O coito programado, ou relação sexual programada (RSP) é um dos tratamentos que podem ajudar os casais que apresentam dificuldades de engravidar. Porém, não se indica essa técnica para todos os casos de infertilidade.
Mas afinal, o que é coito programado? Quando é indicado? Como acontece o tratamento? Para saber mais sobre o assunto, leia o texto abaixo
O que é coito programado?
O coito programado é uma técnica de Reprodução Assistida, de baixa complexidade, baseada no acompanhamento do ciclo menstrual feminino para se determinar o período fértil da mulher. Além disso, pode-se usar medicamentos indutores de ovulação, para aumentar as chances de sucesso. Dessa forma, é possível saber qual o momento mais propício para a gravidez acontecer.
Nesse sentido, o tratamento é útil para otimizar o encontro do espermatozoide com o óvulo dentro do organismo da mulher, aumentando a probabilidade de fecundação. Para isso, monitora-se o processo com exames de ultrassonografia transvaginal, a cada 2 ou 3 dias, o que permite acompanhar a ovulação. Dessa forma, o médico pode orientar o casal quando as relações sexuais devem ocorrer.
Quando é indicado o coito programado?
Como o coito programado utiliza óvulos naturais do corpo da mulher, e atua apenas no estímulo da fecundação, a técnica é indicada para casos leves de infertilidade como anovulação, que consiste na ausência de ovulação e geralmente este problema é acompanhado da irregularidade menstrual.
Nesse sentido, esta situação é bastante comum em mulheres que apresentam Síndrome dos Ovários Policísticos. Assim, o tratamento tem mais chance de sucesso quando não há questões mais sérias comprometendo a saúde reprodutiva de quem quer engravidar.
Dessa maneira, sugere-se o coito programado para mulheres de até 35 anos, que não apresentam problemas nas tubas uterinas e no útero, situação avaliada pela histerossalpingografia.
Por outro lado, para que o coito programado funcione é necessário também que o homem apresenta um espermograma com resultados normais ou discretas alterações. Além disso, é importante que o casal tenha avaliações hormonais consideradas saudáveis.
Confira para quem se indica o coito programado:
- Mulheres com menos de 35 anos pois a idade impacta na qualidade e quantidade de óvulos;
- Casais que mantém relações sexuais em uma frequência inferior a 1x na semana;
- Pessoas com dificuldade de engravidar por problemas de ovulação, mas sem problemas no sêmen e integridade anatômica do sistema reprodutivo feminino;
- Mulheres que sofrem com a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP);
- Casais que não conseguem detectar o período fértil da mulher.
Coito programado: como funciona?
Como vimos, o coito programado é uma técnica pouco invasiva para estimular a fertilidade e a fecundação. Neste sentido, o tratamento pode acontecer em um ciclo natural da mulher, ou também, em um ciclo estimulado com medicamentos que auxiliam na indução ou sincronização da ovulação.
Desta forma, no coito programado utiliza-se hormônios orais ou injetáveis, para estimular o crescimento do folículo ovariano (no máximo 3 oócitos), e assim levar à liberação de óvulos no ciclo. Além disso, exames de ultrassom monitoram o processo, mostrando o período mais propício para o casal manter relações sexuais e aumentar a chances de gravidez.
De maneira geral, é possível realizar até 3 coitos programados seguidos, e a média de sucesso é de 15% a 20% por tentativa. Além disso, as taxas de sucesso podem ser menores, de acordo com algumas situações, como idade da mulher, tempo de infertilidade, presença de doenças associadas, etc…
Caso a gravidez não aconteça, é necessário avaliar outros tratamentos de Reprodução Assistida como a Inseminação Artificial ou a Fertilização In Vitro.
Coito programado passo a passo
O tratamento de coito programado acontece em algumas etapas, seguindo as orientações e o acompanhamento do especialista.
Veja como é o passo a passo desta técnica da Reprodução Assistida:
1- Início do tratamento
O tratamento inicia geralmente no segundo ou terceiro dia do ciclo, quando a mulher ainda está menstruada.
