Você já ouviu falar em criptorquidia? Em grego “cripto”quer dizer escondido e “orquis” é testículo. Desta forma, a criptorquidia se refere a “testículo escondido”, um quadro que pode acometer os bebês meninos, especialmente os prematuros.
Mas afinal? O que é a criptorquidia? Quais são seus sintomas e classificações? Como é feito o diagnóstico desse problema? Há tratamento? Pode causar infertilidade?
No texto a seguir vamos esclarecer essas e outras dúvidas. Boa leitura!
O que é Criptorquidia?
A Criptorquidia, também chamada de testículo retido ou não descido, consiste na ausência de um ou dos dois testículos no escroto. Esta situação acontece unilateral ou bilateral quando os testículos em formação no útero não conseguem passar pelo canal inguinal e chegar à bolsa escrotal.
Nesse sentido, como a migração testicular acontece na fase fetal, ou seja, no final da gestação, a criptorquidia se torna muito comum em bebês prematuros, representando 45% dos casos. Já nos meninos que nascem a termo, o percentual cai para 5%.
Quais são as causas da Criptorquidia?
Embora as causas da criptorquidia não sejam totalmente conhecidas, sua ocorrência é associada a fatores genéticos, anatômicos, hormonais, ambientais e ao estilo de vida da gestante.
Veja os principais fatores de risco :
- História familiar de criptorquidia;
- Parto prematuro;
- Baixo peso do bebê ao nascer;
- Malformações como defeitos do tubo neural ou da parede abdominal,
- Bebês com paralisia cerebral;
- Bebês com alterações genéticas;
- Histórico familiar de problemas no desenvolvimento genital;
- Tabagismo e Ingestão de álcool por parte da gestante;
- Exposição do pai ou da gestante a pesticidas.
Criptorquidia: Sintomas e Diagnóstico
Como vimos, a criptorquidia é a ausência de um ou dos dois testículos na bolsa escrotal, sendo esse o principal sintoma do quadro. Nesse sentido, o diagnóstico é feito a partir do exame clínico com a palpação, sendo que em até 80% das vezes os testículos se encontram no caminho entre o abdômen e a bolsa testicular.
Quanto ao número de testículos:
- Unilateral – apenas um dos testículos não está na bolsa escrotal, sendo o tipo mais comum da doença.
- Bilateral – os dois testículos não estão posicionados na bolsa escrotal.
Quanto ao exame clínico:
- Palpável: quando é possível palpar os testículos na região inguinal.
- Não-palpável: quando não é possível palpar os testículos.
Quando o quadro é detectado
- Congênito: é o quadro diagnosticado quando o bebê nasce. Nesse sentido, o menino deve ser examinado para confirmar se um ou os dois testículos se encontram na bolsa testicular.
- Adquirido: se dá quando um ou os dois testículos que estavam corretamente posicionados no nascimento passam a não ser mais localizados no escroto.
Tratamentos para Criptorquidia
Inicialmente, após o diagnóstico de criptorquidia a conduta é acompanhar a evolução por cerca de um ano, já que em muitos casos os testículos acabam migrando de forma espontânea. Entretanto, se isso não acontecer, o médico vai indicar o melhor tratamento.
Conheças as formas principais de tratamento da criptorquidia
Orquidopexia
A orquidopexia é o procedimento cirúrgico feito para reposicionar o testículo dentro da bolsa testicular. Nesse sentido, a intervenção libera o testículo de aderências do abdômen ou da região inguinal e o posiciona adequadamente na bolsa testicular.
Desta forma, a cirurgia é indicada quando a migração testicular não acontece até o 6º mês de vida. Nos casos de testículos palpáveis, a cirurgia pode ser feita por via inguinal e escrotal. Já para testículos não palpáveis, a técnica é a via abdominal por videolaparoscopia.
É importante ressaltar que a orquidopexia deve ser realizada até os 12 meses de idade, para prevenir lesões irreversíveis.
Orquiectomia
A orquiectomia consiste no procedimento cirúrgico para remoção dos testículos. Este tratamento é sugerido para os casos de criptorquidia adquirida detectada tardiamente ou ainda em casos, cada vez mais raros, de diagnóstico tardio de criptorquidia congênita não tratada até os 10 anos de idade. Desta forma, na criptorquidia bilateral, a retirada dos dois testículos torna a pessoa estéril.
Qual a diferença entre criptorquidia e testículo retrátil?
É muito comum as pessoas confundirem criptorquidia com testículo retrátil, mas na verdade são problemas diferentes. Nesse sentido, na criptorquidia os testículos permanecem no abdômen ou na virilha, não descem, e por isso também são chamados de testículos retidos.
Já os testículos retráteis são aqueles que desceram para a bolsa testicular, porém, se retraem e retornam ao canal inguinal. Essa característica migratória do testiculo que se move para cima e para baixo pode ser causada por hipertrofia ou funcionamento exacerbado do músculo cremaster.
Entretanto, geralmente este quadro se normaliza depois dos sete anos quando os estímulos hormonais fazem com que os testículos se fixem na bolsa escrotal.
