré-tratamento e a consulta com especialistas em fertilidade podem garantir que os pacientes compreendam suas opções e possam tomar decisões informadas.

Para mulheres que já passaram pelo transplante de medula óssea, a avaliação da função ovariana é fundamental. Exames de sangue para medir os níveis de hormônio folículo-estimulante (FSH) e hormônio anti-Mülleriano (AMH) fornecem informações sobre a reserva ovariana. Se a função ovariana estiver comprometida, tratamentos como a fertilização in vitro (FIV) com óvulos doados é uma possível solução. Além disso, terapias hormonais podem ser empregadas para estimular a ovulação, embora a eficácia dessas terapias varie a cada caso.

Para homens, a análise do sêmen é o principal método para avaliar a saúde reprodutiva após transplante de medula. Se a contagem de espermatozoides estiver baixa ou inexistente, técnicas de reprodução assistida, como a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), podem ser utilizadas para aumentar as chances de fertilização. Em casos de azoospermia, a recuperação de espermatozoides diretamente dos testículos através de técnicas como a aspiração de espermatozoides testiculares (TESA) é uma opção.

Outro desafio é o impacto psicológico e emocional do tratamento e da saúde reprodutiva. A infertilidade pode ser uma fonte significativa de estresse e angústia para os pacientes, principalmente quando se fala sobre o planejamento familiar após transplante. O suporte psicológico e o aconselhamento podem ajudar a lidar com esses sentimentos e a desenvolver estratégias para enfrentar os desafios emocionais associados à infertilidade.

Avanços médicos e suporte para pacientes transplantados

Com técnicas inovadoras e tratamentos personalizados, já é possível suavizar os efeitos do transplante de medula na fertilidade. Entre os principais avanços está a criopreservação de gametas, uma prática que tem se tornado cada vez mais acessível e eficaz, permitindo que pacientes armazenem óvulos, espermatozoides ou embriões antes de iniciar o tratamento agressivo.

Outra inovação importante é a maturação in vitro (IVM), uma técnica em que óvulos imaturos são coletados e maturados em laboratório. Esta técnica pode ser útil para pacientes que não podem esperar um ciclo completo de estimulação ovariana devido à urgência de iniciar a quimioterapia. A IVM oferece uma alternativa rápida e menos invasiva para a preservação da fertilidade feminina.

No campo dos tratamentos pós-transplante, a tecnologia de injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) tem se mostrado revolucionária. Esta técnica envolve a injeção direta de um único espermatozoide no óvulo, aumentando significativamente as chances de fertilização, especialmente para homens com baixa contagem de espermatozoides. A ICSI tem ampliado as possibilidades de sucesso para muitos casais enfrentando desafios de saúde reprodutiva após o transplante de medula.

Consultando especialistas em fertilidade pós-transplante: por onde começar?

duas pessoas em um ambiente interno, aparentemente em uma consulta médica.
Duas pessoas em um ambiente interno, aparentemente em uma consulta médica. A pessoa à esquerda está vestindo uma camisa azul clara sobre uma blusa bege, e parece estar sorrindo enquanto conversa com a outra pessoa.

O momento ideal para procurar um especialista em reprodução é após a recuperação inicial do transplante, quando o paciente está clinicamente estável e a função hematológica foi restaurada. Este período de recuperação pode variar, mas ocorre normalmente entre seis meses a um ano após o transplante. É interessante também que os pacientes discutam com seus oncologistas a melhor época para iniciar a consulta com um especialista em fertilidade após o transplante.

Uma consulta inicial com um especialista envolve uma revisão detalhada do histórico médico do paciente, incluindo os tipos de quimioterapia e radioterapia recebidos, além de exames hormonais e análises de sêmen ou avaliação da reserva ovariana.

Durante a consulta, o especialista pode discutir sobre as opções de preservação da fertilidade que podem ter sido consideradas antes do transplante. Se não houve a preservação, o especialista avaliará o estado atual da fertilidade do paciente e discutirá as opções disponíveis.

Para mulheres, isso pode incluir técnicas como a fertilização in vitro (FIV) com óvulos próprios, se ainda houver função ovariana, ou com óvulos doados. Para homens, técnicas como a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) podem ser recomendadas, dependendo da qualidade do sêmen.

Os especialistas em reprodução humana desempenham um papel vital na orientação dos pacientes sobre os possíveis efeitos colaterais dos tratamentos de fertilidade e na preparação para os desafios emocionais e físicos que podem surgir. A infertilidade pós-transplante pode ser uma experiência emocionalmente difícil, e o suporte psicológico e o aconselhamento contínuo são componentes importantes do tratamento.

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