Última atualização: 26/07/2023.
A trombofilia é uma condição hereditária ou adquirida que pode levar à trombose, doença que se caracteriza pela formação de coágulos no sangue. Nesse sentido, um dos fatores desencadeantes da situação é a gravidez que fisiologicamente passa por um aumento de coagulação sanguíneo, colocando em risco a saúde da mãe e do bebê.
No texto a seguir vamos explicar o que é trombofilia, os principais sintomas, suas causas, quais são os tratamentos e o impacto que a doença causa na gestação.
O que é trombofilia?
A trombofilia é uma predisposição para desenvolver trombose, doença caracterizada pela formação de trombos ou coágulos de sangue. O problema é causado por deficiência na ação das enzimas responsáveis pela coagulação sanguínea.
Nesse sentido, os eventos trombóticos podem se apresentar desde manifestações moderadas até quadros mais graves como a obstrução de veias e artérias que provocam acidente vascular cerebral (AVC) e embolia pulmonar.
Além disso, para as mulheres que querem engravidar, o quadro merece atenção redobrada. Assim, a tentante que tiver trombofilia deve acompanhar suas condições de saúde, sobretudo durante a gravidez. Isso porque essa é uma das doenças associadas a dificuldades obstétricas como infertilidade, aborto de repetição, prejuízos no desenvolvimento fetal, pré-eclâmpsia e prematuridade.
Desta forma, diante dos primeiros sinais da doença, é necessário procurar um médico hematologista que pedirá exames e, assim, indicar o melhor tratamento.
Quais os principais sintomas da trombofilia?
Como já vimos, a trombofilia aumenta as chances de formação de trombose no sangue e em caso de complicações, podem surgir coágulos em alguma parte do corpo. Confira como eles podem se apresentar:
Trombose venosa profunda:
É a principal apresentação da trombofilia e ocorre principalmente nos membros inferiores, como na panturrilha da perna.
Embolia pulmonar:
Quando uma ou mais artérias pulmonares ficam bloqueadas por um coágulo sanguíneo.
AVC(Acidente Vascular Cerebral):
Quando há danos no cérebro devido à interrupção do fornecimento de sangue.
Trombose na placenta ou cordão umbilical:
É quando um coágulo se forma nas veias e artérias da placenta ou do cordão umbilical prejudicando a quantidade de sangue que passa para o feto.
Quais as principais causas da trombofilia?
A trombofilia pode ter várias causas. Confira as principais:
- Doenças oncológicas;
- Reposição hormonal;
- Uso de anticoncepcionais orais com estrogênio por longos períodos
- Obesidade;
- Gravidez e puerpério;
- Imobilização após cirurgia;
- Varizes;
- Doenças cardíacas;
- Diabetes;
- Pressão alta ou colesterol elevado;
- Doenças autoimunes como lúpus, artrite reumatóide ou síndrome antifosfolípede, entre outras;
- Viagens aéreas prolongadas (por causa da pressão);
- Doenças causadas por infecções como HIV, hepatite C, sífilis e malária.
Trombofilia: quais os tipos que existem?
A trombofilia pode se desenvolver de duas maneiras: por hereditariedade ou surgir como condição adquirida. Em ambos os casos, aparece em qualquer período da vida.
Trombofilia hereditária:
A trombofilia hereditária ocorre quando há histórico familiar de trombose e predisposição à diminuição do fluxo sanguíneo. Contudo, não quer dizer que se algum familiar tiver o distúrbio na coagulação no sangue, você também terá. Mas, se houver interação com outro componente (hereditário ou adquirido), pode desencadear o episódio trombótico.
Além disso, o risco deste tipo de trombofilia aumenta quando a genética é associada a situações como gestação, idade avançada e outros fatores de risco.
Trombofilia Adquirida:
A trombofilia adquirida pode surgir ao longo da vida e ocorre em decorrência de outra condição clínica, como neoplasia e síndrome antifosfolípide. Outros fatores desencadeantes podem ser imobilização de algum membro, terapia de reposição hormonal, uso de anticoncepcionais orais, entre outros.
Nesse sentido, vale salientar que nos últimos anos cresceram os casos de mulheres que descobriram tardiamente que eram portadoras de trombofilia hereditária. Isso ocorreu por conta do uso de pílula anticoncepcional. Desta forma, estas mulheres tiveram mais chance de ter trombose venosa profunda, embolia pulmonar ou AVC.
Trombofilia: como é feito o seu diagnóstico?
A trombofilia é diagnosticada por meio de exame de sangue, que procura as mutações genéticas relacionadas à coagulação sanguínea. Além disso, outras alterações autoimunes fazem o organismo produzir enzimas que atuam na coagulação e também aparecem no resultado.
Da mesma forma, estudos de imagem, como ultrassonografia, são importantes para localizar coágulos. Assim, uma vez diagnosticado, o médico hematologista ou outro especialista pode indicar o uso de remédios anticoagulantes, após a avaliação de cada caso.
