Congelamento de Óvulos: uma decisão importante para a maternidade futura
O congelamento de óvulos é uma opção valiosa para mulheres que desejam adiar a maternidade. Entender a idade máxima recomendada para realizar esse procedimento é crucial para aumentar as chances de sucesso de uma futura gravidez.
Por isso, no texto a seguir vamos explicar o que é congelamento de óvulos, e o impacto que a idade da mulher tem no resultado deste tratamento.
Boa leitura!
O que é o congelamento de óvulos?
O congelamento de óvulos é um tratamento de reprodução assistida que tem como objetivo a preservação da fertilidade feminina. Assim, mulheres que desejam adiar a maternidade, com histórico de menopausa precoce ou necessidade de tratamentos oncológicos, encontram no congelamento uma oportunidade para uma gravidez futura.
Isso é possível pois o congelamento de óvulos realiza a criopreservação dos gametas mantendo por tempo indeterminado sua capacidade reprodutiva. Desta forma, após serem coletados diretamente dos ovários, os óvulos são congelados através da vitrificação, e ficam mantidos em nitrogênio a −196 graus Celsius.
Assim, o congelamento de óvulos serve para driblar o relógio biológico das mulheres que ganham mais tempo para decidirem SE e QUANDO querem se tornar mães.
Como é feito o congelamento de óvulos?
O congelamento de óvulos é realizado em algumas etapas e leva em média 15 dias. Veja o que acontece em cada fase do tratamento:
Estimulação ovariana
A estimulação ovariana tem como objetivo aumentar a produção de óvulos maduros para coleta e congelamento. Assim, a mulher recebe injeções hormonais que estimulam os ovários a produzir múltiplos óvulos em um único ciclo menstrual. Dessa forma, o tratamento potencializa o amadurecimento e a quantidade de óvulos disponíveis para coleta, aumentando as chances de sucesso no congelamento.
Monitoramento e controle hormonal
Durante 10 a 14 dias, a mulher é monitorada por meio de ultrassonografias e exames de sangue para avaliar o desenvolvimento dos folículos ovarianos. Desta forma, é possível ajustar as doses hormonais conforme necessário.
Neste processo, quando os folículos atingem um tamanho adequado, uma injeção de hormônio hCG (Gonadotrofina Coriônica Humana) é administrada para induzir a maturação final dos óvulos nos folículos.
Coleta dos óvulos
A coleta dos óvulos, conhecida como punção folicular, ocorre cerca de 36 horas após a injeção de hCG. Este procedimento envolve a introdução de uma agulha fina pela vagina, guiada por ultrassom, até os ovários para aspirar os folículos. Em seguida, o líquido aspirado é então depositado em tubinhos contendo uma solução nutritiva similar a das trompas. Esse processo é realizado sob sedação leve, garantindo o conforto da paciente.
Congelamento e armazenamento
Após a coleta, os óvulos são imediatamente levados ao laboratório, onde são avaliados e preparados para o congelamento por vitrificação. Esse processo resfria a –23ºC por minuto, ou seja, 70 vezes mais rápido que o congelamento lento utilizado anteriormente.
Os óvulos são então armazenados em cilindros de nitrogênio líquido a –196ºC, permanecendo em estado vítreo por tempo indeterminado. Esta forma de congelamento evita a formação de cristais de gelo e protege as células reprodutoras de danos.
Qual é a idade máxima para o congelamento de óvulos?
A idade é um dos fatores mais críticos na fertilidade feminina, influenciando diretamente na quantidade e na qualidade dos óvulos, e, consequentemente, nas chances de gravidez.
Isso acontece porque as mulheres nascem com um número limitado de óvulos, que diminui progressivamente ao longo da vida. Ao nascer são cerca de 1 a 2 milhões de óvulos, mas esse número cai para aproximadamente 300.000 na puberdade e vai diminuindo com os anos. A partir dos 30 anos, a reserva ovariana começa a declinar de forma mais rápida, com uma queda ainda mais acentuada após os 35 anos.
Por isso, as mulheres na faixa dos 20 anos têm uma chance bem maior de engravidar naturalmente do que aos 35 ou a partir dos 40 anos.
