Você sabe o que é adenomiose? É uma doença ginecológica benigna que consiste na presença anormal de tecidos do endométrio no miométrio, ou seja, na camada muscular do útero.
Desta forma, esses focos de endométrio no miométrio levam à inflamação do local provocando dor, sangramento e cólicas fortes, especialmente durante o período menstrual.
No texto a seguir você vai entender tudo sobre a condição e o que é possível fazer para tratar a doença.
O que é adenomiose?
A adenomiose é uma doença frequente, mas infelizmente, pouco diagnosticada.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada dez mulheres no mundo pode sofrer com a condição, sendo que muitas vezes não manifesta nenhum sintoma.
No entanto, quando os sinais aparecem, podem causar um grande desconforto, diminuindo assim a qualidade de vida das pacientes.
Para entender o problema é importante saber que o endométrio é o tecido que habitualmente fica restrito à camada mais interna do útero, recobrindo toda a cavidade uterina, local onde o embrião irá implantar, no início da gravidez.
No entanto, não ocorrendo a fecundação, o endométrio descama, se transformando em menstruação.
Quando o tecido endometrial invade a musculatura uterina, que é a camada mais externa do útero, temos o quadro chamado de adenomiose.
Desta forma, a adenomiose nada mais é do que a presença das células do endométrio infiltradas no miométrio (músculo uterino).
Portanto, quando a mulher tem a condição, os tecidos do endométrio que estão presentes em local inadequado se comportam da mesma maneira ao longo do ciclo menstrual.
Assim, eles crescem e descamam em forma de sangramento no local inapropriado durante a menstruação, irritando toda a estrutura.
O que causa adenomiose?
A adenomiose ainda não tem causas bem definidas. Sabemos que ocorre invaginação, transformação das células (metaplasia) e ruptura da interface endométrio/miométrio (zona juncional)
Alguns estudos sugerem que esta condição pode ocorrer na fase embrionária. No entanto, existem evidências que defendem a teoria que a adenomiose seja uma doença adquirida durante a vida através de traumas no útero.
Desta forma, as principais situações que podem gerar a adenomiose são:
- Cirurgia de cesariana;
- Curetagem;
- Endometriose;
- Gravidez;
- Ligadura de trompas;
- Miomatose uterina.
Vale ressaltar ainda que a adenomiose tem influência dos hormônios femininos.
Nesse sentido, os sintomas da doença costumam piorar com o passar dos anos, mas depois melhora na menopausa.
Dessa forma, a doença é mais frequente em mulheres entre os 35 a 50 anos de idade e que já engravidaram. Porém, algumas pacientes mais jovens e sem filhos também podem ter a disfunção, sendo mais comum naquelas submetidas a cirurgias no útero.
Além das situações citadas acima, outros fatores colaboram para o aparecimento da adenomiose, como a primeira menstruação (menarca) precoce e ciclos menstruais curtos.
Conheça os sintomas de adenomiose
Como já vimos a adenomiose é benigna e muitas vezes assintomática. Porém, quando a doença se manifesta, pode causar muitos sintomas, incluindo dificuldade para engravidar. Desta forma, é fundamental procurar um médico para ajudar no tratamento.
Veja os principais sintomas de adenomiose:
- Aumento da quantidade e duração do fluxo menstrual;
- Dificuldade para engravidar;
- Sangramento fora do período menstrual;
- Dor durante a relação sexual;
- Inchaço na barriga;
- Cólicas fortes durante a menstruação;
- Dor ao evacuar e prisão de ventre.
Como diagnosticar a adenomiose?
A suspeita diagnóstica da adenomiose é feita através da observação de sintomas como dor pélvica crônica durante a menstruação, sangramentos intensos e queixa de dificuldade para engravidar.
O ginecologista solicitará exames de imagens para investigar o que está ocorrendo.
Desta forma, a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética são os principais exames para o diagnóstico. Assim, quando há adenomiose, são observados pequenos cistos, com ou sem sangue, ao redor do endométrio e/ou irregularidade ou espessamento da zona juncional.
Esclareça todas dúvidas sobre a adenomiose
A adenomiose pode aparecer de várias formas: bem localizada ou muito extensa, comprometendo quase toda a parede do útero.
Sendo assim, dependendo de quanto o miométrio é afetado pelos focos de endométrio e tópico podemos classificar a adenomiose.
Desta forma, a disfunção pode ser superficial, intermediária e profunda.
Abaixo vamos esclarecer as principais dúvidas sobre a adenomiose. Confira!
A adenomiose é grave?
A gravidade e a classificação da adenomiose têm como base a extensão do tecido comprometido.
Nesse sentido, nos casos mais avançados, frequentemente a condição compromete a cavidade uterina e causa um processo inflamatório que pode levar a hemorragias e cólicas fortes.
Além disso, o problema pode dificultar a fixação do embrião no útero e, portanto, a gravidez. No entanto, quando a adenomiose é pequena não costuma ser fator de infertilidade feminina.
Adenomiose é câncer?
É importante ressaltar que, apesar da dor intensa e de sangramentos anormais, a adenomiose é uma doença benigna, e portanto, não é câncer.