É importante salientar que é possível também prevenir o desenvolvimento de trombose com algumas ações simples como o cuidado com a alimentação e o exercício contínuo. Além disso, para quem tem predisposição, é recomendado usar meias elásticas especiais em viagens longas de avião ou ônibus, e levantar-se a cada hora para se movimentar.
Exames de sangue para trombofilia
- Fator V Leiden;
- Proteína C;
- Proteína S;
- Anticoagulante lúpico;
- VDRL;
- Anticorpos anticardiolipina.
Trombofilia: qual é o melhor tratamento?
O tratamento da trombofilia é feito com medicamentos anticoagulantes que “afinam o sangue” para evitar a coagulação sanguínea.
Nesse sentido, os medicamentos mais utilizados são a heparina (via intravenosa), heparina de baixo peso molecular (injeções abaixo da pele) e warfarina (via oral).
É importante ressaltar que, durante o tratamento, são realizados exames de sangue seriados para avaliar se os anticoagulantes estão atingindo o efeito desejado.
Dessa forma, para as gestantes com predisposição à trombofilia, é preciso a aplicação diária de injeções de enoxaparina, medicamento que previne a coagulação. A dose do remédio pode ser aumentada em caso de uma viagem de avião ou de outras situações em que o risco de coágulos possa aumentar.
Quem tem trombofilia pode doar sangue?
Não! Quem tem trombofilia com mais de um episódio de trombose ou quem toma anticoagulantes não pode doar sangue.
Trombofilia e gestação: qual a relação?
Como já vimos antes, a mulher com trombofilia deve acompanhar suas condições de saúde, principalmente durante a gravidez, pois é uma das doenças associadas à infertilidade feminina.
Isso ocorre porque na gestação o corpo passa por um processo fisiológico de hipercoagulabilidade, ou seja, um aumento da coagulação sanguínea para prevenir hemorragias no momento do parto. Este mecanismo, embora natural e esperado, pode contribuir para o desenvolvimento e formação de trombos durante a gestação.
Porém, para mulheres que já apresentavam trombofilia antes de engravidar, a ocorrência de trombos durante a gravidez tende a ser ainda maior. Assim, a condição pode levar a complicações como abortos de repetição. Além disso, também há maior possibilidade de ocorrer obstruções vasculares causando hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia, colocando em risco a saúde da mãe e do bebê.
Já para as mulheres que estão passando por tratamentos de reprodução assistida, a trombofilia pode dificultar a implantação do embrião no endométrio, levando a falhas no tratamento de Fertilização in Vitro.
No entanto, é importante ressaltar que nem todas as mulheres com trombofilia apresentam trombose durante a gravidez. Ainda assim, elas devem ser acompanhadas com muito cuidado para prevenir problemas.
Sintomas de trombofilia na gravidez
- Aborto de repetição;
- Óbito fetal;
- Pré-eclâmpsia e eclâmpsia;
- Restrição de crescimento fetal;
- Prematuridade;
- Descolamento da placenta;
- Embolia pulmonar da mãe, podendo levar à morte.
Cuidados na gravidez
Como já sabemos, os cuidados na gravidez devem ser redobrados para quem tem trombofilia. Assim para evitar quadros de trombose as principais recomendações são:
- Controle doenças como obesidade, pressão alta e diabetes;
- Evite ficar muito tempo parada, especialmente em viagens ou durante uma internação;
- Durante a gestação e o puerpério, utilize o medicamento anticoagulante de forma contínua, conforme prescrição e acompanhamento do especialista;
- Controle o peso corporal;
- Tenha uma alimentação equilibrada;
- Pratique regularmente atividades físicas;
- Não fume.
Qual exame detecta trombofilia na gravidez
Na gravidez, o médico deve realizar uma investigação clínica minuciosa, juntamente com uma bateria de exames laboratoriais, para descobrir se a paciente tem o risco aumentado de desenvolver trombose.
Mas afinal, quem tem trombofilia pode engravidar?
Sim, quem tem trombofilia pode engravidar mas terá que ter atenção redobrada antes, durante e após o parto para evitar a formação de trombos ou coágulos no sangue.
Trombofilia e a Fertilização In Vitro (FIV)
Casos mais graves de trombofilia podem afetar o resultado de tratamentos como a Fertilização in Vitro. Nessas situações, pode ser necessária uma intervenção pontual.
Como a FIV segue etapas definidas até chegar ao momento da transferência embrionária para o útero, é possível administrar os medicamentos e controlar a coagulação sanguínea da paciente. Assim, anticoagulantes são aplicados normalmente durante o preparo do endométrio, transferência embrionária, favorecendo a implantação do embrião.
Como vimos anteriormente, a trombofilia pode afetar o resultado de tratamentos de Reprodução Assistida, quando pode ser necessário uma intervenção. Você pode entender mais sobre a Fertilização in Vitro, que é um dos tratamentos da reprodução assistida, clicando na imagem abaixo, onde você terá acesso a um e-book que explica todas as etapas da FIV.