Complicações Associadas à Criptorquidia
Como vimos, a criptorquidia por si só não causa sintomas relevantes, porém, se não for tratada pode acarretar em complicações para a saúde do menino, inclusive prejudicar o potencial reprodutivo.
Veja alguns problemas que a criptorquidia pode causar:
- Torção testicular;
- Hérnia inguinal associada a criptorquidia;
- Infertilidade ou esterilidade masculina;
- Maior risco de desenvolver câncer de testiculo.
Criptorquidia e fertilidade
Um dos principais riscos da criptorquidia é afetar a fertilidade masculina. Isto porque os testículos estão diretamente relacionados com a espermatogênese, ou seja, com a produção dos espermatozoides. Nesse sentido, um dos fatores primordiais é que os testículos estejam a uma temperatura menor do que a do restante do corpo , de 1,5°C a 2°C abaixo, o que não acontece fora do escroto.
Desta forma, testículos retidos podem comprometer a capacidade de produzir gametas em quantidade e qualidade suficientes para manter a possibilidade reprodutiva na vida adulta.
Nesse sentido, meninos com criptorquidia unilateral têm uma taxa de fertilidade menor do que pessoas sem o problema. Entretanto, esses pacientes apresentam taxas parecidas de paternidade, ou seja, capacidade de ser pai.
Por outro lado, quando a criptorquidia é bilateral, tanto a fertilidade como as taxas de paternidades ficam muito afetadas. Inclusive, nos casos de testículos não descidos dos dois lados e que foram tratados, há riscos de esterilidade.
Criptorquidia: como a reprodução assistida pode ajudar
Como foi falado, muitas vezes a criptorquidia leva à infertilidade masculina, e nesses casos, a reprodução assistida pode ajudar o homem a se tornar pai. Para isso, é importante fazer uma avaliação completa da capacidade reprodutiva do paciente, sendo o espermograma um dos exames mais importantes.
Assim, de acordo com o diagnóstico final, o especialista vai indicar o tratamento mais adequado para cada caso.
Veja alguns tratamentos de reprodução assistida para homens com infertilidade masculina:
Fertilização In Vitro (FIV)
A Fertilização In Vitro (FIV) é um tratamento de alta complexidade quando a fecundação do óvulo com o espermatozoide é feita em laboratório, fora do corpo da mulher. Desta forma, os embriões formados são cultivados, selecionados e posteriormente transferidos ao útero onde será gestado.
Nesse sentido, nos casos de homens com azoospermia, que não apresentam espermatozoides no líquido ejaculado, a coleta dos gametas pode ser feita por punção testicular. Este procedimento retira os espermatozoides diretamente do testículo para serem usados na fertilização.
Com taxas de sucesso entre 20% e 50%, a FIV vem evoluindo muito e ajudando milhares de pessoas a ter um filho, inclusive, casais homossexuais e pessoas que buscam produção independente.
FIV por Injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI)
A Injeção Intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) é um procedimento realizado durante a Fertilização In Vitro, utilizado na maioria dos ciclos desse tipo de tratamento de Reprodução Assistida. Quando a fecundação dos gametas ocorre em laboratório. Nesse sentido, o embriologista introduz um único espermatozoide, previamente selecionado, diretamente dentro do óvulo para que ocorra a fertilização,
Dessa forma, quando há baixa quantidade de espermatozoides, astenozoospermia ou teratozoospermia, a ICSI potencializa as chances de fecundação do óvulo alcançando taxas entre 60% e 80%.
Prevenção e Cuidados
Na verdade, não há formas comprovadas de prevenir a criptorquidia, entretanto, algumas medidas podem diminuir os riscos. Desta forma, é importante que as gestantes evitem fumar e ingerir bebidas alcoólicas o que tende a aumentar as chances de ocorrer a disfunção testicular.
Porém, como a criptorquidia não é realmente um quadro evitável, o importante é estar atento ao diagnóstico precoce para evitar maiores complicações. Para isso, o bebê deve ser examinado logo ao nascer para confirmar se os testículos estão ou não no lugar correto, ou seja, dentro da bolsa testicular.
No entanto, em alguns casos de criptorquidia os testículos não são palpáveis pois estão dentro da cavidade abdominal. Desta forma, o diagnóstico requer exames complementares.
Considerações Finais
- A criptorquidia consiste na ausência de um ou dos dois testículos no saco testicular;
- Sua ocorrência é associada a fatores genéticos, anatômicos, hormonais e ambientais;
- O diagnóstico da criptorquidia geralmente é feito a partir do exame clínico com a palpação;
- A conduta inicial é acompanhar a evolução por um período, pois às vezes os testículos acabam migrando de forma espontânea. Se isso não acontecer, o médico indicará o melhor tratamento;
- Um dos principais riscos da criptorquidia é afetar a fertilidade masculina, por isso é fundamental o acompanhamento médico até a resolução do problema.
Se você ou alguém que você conhece está enfrentando problemas relacionados à criptorquidia ou outras questões de saúde reprodutiva, não hesite em buscar ajuda. A Nilo Frantz Medicina Reprodutiva está aqui para ajudar. Agende uma consulta com nossos especialistas e dê o primeiro passo em direção a uma solução.