Embriodoação: Uma Jornada Alternativa para a Paternidade e Maternidade

embriodoação

Sumário

A embriodoação ou doação de embriões é uma das alternativas da medicina reprodutiva para pessoas que não conseguem ter filhos com seus próprios gametas. Nesse sentido, a técnica vem crescendo no mundo por ser uma opção inclusiva para futuros pais que têm problemas de infertilidade.

Mas você sabe o que é embriodoação? No texto abaixo vamos explicar tudo sobre o assunto e quem pode doar e receber embriões no Brasil. 

Embriodoação: Uma Oportunidade Inclusiva para Futuros Pais

A embriodoação é uma possibilidade da Reprodução Assistida para ajudar pessoas a realizarem o sonho de ter um filho. Desta forma, o processo acontece quando casais que fazem Fertilização In Vitro cedem seus embriões excedentes para que outras pessoas também formem suas famílias. 

Sendo assim, a doação de embriões é uma atitude solidária que pode representar a única opção para uma gravidez. Nesse sentido, os embriões doados são criopreservados (congelados) por tempo indeterminado, aguardando o momento de transferência para o útero da receptora. 

Como Funciona a Embriodoação?

No Brasil, todos os procedimentos de Reprodução Assistida como a embriodoação são regidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), publicados em 2021, através da Resolução nº 2.320/22. 

Veja como funciona a embriodoação no Brasil:

  1. A doação não poderá ter caráter lucrativo ou comercial;
  2. Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa, a não ser nos casos de doações de parentes até 4° grau de parentesco, contanto que não ocorra consanguinidade; 
  3. A idade limite para a doação de gametas é de 37 anos para a mulher e de 45 anos para o homem para formarem os embriões. No caso das doações anônimas, mantém-se, obrigatoriamente, sigilo sobre a identidade dos doadores de gametas e embriões, bem como dos receptores. Em situações especiais como motivação médica, informações sobre os doadores podem ser fornecidas exclusivamente para médicos, resguardando-se a identidade civil do(a) doador(a); 

Leia também: Transferência de Embriões

Embriodoação e Diversidade de Casais

A embriodoação é uma técnica disponível para pessoas que desejam uma gestação, mas por algum motivo não podem utilizar seus próprios gametas. Desta forma, após realizarem uma fertilização in vitro, um casal que já engravidou, pode doar os embriões excedentes e contribuir para a formação de outra família.

Sendo assim, a técnica pode ajudar casais com diagnóstico de infertilidade, mas também pode ser inclusiva para todos os tipos de relações familiares. 

Deste modo, casais homossexuais femininos, masculinos e produção independente conseguem gestar e realizar um sonho de ter um filho. 

Além disso, a embriodoação pode ainda beneficiar mulheres com problemas genéticos como as que têm Síndrome de Turner. A doença cromossômica impacta no desenvolvimento dos ovários e as mulheres não conseguem produzir óvulos para que haja a fecundação.

Vantagens da Embriodoação na Reprodução Assistida

Como já mencionamos, as pessoas podem apresentar quadros de infertilidade por diversas razões e existem muitas técnicas da medicina capazes de viabilizar o sonho de ter um filho. No entanto, há situações complexas na qual a embriodoação é a única maneira de chegar a uma gestação.

Nesse sentido, a taxa de sucesso de gravidez com a doação de embriões depende da qualidade do embrião, da receptividade endometrial e da saúde da receptora. Tudo é avaliado pelo embriologista e o especialista em fertilidade para que a gestação ocorra da melhor forma possível. De modo geral, a média de nascimentos através do processo de embriodoação varia de 40 a 60%.

Vale ressaltar que a técnica de vitrificação tem papel fundamental nos resultados positivos do tratamento. Neste sentido, os índices de sucesso do congelamento e descongelamento ficam próximos dos 95%.  Isto porque a rapidez com que atinge a baixa temperatura de -196ºC produz um estado vítreo no embrião que impede a formação de cristais de gelo e danos celulares. 

