Congelar óvulos e embriões são importantes técnicas da reprodução humana que possibilitam a preservação da fertilidade. Desta forma, mulheres que decidem adiar a maternidade, bem como pessoas que necessitam passar por quimioterapia e outros tratamentos, encontram no congelamento a chance de uma gravidez futura.
Mas afinal, o que é congelamento de óvulos e embriões? Quais as diferenças entre eles? Qual dura mais tempo? Como escolher qual deles fazer? Para saber mais detalhes sobre este tema, leia o texto abaixo.
Qual a diferença entre óvulos ou embriões?
Quando falamos em congelar óvulos ou embriões, é importante entender bem a diferença entre os dois. Nesse sentido, o óvulo é o gameta feminino, ou seja, a célula reprodutiva que carrega o DNA da mulher.
Assim, desde que nasce a menina já conta com todo seu “estoque de óvulos” que é formado ainda durante o desenvolvimento fetal. Desta forma, após o nascimento, não existe mais a produção de gametas femininos.
Desta maneira, os óvulos imaturos ficam armazenados nos folículos que constituem a reserva ovariana feminina. Sendo assim, eles permanecem em repouso até a chegada da puberdade, quando passam a desenvolver e liberar os óvulos durante a ovulação que ocorre em cada ciclo menstrual.
Nesse sentido, o número estimado de folículos ovarianos na menina recém-nascida é de cerca de 1 a 2 milhões. Já com a chegada da puberdade, esta reserva ovariana cai para 300 a 400 mil. A partir daí, em cada ciclo menstrual, ocorre a perda natural de centenas de folículos e tanto a quantidade, como a qualidade dos óvulos vai decaindo com o tempo, sendo mais acentuada a partir dos 35 anos, impactando diretamente a fertilidade da mulher. Quando essa reserva ovariana acaba, ocorre a menopausa.
Já o embrião é o resultado do encontro do óvulo com o espermatozoide, o gameta masculino que carrega o DNA do homem. Desta forma, o embrião é o produto da fecundação que pode acontecer de forma natural, através da relação sexual entre um casal, ou com a ajuda de técnicas de Reprodução Assistida como a FIV.
Nesses casos, seja por problemas de infertilidade masculina ou feminina, para ajudar casais homoafetivos ou pais e mães solos a ter um filho, o embrião é produzido em laboratório e depois transferido ao útero.
O que é congelamento de óvulos e embriões?
O congelamento de óvulos e embriões é uma técnica de Reprodução Assistida que tem como objetivo preservar a fertilidade da mulher e do homem. Também chamada de criopreservação, esse procedimento possibilita o congelamento dos gametas femininos, masculinos e também dos embriões para posterior utilização.
Nesse sentido, o material congelado permanece intacto em toda sua estrutura e funcionalidade, podendo ser utilizado futuramente, após passar pelo processo de descongelamento. Assim, seja por escolha pessoal ou por necessidade médica, o procedimento permite “driblar” o relógio biológico feminino possibilitando que gametas e embriões permaneçam jovens por muito mais tempo.
Desta forma, a técnica de congelamento usada atualmente é a da Vitrificação que assegura bons resultados nos tratamentos de Fertilização In Vitro (FIV). Isto porque a rapidez com que atinge a baixa temperatura de -196º produz um estado vítreo no embrião ou óvulo que impede a formação de cristais de gelo e danos celulares.
Após a vitrificação, gametas ou embriões ficam armazenados em tanques de nitrogênio líquido, por tempo indeterminado, até serem usados ou doados. Desta forma, o congelamento representa chances reais para quem busca ajuda da medicina reprodutiva para ter um filho.
O que dura mais tempo congelado: óvulos ou embriões?
Na verdade, não existe prazo de validade para óvulos ou embriões congelados. Desta forma, eles podem ficar armazenados por décadas até serem utilizados em tratamento de Fertilização In Vitro ou descartados.
Um bom exemplo aconteceu na Nilo Frantz Medicina Reprodutiva, especialista em Reprodução Humana com sedes em São Paulo e Rio Grande do Sul. Uma paciente teve seu primeiro filho com óvulo próprio que estava criopreservado há mais de 10 anos. Outro fato interessante ocorreu em outubro de 2022, nos Estados Unidos, onde nasceram gêmeos gerados a partir de embriões congelados há mais de 30 anos.
Desta forma, a medicina ainda não tem dados suficientes para atestar o tempo máximo que embriões e óvulos podem ficar congelados.
Congelar óvulos ou embriões é seguro?
Sim. Graças à evolução das técnicas de congelamento que passou a ser feita por vitrificação, pode-se afirmar que a criopreservação é muito segura.
Inclusive, a taxa de gestação com material descongelado é comparável à taxa de gravidez obtidas através de células a “fresco”. Nesse sentido, a taxa de sobrevivência ao descongelamento de embriões fica entre 98% a 99%, enquanto a de óvulos é de 92%.
Desta forma, aliado aos avanços dos tratamentos de reprodução humana, o congelamento de óvulos e embriões possibilita que muitas pessoas realizem o sonho de ter filhos. Nesse sentido, pessoas que querem preservar a fertilidade, por escolha própria ou questões de saúde, casais homoafetivos, assim como pais e mães “solos” encontram na criopreservação o caminho para formarem suas famílias.
