Você sabe o que é embrião com desenvolvimento lento na FIV? Pois no texto a seguir vamos explicar como ocorre o desenvolvimento embrionário e por que em alguns casos ele pode ser mais lento do que o normal.
Neste conteúdo você vai saber também qual é o momento ideal para a transferência embrionária e se a demora em chegar a blastocisto pode impactar no tratamento de Fertilização In Vitro. Confira!
Desenvolvimento embrionário: o que é blastocisto?
O blastocisto é a etapa do crescimento embrionário humano fundamental para gerar uma gravidez. Para entender a sua importância é preciso saber como funcionam as fases do desenvolvimento embrionário.
Por essa razão, é necessário explicar que quando o espermatozoide penetra no óvulo, ainda na tuba uterina, ocorre a fecundação. Nesse momento, os cromossomos maternos e paternos se unem para iniciar a divisão celular e a formação de um embrião.
A partir de então, o desenvolvimento embrionário se inicia e passa por diferentes fases e, geralmente após o 5º ou 6º dia, o embrião chega ao estágio de blastocisto. É nesta etapa que o embrião está pronto para se encaminhar da tuba à cavidade uterina, onde se fixará no tecido endometrial para começar a gestação.
Já na técnica de Fertilização In Vitro (FIV), os estágios iniciais da formação e do desenvolvimento embrionário acontecem fora do corpo humano. Sendo assim, coletam-se os óvulos e os espermatozoides e a fecundação acontece em laboratório. Depois disso, os embriões ficam de três até, no máximo, sete dias em cultivo, esperando o momento adequado para a transferência ao útero materno.
Desta forma, o blastocisto consiste em um embrião que evoluiu adequadamente até, no máximo, o sétimo dia de desenvolvimento, quando está apto a se fixar na cavidade uterina e iniciar a gestação.
Quanto tempo leva a formação do embrião?
O desenvolvimento embrionário passa por diversas fases, que recebem nomes de acordo com características do embrião em crescimento.
Nesse sentido, o primeiro estágio ocorre a partir do momento em que os dois gametas (óvulo e espermatozoide) se fundem para formar uma única estrutura, chamada de zigoto.
A partir de então, iniciam-se as clivagens, ou seja, as divisões celulares que darão início a uma nova vida.
Após a fase de zigoto, o embrião passa por diferentes etapas e durante os primeiros dias os embriões rapidamente se modificam.
Veja abaixo as características durante essas fases iniciais de desenvolvimento:
- D2 – Segundo dia após a fertilização: Nesta fase o embrião possui de 2 a 4 células;
- D3 – Terceiro dia a fertilização: Nesta fase o embrião deve possuir de 6 a 10 células;
- D4 – Quarto dia após a fertilização: O embrião deve estar em estágio de mórula, com cerca de 32 a 64 células compactadas;
- D5 a D7 – Quinto a sétimo dia após a fertilização: O embrião chega ao estágio de blastocisto. Neste momento, ele já conta com 150 células e está em estágio ideal para se fixar ao útero.
Desta forma, na fase de blastocisto, o embrião é formado por componentes celulares diferentes, como massa celular interna, trofoblasto (ou trofoectoderma) e uma cavidade de fluido, denominada de blastocele. As células do trofoblasto formarão a estrutura placentária e as células da massa celular interna darão origem aos tecidos e órgãos do bebê.
O que é embrião com desenvolvimento lento FIV?
Quando se faz uma Fertilização In Vitro, o embriologista sempre vai em busca do blastocisto, que é quando o embrião chega à fase de desenvolvimento que possui as melhores expectativas de gravidez. Isso acontece normalmente no quinto dia de desenvolvimento (D5), quando o embrião apresenta uma característica morfológica típica e já pode ser transferido ao útero.
No entanto, alguns embriões têm o desenvolvimento mais lento e podem chegar ao estágio de blastocisto no dia 6 (D6), ou ainda no sétimo dia de desenvolvimento (D7).
Por que o embrião tem desenvolvimento lento FIV?
Não se sabe ao certo porque um embrião tem o desenvolvimento mais lento do que o outro. No entanto, o que se descobriu até agora é que a possibilidade de levar o embrião ao estágio de blastocisto vai depender da qualidade dos óvulos e dos espermatozoides.
Nesse sentido, hábitos saudáveis, como uma boa alimentação e a prática de exercícios físicos, podem influenciar em um bom desenvolvimento embrionário.
Quais os impactos do embrião com desenvolvimento lento FIV?
O que é possível dizer sobre o assunto é que quanto antes o embrião chegar em blastocisto, melhores chances de gravidez. Nesse sentido, o embrião que alcançar esta fase mais rapidamente, teoricamente tem uma maior energia para ser implantado ao útero materno. Já o embrião que chegou em blastocisto em D6 e D7, precisou gastar mais energia, demorando mais tempo para chegar à forma ideal.
Desta maneira, o especialista vai avaliar duas situações para fazer a transferência embrionária: se o embrião chegou a blastocisto e quando isso ocorreu. Nesse sentido, quanto antes ele atingir a fase ideal, melhor é a expectativa de implantação do embrião e a chance de gravidez.