Após a vitrificação, os embriões ficam armazenados em tanques de nitrogênio líquido, por tempo indeterminado, até serem usados ou doados. Desta forma, o congelamento representa chances reais para quem busca ajuda da medicina reprodutiva para ter um filho.

Na verdade, não existe prazo de validade para os embriões congelados. Sendo assim, eles podem ficar armazenados por décadas até serem utilizados em tratamento de Fertilização In Vitro ou descartados. 

leia também: Congelar Óvulos ou Embriões

Considerações Éticas e Legais da Embriodoação

Muitas pessoas questionam as implicações legais e éticas da embriodoação. Isto porque a doação de embriões nada mais é do que ceder o seu material genético para outras pessoas.  

Sabe-se que quando os casais fazem fertilização in vitro acabam deixando nas clínicas de reprodução humana embriões congelados para outras tentativas de gestações. No entanto, em muitos casos, o casal engravidando na primeira tentativa, desiste de ter mais filhos e assina um termo de doação.

Preparando-se para a Embriodoação

Como já vimos, a embriodoação ocorre quando um casal que passou por tratamento de FIV doa os embriões excedentes para outras pessoas. Vale lembrar que esses embriões formam-se em laboratório, a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozoide, e depois são congelados. 

Quando se seleciona um desses embriões para uso por uma receptora, ele será descongelado para ser transferido ao útero. Desta forma, existe um passo a passo para o processo de doação de embriões. 

Confira:

Para os doadores

Estimulação ovariana

Essa é a primeira etapa do processo. Nesse sentido, ela consiste em administração medicamentosa de hormônios, por cerca de 10 dias, para estimular o ovário da mulher a produzir um número maior de óvulos. 

Controle da ovulação

Após a estimulação ovariana, acompanha-se o crescimento dos folículos por ultrassonografia, realizada, em geral, a cada dois dias. Quando os folículos atingem um certo tamanho, administra-se o hormônio hCG. Dessa maneira, sua função é provocar o amadurecimento dos óvulos dentro dos folículos.

Coleta dos óvulos 

Cerca de 35 horas após a administração do HCG acontece a coleta ou punção dos óvulos.  Esse procedimento é feito com o auxílio de uma agulha e de forma indolor, pois a paciente é anestesiada.

Coleta de espermatozoides

A coleta do sêmen ocorre, sempre que possível, por meio de masturbação, ou através de punção testicular, quando necessário. Além disso, preparam-se os espermatozoides em laboratório para melhorar e aumentar seu potencial de fecundação. 

Em casos de produção independente, casais homoafetivos femininos ou homens com infertilidade, utilizam-se espermatozoides doados de banco de esperma.

Fecundação:

Uma vez em que coletam os gametas feminino e masculino, chega a hora de realizar a fecundação, quando se forma o embrião. Nesse sentido, existem dois métodos de fertilização do óvulo: 

  • FIV Clássica: neste método, colocam-se os óvulos e uma quantidade pré-determinada de espermatozoides em uma placa. Assim, mantém-se em incubadora com as condições ideais à fecundação. O objetivo é deixar os espermatozoides fecundarem o óvulo de maneira similar à fertilização natural, com menos interferência do embriologista.
  • FIV com ICSI: na fertilização com ICSI, os espermatozoides são selecionados e injetados, um a um, dentro de cada um dos óvulos, para ocorrer a fecundação. Nestes casos, a fertilização não ocorre espontaneamente, e há total interferência do embriologista.

Vale ressaltar que, atualmente, pouquíssimas clínicas realizam a FIV clássica. Ou seja, por conta da ICSI ser uma técnica muito mais efetiva, os laboratórios preferem utilizá-la.

Criopreservação

Após o processo de fecundação, os embriões maduros que não tiveram uso naquele ciclo de FIV são criopreservados em nitrogênio líquido, -196°C, pelo método de vitrificação. Dessa forma, o congelamento preserva todas as características do embrião por tempo indeterminado, podendo ter uso anos mais tarde.