Neste momento, é feito o primeiro ultrassom transvaginal para realizar a contagem de folículos antrais e avaliar os ovários, verificando se há cistos que podem atrapalhar a indução da ovulação. Além disso, confere-se o interior do útero para saber se há pólipos ou miomas, o que poderia alterar as taxas de sucesso.
2- Estímulo Ovariano
Após o primeiro ultrassom, estando tudo conforme o esperado, é hora de iniciar o uso da medicação para induzir o crescimento dos folículos ovarianos. Este é um tratamento individualizado, e o tipo de remédio, bem como a dosagem dependem de cada caso.
3 – Acompanhamento com ultrassonografia
A próxima etapa do tratamento é o monitoramento da ovulação via exames de ultrassonografia transvaginal, realizado em média a cada 2 ou 3 dias.
Nesse sentido, o objetivo é confirmar se o medicamento está funcionando, e se os folículos estão se desenvolvendo da forma esperada e em que quantidade. Ou seja, é importante acompanhar também, o número dos folículos que estão crescendo.
4- Hormônio HCG
Uma vez verificado que folículos estão evoluindo, no momento certo, a mulher recebe uma dose do hormônio hCG, que vai estimular a ovulação após um período de 36 a 40 horas. Dessa forma, o casal recebe orientações sobre quais dias deverá manter relações sexuais para aumentar as chances de gravidez.
5 – Confirmação da ovulação
Através de um novo exame de ultrassom confirma-se a ovulação. Isso é importante pois às vezes, mesmo com a estimulação ovariana e o uso do HCG, a ovulação pode não acontecer.
6 – Confirmação da Gravidez
A última etapa do tratamento do coito programado é a confirmação da gravidez. Nesse sentido, se a ovulação aconteceu, e as relações sexuais seguiram nas datas indicadas, o casal deve aguardar 15 dias e fazer o exame de sangue do Beta HCG.
Quanto tempo dura o coito programado?
Como vimos, o tratamento de coito programado ocorre em algumas etapas até chegar na confirmação da gravidez. Nesse sentido, a fase dos medicamentos varia de acordo com o que foi prescrito para a paciente.
O tratamento dura em torno de 15 dias. No caso dos remédios orais, a ingestão acontece geralmente por 5 dias consecutivos, enquanto para os injetáveis pode variar de 8 a 12 dias.
Além disso, após o período de ovulação, o casal deve esperar 15 dias para realizar o teste de gravidez.
Dessa forma, pode-se considerar que o coito programado leva em torno de um mês para cada tentativa. Como o indicado é que este procedimento seja feito até 3 vezes, podemos dizer que a duração máxima do tratamento é de 90 dias.
Exames para coito programado
Para realizar o coito programado, assim como qualquer outro tratamento de Reprodução Assistida, é preciso fazer alguns exames que permitem saber como está a saúde geral e reprodutiva do casal.
Veja alguns dos exames solicitados para quem vai fazer coito programado:
- Exames laboratoriais;
- Exames hormonais (FSH e LH (do 3º ao 5º dia do ciclo), TSH, T4 livre e prolactina);
- Espermograma completo;
- Histerossalpingografia;
- Avaliação da reserva ovariana;
- Ultrassom transvaginal para avaliação de útero e ovários;
- Sorologias do casal.
Coito programado: e gravidez gemelar: qual a relação?
O coito programado é um tratamento de Reprodução Assistida de baixa complexidade que utiliza a indução ovariana, fazendo com que mais de um folículo seja estimulado no mesmo ciclo. Dessa forma, as chances de uma gravidez gemelar aumentam chegando a 10% dos casos.
Em raros casos, por conta da produção excessiva de hormônios produzida pelos ovários, pode se causar uma síndrome do hiperestímulo ovariano (SHO).
Possíveis sintomas de gravidez após coito programado
A gravidez obtida através do coito programado apresenta os mesmos sintomas que qualquer outra gravidez. Afinal, não importa se a gravidez aconteceu de forma natural, ou com a ajuda de algum tratamento de Reprodução Assistida, os efeitos sobre o organismo feminino são os mesmos, e ainda variam de mulher para mulher.