Tipos de adenomiose
Como já vimos, a frequência e a gravidade do quadro clínico estão relacionadas com a extensão da doença. Dessa maneira, a adenomiose é classificada em dois tipos:
Adenomiose Difusa:
Caracterizada pela presença de tecido endometrial por toda a extensão interna do útero.
Com estas características, o útero pode aumentar de tamanho, chegando a ter o volume semelhante ao de uma gravidez de 11 ou 12 semanas.
Adenomiose Focal:
Quando a adenomiose é focal, a presença do tecido endometrial está bem localizada em determinada região do útero. Desta forma, estes fragmentos podem formar nódulos, tornando-se similar a um mioma, chamamos esses nódulos de adenomiomas.
Adenomiose x endometriose: entenda as diferenças
Muita gente confunde, mas adenomiose e endometriose são doenças diferentes, apesar das condições estarem relacionadas ao tecido endometrial.
Vale esclarecer que o endométrio é a parede interna do útero muito vascularizada e cheia de glândulas.
Nesse sentido, quando não há fecundação, esta parede descama e gera o sangramento da menstruação.
As duas doenças são parecidas pois são causadas pelo deslocamento anômalo de alguns fragmentos do endométrio que se depositam em diferentes regiões.
Veja as características de cada doença:
Endometriose:
Por motivos ainda desconhecidos, pequenos pedaços do endométrio podem surgir fora da cavidade uterina como nas trompas, ovários, vagina, peritônio, intestino, bexiga e região atrás do colo do útero.
Quando isso ocorre, toda vez que a mulher fica menstruada, esse tecido também sangra, provocando grande irritação ao seu redor. Dessa forma, a presença atípica do fragmento endometrial fora do útero recebe o nome de endometriose.
Adenomiose:
A adenomiose é uma doença semelhante à endometriose. Porém, neste caso, a presença do endométrio não ocorre em outros órgãos, mas sim dentro do miométrio, que é a camada muscular do próprio útero.
Sendo assim, toda vez que a mulher fica menstruada, também há um sangramento dentro da musculatura do útero, o que provoca grande irritação. Nesse sentido, podemos dizer que a adenomiose é uma endometriose que ocorre no próprio útero.
Existe adenomiose na menopausa?
Como já vimos, a adenomiose é mais frequente em mulheres entre os 35 a 50 anos e que já engravidaram. Isso porque os sintomas mais fortes acontecem exatamente durante o período menstrual em idade reprodutiva.
No entanto, no climatério, perto dos 50 anos, o nível dos hormônios sexuais começam a diminuir. Assim, na maioria das vezes, as mulheres notam que a adenomiose tende a passar quando a mulher tem a sua menopausa.
Uma mulher com adenomiose pode engravidar?
É importante esclarecer que nem todas as mulheres com adenomiose terão dificuldade para engravidar, apenas ⅓ dessas mulheres serão sintomáticas, incluindo infertilidade.
No entanto, para alguns casos a adenomiose pode afetar a fertilidade gerando complicações como gravidez ectópica, abortos de repetição, dificuldade de implantação do embrião, entre outros problemas.
Dessa forma, se a mulher tiver o diagnóstico da doença e quiser ter filhos, é fundamental o acompanhamento regular de um especialista para que sejam evitadas essas situações.
Adenomiose: tratamentos indicados
É sempre bom lembrar que mulheres assintomáticas não precisam de tratamento. No entanto, aquelas que apresentem sintomas, devem ser tratadas em função do desejo de engravidar e também da extensão do problema.
Nesse sentido, as intervenções podem ser feitas com remédios ou através de cirurgia, dependendo de cada situação. Assim, os tratamentos mais utilizados são:
- Anti-inflamatórios para alívio da dor e inflamação;
- Anticoncepcionais orais (pílulas anticoncepcionais) ou também o uso de DIU hormonal, a fim de controlar o fluxo menstrual e as cólicas. Esta indicação é para mulheres jovens que ainda não pensam em ter filhos;
- Medicamentos que impedem o desenvolvimento do tecido endometrial dentro do miométrio;
- Cirurgia de retirada de tecido endometrial nos casos em que a adenomiose é focal e não está muito inserida no músculo;
- Cirurgia de retirada do útero ou histerectomia. Este procedimento pode ser realizado por cirurgia aberta ou laparoscopia ou robótica. A indicação do procedimento é para quem já teve filhos e não deseja mais engravidar.
Quero engravidar e tenho adenomiose: o que fazer?
Se a mulher tem adenomiose e quer engravidar, não precisa se preocupar!
Existem maneiras cirúrgicas e medicamentosas para driblar a condição e conseguir a tão sonhada maternidade. Para isso, é importante procurar um especialista em fertilidade para avaliar cada caso.
O tratamento de cirurgia geralmente é feito por videolaparoscopia, mas só é possível para lesões focais tipo adenomiomas. Já para as lesões difusas, que são a maioria, o tratamento com bloqueio da menstruação por períodos de 3 a 6 meses pode ser indicado. O objetivo é induzir uma remissão temporária da doença, para aumentar, na sequência, as chances de gestação.
Dessa forma, há uma melhora das condições do útero para implantação do embrião após tratamento de reprodução assistida. Sendo assim, a Fertilização In Vitro (FIV) é a técnica mais indicada para ambas as situações.