Quem busca a gravidez através da Reprodução Assistida sabe que, às vezes, uma segunda FIV é necessária quando não se obteve sucesso na primeira Fertilização In Vitro. Mas será que a segunda FIV tem mais chances de dar certo?
Quais os fatores que impactam no sucesso da segunda tentativa? O que é possível fazer para aumentar as possibilidades de chegar a tão desejada gravidez? Para saber as respostas destas perguntas, leia o texto abaixo.
A segunda FIV tem mais chances de dar certo?
Sim! Estudos indicam que a segunda Fertilização In Vitro (FIV) apresenta mais chances de dar certo. Inclusive, uma pesquisa divulgada no site MNT (Medial News Today), em 2015, mostrou que realizar mais tentativas de FIV podem aumentar em até 65% as taxas de sucesso.
Nesse sentido, a probabilidade da segunda FIV ter resultado positivo é maior pois, como pode acontecer, durante a etapas de punção e fertilização dos óvulos, acaba se obtendo mais blastocistos do que o necessário para transferir em um ciclo, sendo necessário criopreservar os excedentes.
Esses embriões excedentes do primeiro ciclo, que foram congelados, podem ser utilizados nos próximos ciclos. Desta forma, o processo se torna mais curto já que não será preciso realizar novamente a indução da ovulação e a coleta dos óvulos e do sêmen para a fecundação.
Outro motivo que aumenta as chances de gravidez na segunda FIV é o fato da equipe médica já conhecer a paciente, e após investigação, saber o que causou o insucesso anterior. Desta forma, no ciclo seguinte o tratamento já será ajustado para evitar os mesmo problemas. Além disso, os casais tendem a focar ainda mais na alimentação saudável e em parar de fumar e de beber, que são hábitos associados ao aumento de sucesso na segunda tentativa de FIV.
Vale lembrar também que não há limite de tentativas para que a FIV dê certo, e o número de vezes vai depender de cada caso. Desta forma, geralmente até três tentativas, as chances de gravidez podem chegar a 90%.
Segunda tentativa FIV: quanto tempo precisa esperar?
Embora as taxas de sucesso da FIV sejam animadoras, em muitos casos a gravidez não acontece logo na primeira tentativa. Mas não é preciso desanimar. Nesse sentido, após uma primeira fertilização, é possível analisar o que causou o insucesso do tratamento e tentar outra vez o procedimento.
Desta forma, assim que as taxas hormonais da mulher se normalizarem é possível partir para a segunda tentativa, o que costuma ocorrer geralmente após dois ciclos menstruais. Entretanto, essas condições podem variar a cada caso, assim, apenas o especialista em reprodução humana poderá confirmar o período ideal que o casal deve aguardar.
O que acontece quando a FIV não dá certo?
Os especialistas reforçam que a Fertilização In Vitro (FIV) é uma técnica de Reprodução Assistida de alta complexidade, impactada por muitos fatores, especialmente pela idade feminina. Afinal, com o passar dos anos, especialmente a partir dos 35, a fertilidade feminina começa a decair mais rapidamente.
Outra causa bem comum de uma FIV não ser bem-sucedida é a falha da implantação do embrião. Isto pode acontecer por problemas relacionados à qualidade do embrião ou à receptividade do endométrio. Por isso, quando uma tentativa não dá certo é fundamental entender o que causou o insucesso do tratamento para garantir melhores chances no próximo ciclo.
Veja os fatores que alteram a taxa de sucesso da FIV:
Idade da mulher
Como vimos, a idade da mulher é fator decisivo nos tratamentos de Fertilização In Vitro, inclusive na segunda FIV. Isto porque ao contrário dos homens, que produzem espermatozoides ao longo da vida, as mulheres já nascem com um número determinado de gametas.
Por isso, com o passar dos anos, tanto a quantidade como a qualidade dos óvulos vai caindo, e consequentemente, diminui também as chances de engravidar. Nesse sentido, um dos principais fatores a ser investigado na mulher que quer engravidar é sua reserva ovariana.
Desta forma, a fertilidade feminina começa a declinar a partir dos 30 anos, interferindo na capacidade reprodutiva, seja naturalmente ou com o auxílio de tratamentos. Assim, aos 35 anos, a taxa de sucesso de gravidez após transferência de embrião a partir de óvulos próprios é de 50%. No entanto, esse número cai para 20,8% aos 40 anos.
Qualidade do embrião
Outro aspecto que afeta a taxa de sucesso da segunda FIV, bem como em qualquer ciclo, é a qualidade do embrião. Nesse sentido, para que uma gestação aconteça, depois da fecundação é preciso que ocorra a implantação do embrião no útero.
Entretanto, muitas vezes, embriões de baixa qualidade ou com falhas genéticas inviabilizam a gravidez e causam abortos. Esta é uma realidade comum tanto na gravidez espontânea quanto naquelas geradas através de Fertilização In Vitro.
Cabe ressaltar que a qualidade do embrião está diretamente relacionada à qualidade dos óvulos e espermatozoides. Nesse sentido, a idade materna impacta negativamente já que óvulos mais velhos apresentam maiores chances de gerar embriões com problemas.