Além disso, a qualidade dos óvulos também piora com o passar do tempo, diminuindo as chances de engravidar e aumentando a probabilidade de anomalias cromossômicas. Desta forma, à medida que a mulher envelhece crescem os riscos de aborto espontâneo e de bebês com condições genéticas, como a Síndrome de Down.
Por isso, o congelamento de óvulos é indicado de preferência para mulheres até 35 anos que ainda possuem óvulos considerados jovens. Desta forma, esses gametas têm maior potencial para gerar uma gravidez saudável e bem sucedida.
Idade ideal para congelamento de óvulos
Sabe-se que as mulheres estão biologicamente no auge da fertilidade entre os 20 e 30 anos. Assim, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRA), a idade indicada para o congelamento de óvulos é de até 35 anos.
Isto ocorre pois, gametas congelados ainda “jovens” têm maior potencial para gerar uma gravidez saudável e bem sucedida. Entretanto, muitas mulheres deixam para recorrer ao procedimento por volta dos 38 anos, o que pode diminuir as chances de sucesso.
Estudos e estatísticas sobre idade e sucesso do procedimento
As taxas de sucesso do congelamento de óvulos e de uma futura gestação relacionam-se diretamente à idade da mulher no momento em que congelar seus gametas. Ou seja, o que importa é a idade do óvulo e não o da mulher na época em que for ocorrer a fertilização e a transferência.
Portanto, a possibilidade de uma gravidez futura em mulheres que congelarem seus óvulos depois dos 38 anos de idade é menor do que em mulheres que fizeram o procedimento mais jovens.
Além disso, é importante ressaltar que com a vitrificação, técnica de congelamento desenvolvida em 2006, a taxa de sobrevivência do óvulo após descongelamento é de 95%.
Dessa forma, as chances de gravidez de óvulos congelados são praticamente as mesmas dos óvulos frescos. Ou seja, o embrião resultante da fecundação do óvulo congelado pelo espermatozoide tem a mesma qualidade do embrião formado por um óvulo fresco.
Entretanto, vale lembrar que cada caso é diferente do outro. Portanto, é imprescindível que a mulher passe por uma avaliação médica para verificar a sua reserva ovariana e outras questões de saúde. Da mesma forma, ela precisa do acompanhamento de um especialista em reprodução assistida durante todo o processo de congelamento de óvulos.
Confira abaixo as chances de sucesso de gravidez, conforme a idade da mulher.
Idade da Mulher | Chances de Engravidar (%) |
Até 25 anos | 25-30% |
26-30 anos | 20-25% |
31-35 anos | 15-20% |
36-40 anos | 10-15% |
Acima de 40 anos | Menos de 5% |
Fatores que influenciam a idade máxima para congelamento de óvulos
Como vimos, a idade recomendada para o congelamento de óvulos é determinada principalmente pela idade da mulher. Entretanto, outros fatores como sua saúde e estilo de vida também influenciam na tomada de decisão sobre quando realizar o congelamento.
Aqui alguns dos principais aspectos levados em conta:
Reserva Ovariana:
A quantidade e qualidade dos óvulos decrescem com a idade, especialmente após os 35 anos. Por isso, a avaliação da reserva ovariana é um fator determinante e um dos principais exames solicitados.
Fertilidade:
Mulheres com histórico de infertilidade ou condições que afetam a fertilidade, como endometriose, podem considerar o congelamento em uma idade mais jovem. Além disso, pessoas com casos de menopausa precoce na família devem ficar atentas à possível necessidade de congelar óvulos mais cedo.
Saúde Geral::
A condição geral de saúde, incluindo fatores como doenças crônicas, hábitos de vida e histórico familiar, pode impactar tanto a qualidade dos óvulos quanto a capacidade de resposta aos tratamentos de estimulação ovariana. Nesse sentido, mulheres com boa saúde geral podem ter uma janela maior para congelar óvulos com qualidade.
Tecnologia e Técnicas Avançadas:
Avanços em tecnologias de congelamento, como a vitrificação que minimiza danos aos óvulos, têm melhorado significativamente as taxas de sucesso. Além disso, a evolução das técnicas de estimulação ovariana e coleta de óvulos permitem a obtenção de óvulos de melhor qualidade, mesmo em idades mais avançadas.