É melhor congelar óvulos ou embriões?
A resposta para essa pergunta é: depende. Isto porque quase tudo na área de reprodução humana é algo particular que deve ser analisado caso a caso.
Nesse sentido, a decisão de congelar óvulos ou embriões se baseia no histórico e nas condições médicas de cada paciente, na idade da mulher e nos motivos que levaram a escolha pela criopreservação.
Congelamento de óvulos
O processo inicia com a estimulação ovariana feita com hormônios para aumentar o número de óvulos produzidos durante o ciclo menstrual. Na fase seguinte ocorre a coleta dos óvulos que são retirados de dentro dos folículos, congelados por vitrificação e armazenados em nitrogênio líquido.
Assim, quando a mulher quiser engravidar, os óvulos são descongelados e fecundados em laboratório, e posteriormente, os embriões são transferidos para o útero da futura mãe.
Nesse sentido, é importante ressaltar que o número de gametas coletados dependem da idade da paciente. Isto porque com o avanço da idade diminui a quantidade e qualidade de óvulos.
Vale esclarecer que a indução da ovulação para congelamento de óvulos normalmente se inicia pela menstruação, entretanto, quando há pressa, é possível começar em qualquer fase do ciclo. Isso acontece, por exemplo, com mulheres que irão passar por quimioterapia e não tem tempo a perder. Desta forma, pode-se optar também por tratamentos como do DuoStim, que potencializa o número de óvulos para coleta.
Veja as Indicações para congelamento de óvulos:
- Mulheres que desejam postergar a maternidade;
- Mulheres com baixa reserva ovariana;
- Mulheres com risco de menopausa precoce;
- Mulheres que precisam passar por tratamentos que comprometem de forma a fertilidade como quimioterapia, radioterapia, e cirurgias nos ovários.
Congelamento de embriões
A criopreservação de embriões também é possível, e o processo de congelamento é o mesmo.
Nesse sentido, o tratamento parte da coleta dos gametas femininos e masculinos, e a fecundação é realizada no laboratório, fora do corpo da mulher. Desta forma, o embrião é o resultado da Fertilização In Vitro e após preparado também pode ser vitrificado e guardado em nitrogênio líquido, a -196 graus.
Com isso, a grande vantagem no congelamento de embriões está em proporcionar às pacientes uma chance adicional de engravidar. Nesse caso, com embriões excedentes congelados não há necessidade da mulher passar novamente pelo processo de estímulo ovariano.
Veja as Indicações para congelamento de embriões:
- Casais que desejam postergar a tentativa de gravidez;
- Casos de tratamentos de Fertilização In Vitro com a formação de um grande número de embriões excedentes de boa qualidade;
- Casos de risco para o desenvolvimento da síndrome de hiperestímulo ovariano;
- Quando um dos parceiros tem uma doença na qual o tratamento pode colocar a fertilidade em risco, como por exemplo o câncer.
É mais barato congelar óvulos ou embriões?
Como vimos, para congelar óvulos a mulher passa primeiro pela estimulação ovariana e depois pela coleta dos gametas que então são congelados. Por outro lado, para congelar embriões, além dessa etapa feminina, é necessário também coletar gametas masculino para realizar a fecundação em laboratório.
Desta forma, podemos dizer que o processo para congelamento de óvulos é uma das etapas para o congelamento do embrião já que neste caso ainda é preciso acontecer a Fertilização In Vitro (FIV). Assim, fica claro que o congelamento de óvulos se torna mais barato do que o de embriões.
Vale lembrar que além dos custos dos tratamentos, os pacientes que congelam óvulos ou embriões ainda têm o custo anual para manter o material criopreservado no tanque de nitrogênio líquido.
Como decidir entre congelar óvulos ou embriões?
Como vimos, a escolha entre congelar óvulos ou embriões depende de diversos fatores, e a decisão deve ser feita em conjunto com o especialista em medicina reprodutiva. Nesse sentido, o congelamento de óvulos é mais interessante para mulheres jovens que desejam postergar a maternidade, aumentando a chance de engravidar no futuro.
Além disso, uma grande vantagem do congelamento de óvulos é que eles pertencem apenas à mulher. Sendo assim, ela pode posteriormente fazer Fertilização In Vitro com qualquer sêmen, sendo do parceiro daquele momento de vida, ou do doador e realizar o sonho de ser mãe.
Além disso, outra questão importante da mulher que congelar seus óvulos é que ela tem autonomia para decidir sozinha o futuro de seus gametas, podendo usá-los, doá-los ou descartá-los.
Por outro lado, o congelamento de embriões é indicado para mulheres que estão em um relacionamento estável e procuram, dentro dos planos do casal, adiar a gestação. Além disso, é útil quando há a pretensão de se ter filhos futuramente.
Nesse sentido, uma vantagem do congelamento de embriões é a possibilidade de saber com antecedência se há anormalidades genéticas capazes de comprometer a gestação ou a saúde da criança. Isto porque testes como PGT rastreiam possíveis anomalias genéticas do embrião antes da sua transferência ao útero materno, o que não acontece com os óvulos.
Outra questão que deve ser levada em conta quando se escolher congelar embriões, é que eles pertencem ao casal. Desta forma, em caso de separação, qualquer decisão envolvendo os embriões deverá ser acordada entre as duas partes.
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