Para a receptora

Preparação do Endométrio

A mulher que vai receber o embrião inicia o processo com a preparação do seu endométrio (camada que reveste o útero internamente) para a transferência do embrião. O objetivo é simular o ambiente ideal para que o embrião se implante no útero e evolua de forma saudável. 

Nesse sentido, o preparo ocorre de forma natural ou medicamentado, sendo uma questão individual analisada pelo médico. Habitualmente no início do ciclo menstrual, com medicamentos hormonais como estradiol e progesterona, para que o endométrio atinja pelo menos 7 a 8 mm de espessura. O tratamento tem acompanhamento por ultrassonografias para definir o momento ideal para a transferência do embrião.

Descongelamento do embrião

Após a seleção do embrião, ele passa pelo processo de descongelamento. Nesse sentido, a desvitrificação também acontece de maneira rápida, quando se retira as soluções crioprotetoras gradativamente, conforme o material vai sendo descongelado.

Transferência do embrião ao útero

A transferência do embrião descongelado ao útero da receptora é a parte final da Fertilização In Vitro (FIV) e pode ocorrer em um ciclo ovulatório natural ou medicado. O procedimento é indolor e não necessita de anestesia. 

Nesse sentido, com a mulher em posição ginecológica, o embriologista deposita o embrião que está em um cateter, dentro da cavidade uterina, com acompanhamento feito por ultrassom. Após o procedimento, a mulher deve ficar em repouso relativo por 2 dias, e depois de 9-11 dias deve ser realizado o teste de gravidez.

leia também: Blastocisto e as Fases do Desenvolvimento Embrionário

Perguntas Frequentes sobre Embriodoação

A embriodoação é uma técnica disponível da medicina reprodutiva, porém ainda há muitas dúvidas sobre o assunto. Veja algumas perguntas frequentes que podem te ajudar a entender melhor sobre o assunto. 

Para quem a doação de embriões é indicada?

A embriodoação pode ser indicada para diversas situações, como casos de infertilidade associados à qualidade ou quantidade de gameta masculino, e feminino.  Além disso, casais homoafetivos e produções independentes também têm na embriodoação uma possível saída para ter um filho.

Veja algumas das situações em que a embriodoação pode ser necessária:

Quantos embriões podem ser transferidos ao útero da receptora?

O número de embriões transferidos ao útero depende de vários fatores, como: idade da doadora do gameta, idade da receptora do embrião, número de gestações prévias, número de cesarianas prévias, entre outras.

Nesse sentido, o Conselho Federal de Medicina (CFM) define as normas que orientam as atividades de Reprodução Assistida.

Quanto ao número de embriões a serem transferidos, fazem se as seguintes determinações de acordo com a idade:

  • Mulheres até 37 anos: até 2 embriões;
  • Mulheres com mais de 37 anos: até 3 embriões;
  • Nas situações de doação de óvulos e embriões, considera-se a idade da doadora no momento da coleta dos óvulos.

Quais são as chances de sucesso?

As chances de sucesso vão depender da qualidade do embrião congelado e da qualidade após descongelamento, além do padrão do útero e do endométrio da receptora. Em média, a taxa de gravidez varia de 40% a 60%. 

Mesmo em alguns momentos, sendo a primeira opção dos casais que chegam às clínicas de reprodução humana, a doação de embrião é uma alternativa viável quando as duas pessoas do casal possuem algum impedimento de engravidar ou em casos de gestação independente em mulheres com idade reprodutiva avançada, ou baixa reserva ovariana.

Conclusão e Próximos Passos

Como já mencionamos, muitas vezes a embriodoação é o único caminho possível para conseguir realizar o sonho de gestar um filho. Por isso, é importante abrir a mente e o coração para esta possibilidade da medicina reprodutiva. 

Nesse sentido, o primeiro passo é procurar uma clínica de fertilidade de confiança, analisar todas as alternativas da reprodução assistida e se informar mais sobre a embriodoação. A técnica pode ser o fim do sofrimento para casais que não conseguem ter filhos depois de várias tentativas e uma oportunidade inclusiva para futuros pais.

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