Perguntas frequentes sobre congelamento de óvulos
1- Quais são os riscos do congelamento de óvulos?
Como vimos, o congelamento de óvulos é uma opção muito segura e cada vez mais popular entre as mulheres que desejam ou precisam preservar sua fertilidade. Desta forma, o tratamento não traz riscos para a saúde da mãe e nem para a saúde do bebê. Entretanto, como qualquer procedimento médico, ainda que relativamente raro, podem ocorrer situações indesejadas como:
- Pequeno sangramento ou lesão nos ovários durante a coleta dos óvulos;
- Reações à anestesia;
- Durante a estimulação do ovário, podem ocorrer inchaço, irritabilidade e desconforto abdominal que devem regredir após alguns dias;
- Síndrome do Hiperestímulo Ovariano (SHO): esta síndrome é uma resposta exacerbada dos ovários ao estímulo hormonal feito para estimulação ovariana resultando em um crescimento de óvulos maior do que o esperado;
- Apesar dos avanços da criopreservação, alguns óvulos podem não sobreviver ou sofrer danos no seu descongelamento, tornando-o inviável para a fertilização.
Para minimizar possíveis riscos do congelamento de óvulos, é importante que o procedimento seja realizado por um médico especialista, em uma clínica capacitada e de confiança.
2-Quanto tempo os óvulos podem ficar congelados?
Os óvulos podem ficar congelados por tempo indeterminado sem perda significativa de qualidade. Assim, estudos mostram que os óvulos podem ser mantidos congelados por mais de 10 a 20 anos e ainda serem viáveis para tratamentos de fertilidade.
3- Quanto custa o congelamento de óvulos?
Os valores para o congelamento de óvulos depende de fatores como a clínica de fertilidade escolhida, os medicamentos para estimulação ovariana e o número de ciclos de coleta de óvulos necessários. Além disso, normalmente há taxas de consulta inicial, e os custos para o armazenamento dos óvulos congelados.
Relatos de Pacientes
Como vimos, as mulheres têm uma limitação biológica que determina o prazo de validade da capacidade reprodutiva. Assim, o congelamento de óvulos pode ser visto como uma opção de liberdade para a mulher contemporânea.
Veja alguns depoimentos:
FR: “Eu me dei conta que o tempo também está passando para mim. Eu estou com 37 anos e já tenho um filho de 7 anos, mas tenho sonho de ter mais filhos. Embora eu não esteja mais na idade recomendada para congelar óvulo, que é até 35, eu gostaria de poder escolher o momento certo para a próxima gravidez”.
JC: “Quando eu tinha 25 anos eu tinha a certeza de que não queria ter filhos. Já aos 30 minha cabeça começou a mudar e essa certeza já não era assim tão forte. Agora aos 33, ainda tenho muitos projetos e sonhos e a maternidade pode ser um deles. Assim, com o congelamento ganho tempo para poder engravidar quando eu desejar. Pois uma coisa é a gente não querer filhos, a outra é não poder”
Preservação da fertilidade: uma escolha pessoal e planejada
Como vimos, a preservação da fertilidade através do congelamento de óvulos é uma escolha pessoal e planejada, que permite às mulheres adiarem a maternidade.
Nesse sentido, é importante ressaltar que a idade feminina no momento do congelamento é um dos fatores que mais influencia as chances de sucesso. Por isso, o tratamento é recomendado até os 35 anos, quando a mulher geralmente possui uma boa reserva ovariana, tanto em quantidade quanto em qualidade dos gametas.
Além disso, graças às técnicas avançadas de congelamento como a vitrificação, os óvulos podem ficar criopreservados por tempo indeterminado, apresentando taxas de sobrevivência que chegam a 95%. Ou seja, as chances de uma gravidez dos óvulos que foram congelados é praticamente a mesma dos óvulos frescos.
Então, quem está considerando a possibilidade de congelar óvulos deve procurar um especialista em reprodução assistida para fazer um check up da fertilidade e planejar o tratamento.