No entanto, não dá para se dizer que o blastocisto de 7 dias é ruim, mas a primeira opção do embriologista sempre será a do quinto dia (D5).
Quantos embriões devem ser formados para originar um blastocisto?
A quantidade de embriões (zigotos) formados para gerar um blastocisto depende de diversos fatores como, por exemplo, a idade da mulher, a reserva ovariana, o estímulo hormonal realizado para a Fertilização In Vitro, a qualidade do laboratório de embriologia, entre outros. Além disso, também varia de acordo com a quantidade e a qualidade dos espermatozoides e do número de óvulos obtidos a partir da indução ovariana.
Nesse sentido, estima- se que, em mulheres com idade abaixo de 37 anos, cujos maridos possuem poucas alterações no sêmen, cerca de 50% dos embriões iniciais chegam ao blastocisto. Por sua vez, embriões que pararam seu desenvolvimento antes deste estágio teriam baixíssimas chances de gestação.
Já nas mulheres acima de 37 anos, em média, somente 30% dos embriões iniciais chegam ao estágio ideal. Essa seleção natural dos embriões ocorre em praticamente todos os casos de Fertilização In Vitro.
Sendo assim, para as mulheres abaixo dos 37 anos, é necessário cerca de quatro óvulos maduros para ter 1 blastocisto. Já nas mulheres acima desta idade, esse número seria seis.
Vale lembrar que essa é uma estimativa, pois há muitos casos em que o casal tem apenas 1 óvulo, gerando 1 embrião e esse embrião consegue chegar ao estágio de blastocisto. Nesse sentido, tudo depende da qualidade dos gametas e também do laboratório de Reprodução Assistida.
Quanto ao número de embriões a serem transferidos, fazem se as seguintes determinações de acordo com a idade:
- Mulheres até 37 anos: até 2 embriões;
- Mulheres com mais de 37 anos: até 3 embriões;
- Nas situações de doação de óvulos e embriões, considera se a idade da doadora no momento da coleta dos óvulos.
Existe essa limitação por conta dos riscos de gestações múltiplas (que é um fator de risco de vida tanto para a gestante quanto para o bebê). Caso mais embriões tenham atingido o nível de blastocisto, podem ser criopreservados para uma outros ciclos de transferência embrionária por Reprodução Assistida.
Embrião com desenvolvimento lento FIV: como resolver?
Antes de mais nada é importante ressaltar que é possível, sim, engravidar com um embrião que tenha o desenvolvimento mais lento. No entanto, quando isso ocorrer, o embriologista vai sempre optar por vitrificar os embriões para antes preparar o endométrio à transferência embrionária.
Isto é necessário pois nestas situações há uma falta de sincronia entre o desenvolvimento embrionário mais lento com a receptividade endometrial, a conhecida janela de implantação.
Como se sabe, esta é uma etapa de extrema importância para garantir o sucesso da gravidez, pois para o embrião se fixar à parede uterina, o endométrio precisa estar saudável e com a espessura correta. Assim, a janela de implantação é o momento em que a camada endometrial encontra-se receptiva para a fixação embrionária.
Desta forma, em uma outra data, é simulado com medicação o ciclo menstrual da mulher e a transferência embrionária é feita durante este período.
Dicas para melhorar desenvolvimento embrionário
Para melhorar o processo de desenvolvimento embrionário é importante esclarecer que há algumas substâncias e hábitos diários que podem ser indicados para o casal. Veja quais são:
- Uso de alimentos com Coenzima Q10; (amêndoas, amendoins, nozes, legumes verdes como espinafres e brócolis);
- Uso de vitamina C, E, D para reduzir o estresse oxidativo;
- Atividade física;
- Dieta com pouca carne vermelha e gorduras saturadas, rica em peixes, frutas e legumes.
Transferência em blastocisto ou D3: quais as diferenças?
Em geral, a recomendação da transferência embrionária é sempre em D5, quando o embrião está em fase de blastocisto. No entanto, existe a possibilidade de transferência do embrião antes deste período, em D3 (terceiro dia de desenvolvimento) quando se consegue poucos embriões formados.
Embora esteja cada vez sendo menos utilizada, a transferência em D3 pode ser uma estratégia para reduzir a exposição do embrião aos meios de cultivo artificiais, diminuindo o risco dele não se desenvolver até o D5. Desta forma, fazendo a transferência em D3 aumentaria as chances do embrião continuar se desenvolvendo, até chegar ao estágio de blastocisto, no próprio útero materno.
Portanto, como podemos perceber, nem sempre é fácil definir qual o melhor dia para os embriões serem transferidos para a cavidade uterina. Por isso, a decisão deve levar em consideração a escolha do casal em conjunto com a opinião do médico especialista e do embriologista.
Além disso, é preciso também avaliar outros fatores, como a idade da mulher, a qualidade e quantidade dos embriões formados, o número de tentativas anteriores e questões emocionais, como a ansiedade e expectativa do casal.
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