Felizmente, com a evolução da medicina reprodutiva já é possível avaliar a qualidade do embrião antes da sua transferência ao útero. Nesse sentido, um dos exames disponíveis é o PGT (teste genético pré-implantacional) utilizado para rastrear possíveis anomalias genéticas do embrião.
Ele é feito a partir de biópsia embrionária com o objetivo de evitar doenças e abortos de repetição e, assim, melhorar os resultados dos tratamentos de reprodução humana.
Resposta ovariana
A resposta ovariana é outro fator que interfere nas taxas de sucesso da segunda FIV ou de qualquer tentativa. Isto ocorre pois para se formar embriões viáveis é preciso um bom número de óvulos disponíveis para a fecundação.
Desta forma, a FIV inicia com a estimulação ovariana feita através da administração de hormônios para aumentar a quantidade de óvulos e, consequentemente, de embriões disponíveis para a transferência.
Nesse sentido, o protocolo de indução da ovulação é individual e vai depender de cada caso. Uma das estratégias usadas é o DuoStim que promove dupla estimulação ovariana realizada durante o mesmo ciclo menstrual da mulher. Outra técnica é o duo trigger, que utiliza simultaneamente dois medicamentos para o disparo da ovulação: o agonista de GnRH e a gonadotrofina coriônica humana (hCG).
No entanto, é importante explicar que algumas mulheres não respondem bem ao estímulo ovariano. Nesse sentido, as causas podem ser idade mais avançada, baixa quantidade de folículos ou mesmo incapacidade de responderem ao estímulo com FSH.
Receptividade do endométrio
A receptividade endometrial é outra questão a ser avaliada quando pensamos nas taxas de sucesso da segunda FIV. Nesse sentido, é no endométrio que ocorre a implantação do embrião, e sua receptividade varia durante o ciclo menstrual.
É importante ressaltar que cada mulher tem uma janela de implantação única, ou seja, o período mais propício para que a implantação aconteça. Desta forma, normalmente o embrião se fixa no útero entre os dias 19 e 21 de cada ciclo, porém, em algumas mulheres pode ser antes ou depois deste período.
O que fazer de diferente na segunda FIV?
Como vimos, embora a Fertilização In Vitro (FIV) seja um método com boas chances de sucesso, frequentemente o resultado positivo não ocorre nas primeiras tentativas. Mas isso não significa que a gravidez não pode acontecer. Ao contrário.
Nesse sentido, o aprendizado que vem com os primeiros ciclos acabam elevando as chances em novas tentativas. Desta forma, as mudanças de conduta para a segunda FIV vão depender diretamente das avaliações sobre o que causou o insucesso do primeiro tratamento. Além disso, existem algumas atitudes e hábitos de vida que podem aumentar as chances de resultados positivos nos tratamentos de Fertilização In Vitro.
Vejas alguns fatores que podem ajudar para o sucesso da segunda FIV, ou de outras tentativas se forem necessárias:
Mantenha peso saudável
Mulheres que estão muito abaixo ou acima do peso saudável correm risco de ter os hormônios desregulados, o que prejudica a ovulação. Já nos homens, o peso interfere na contagem e qualidade do esperma, podendo prejudicar a formação do embrião.
Cuide da alimentação
Prefira o consumo de alimentos cozidos, bem como uma dieta com pouca carne vermelha e mais rica em peixes, frutas e verduras. Assim, uma alimentação rica em antioxidantes, como a dieta mediterrânea, pode aumentar as chances de uma gravidez para mulheres em tratamento de Fertilização In Vitro.
Não fume
As mulheres que fumam reduzem suas taxas de gestação com FIV à metade e aumentam em 25% suas chances de abortamento. Também os homens fumantes diminuem o sucesso das técnicas de reprodução assistida.
Não use álcool
O álcool reduz as taxas de sucesso da FIV e aumenta as taxas de abortamento. Desta forma, as pessoas em tratamento devem se abster de álcool antes e durante os ciclos de FIV.
Limite o uso da cafeína
A orientação para as mulheres que tentam engravidar através da Fertilização In Vitro é limitar o uso da cafeína durante o tratamento de FIV.
Evite estresse
É confirmado que estresse, ansiedade e depressão impactam negativamente o sucesso das técnicas de FIV. Por isso, formas de relaxar como massagem terapêutica, ioga ou acupuntura são bem-vindas.
Realize exercícios físicos
Realizar atividades físicas é sempre bom para a saúde, e exercício moderado para o casal melhora as qualidades dos gametas e os resultados da FIV.
Segunda tentativa FIV: como não desanimar?
Para não desanimar, é importante pensar que a segunda FIV pode ser aquela que vai realizar o sonho de gerar o filho tão desejado. Afinal, o fato de não ter dado certo da primeira vez não significa que a próxima tentativa não terá sucesso. Além disso, é bom lembrar que em média a gravidez através de FIV acontece geralmente em até 3 tentativas, prolongando as expectativas.
Nesse sentido, é frustrante não conseguir engravidar naturalmente e não obter resultados rápidos com a FIV, mas é importante confiar na equipe de especialistas e tirar todas as dúvidas. Por outro lado, contar com o apoio do parceiro(a), dos familiares e amigos durante este processo difícil também pode ajudar.
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