Veja alguns dos sintomas comuns na gravidez:
Saiba mais: tratamentos de Reprodução Assistida além do coito programado
Como vimos, o coito programado serve para pessoas que enfrentam casos leves de infertilidade ligados a questões de ovulação. Contudo, quando essa técnica não tem resultado positivo, ou para casos mais complexos de infertilidade, deve-se considerar outros tratamentos de Reprodução Assistida.
Conheça outras técnicas de Reprodução Assistida além do coito programado:
Inseminação Artificial
A Inseminação Artificial (IA), ou Inseminação Intra-Uterina (IIU) é um tratamento de infertilidade que consiste na introdução dos espermatozoides no trato genital feminino, visando a fecundação do óvulo.
Esta técnica acontece em casos de infertilidade da feminina e masculina, especialmente quando o homem tem espermatozoides mais lentos ou que não sobrevivem por muito tempo após a ejaculação.
Tipos de inseminação artificial:
Inseminação Artificial Intracervical (IC): o esperma é colocado no colo do útero, com uma seringa, tendo a mesma função do pênis no momento da ejaculação;
Inseminação Artificial Intrauterina (IU): o esperma é colocado diretamente dentro do útero.
Atualmente as clínicas utilizam somente a Inseminação Intrauterina, por ser um método mais efetivo.
Fertilização In Vitro
A Fertilização In Vitro (FIV) é uma das técnicas de Reprodução Assistida que tem ajudado milhares de pessoas a superarem problemas de infertilidade. Ela consiste na fecundação (encontro do espermatozoide com o óvulo) em laboratório, daí a origem da denominação “In Vitro“. Nesse sentido, o embrião formado a partir da união dos gametas é posteriormente transferido ao útero para ser gestado.
Esse tratamento tornou- se conhecido em 1979, com o nascimento de Louise Brown, na Inglaterra, o primeiro bebê de proveta do mundo. Desde então, a Fertilização In Vitro vem evoluindo muito, ajudando milhares de pessoas a realizarem o sonho de ter um filho.
Conheça as etapas da FIV:
Estimulação ovariana
Com uso de medicamentos hormonais, a indução ovariana estimula que um maior número de folículos, que contêm os óvulos, cresça e amadureça. Dessa forma, é possível obter mais óvulos para serem fertilizados. Durante o período de estimulação, realizam-se ultrassonografias para acompanhar o crescimento dos folículos, até que estejam prontos para coleta.
Punção folicular
Quando os folículos alcançam o tamanho ideal, ocorre a coleta de óvulos através da punção folicular. Todos os folículos produzidos pelos ovários são aspirados por uma agulha bem fina, guiada pelo ultrassom transvaginal. O procedimento é simples e rápido e acontece sob sedação.
Coleta de Sêmen
No caso dos homens, o sêmen é coletado através de masturbação ou por punção testicular, quando não há espermatozoides no ejaculado. O sêmen é preparado em laboratório e os melhores espermatozoides são separados para, posteriormente, serem utilizados na ICSI. Para a fertilização, selecionam-se os espermatozoides mais saudáveis e viáveis para a fecundação.
Fecundação
No tratamento de Fertilização In Vitro, a fecundação ocorre em laboratório. Dessa forma, o encontro do óvulo com o espermatozoide para formar o embrião ocorre fora do corpo da mulher, com a ajuda do embriologista.
A FIV clássica é feita através do contato direto entre os espermatozoides e os óvulos, simulando a fertilização de forma natural. Todavia, a fertilização dos óvulos pode ser feita através da ICSI. Nessa técnica, insere-se apenas um espermatozoide diretamente dentro de cada óvulo.
Cultivo e transferência embrionária
Os embriões formados no laboratório são cultivados em uma incubadora por alguns dias, até serem transferidos para o útero materno. Isto acontece geralmente no quinto dia do seu desenvolvimento, D5, quando o embrião atinge o estágio de blastocisto. Em casos de exceção, pode ocorrer no terceiro dia, D3.
Antes de optar por uma técnica de Reprodução Assistida é preciso ter um bom diagnóstico. Saiba mais sobre o assunto baixando gratuitamente o nosso e-book.